Em período de baixa transmissão, Caratinga apresenta dobro do índice recomendado pelo Ministério da Saúde
CARATINGA– O Índice de Infestação Predial (IIP) de Caratinga, apontado no Levantamento de Índice Rápido de Infestação de Aedes aegypti (LIRAa) de agosto foi de 2%. O número coloca o município em situação de médio risco.
A pesquisa foi realizada em quase 2.000 imóveis. A maioria dos criadouros foi identificada no grupo de depósitos fixos, tais como tanques, depósitos em obras, borracharias e hortas; calhas e lajes desníveis; sanitários em desuso; piscinas não tratadas; cacos em muros e toldos.
Para alertar a população sobre estes resultados foi realizada uma coletiva de imprensa. Participaram a secretária de Saúde, Jacqueline Marli dos Santos; o coordenador do Programa de Vigilância em Saúde, José Carlos Damasceno e o enfermeiro investigador da Vigilância Epidemiológica, Paulo Henrique Nunes Borges.
Conforme José Carlos Damasceno, a população precisa ficar atenta às suas residências. “Até então o Ministério da Saúde não tinha determinado que o município de Caratinga como tantos outros fizessem o levantamento neste período. E um fato que chamou nossa atenção e que já estamos observando algum tempo são os criadouros predominantes, as pessoas têm insistido em criar o mosquito dentro de casa. O levantamento apontou que 80% dos focos estão na caixa d’água, nos pratinhos, ralinhos e vasos em desuso. E foi apresentado um índice muito alto para o período, num período de alta transmissão o índice aceitável é de 0,9% e tivemos um índice de 2% no período de baixa transmissão. Se continuar dessa forma existe de fato possibilidade de surtos localizados de arboviroses na cidade”.
Damasceno ressalta que a Seção de Controle de Endemias realiza atividades constantemente atividades de controle, deixando o alerta para o fato de o mosquito estar presente em toda a cidade, conforme o levantamento. “O período crítico consiste de dezembro a maio, onde se tem o número maior de notificações, mas agora o período não é propício para proliferação de mosquito, esse índice está muito elevado para o mês de agosto. Esse levantamento vai nos possibilitar direcionar nossas ações nessas áreas. O detalhe que temos mosquito hoje em Caratinga em todas as 32 localidades, não temos mais só no bairro A ou B. Vamos continuar com nossas atividades e intensificar naquelas mais críticas. Mas, é necessária a participação da população”.
De janeiro de 2018 até o momento foram notificados 89 casos de arboviroses, sendo 56 casos de dengue, 29 casos de Chikungunya e quatro casos de Zika Vírus. “A grande maioria está naqueles distritos perto da região do Vale do Aço, mas temos casos de Chikungunya confirmados aqui no perímetro urbano da cidade. Nossa preocupação é voltada também para essa doença, porque até então não tivemos nenhuma epidemia ou surto localizado dela e agora os casos começaram a aparecer. Temos a combinação perfeita, o vírus que está aí circulando de forma mais silenciosa e o índice de infestação do Aedes Aegypti quase que o dobro do mínimo aceitável”.
O enfermeiro investigador Paulo Henrique ressalta que é importante que a população saiba diferenciar estas três doenças provocadas pelo Aedes Aegypti. “A diferença está mais no período de febre. A dengue é de dois a sete dias, o Zika é de quatro a cinco dias e o Chikungunya o período é igual ao da dengue. E com relação ao exantema, aquelas manchas e pontos vermelhos que aparecem, o Zika em 24 horas aparecem, o Chikungunya em torno de dois a cinco dias; e a dengue é mais no final, no sétimo dia. Importante salientar também que a dengue no terceiro dia pode ter duas evoluções, a febre sumir e a pessoa entrar na fase hemorrágica ou a febre sumir, a pessoa não entrar na fase hemorrágica e sarar normalmente, tendo no final a exantema. Quando sentir os sintomas, é importante procurar uma unidade de saúde mais próxima. A unidade básica nos encaminha a notificação, coletamos o sangue e mandamos para a Funed”.
A secretária de Saúde, Jacqueline Marli, destaca que o município tem intensificado o fortalecimento das ações, para o combate ao mosquito. “Temos investido em contratação de pessoal, nas formas estratégicas para que a população seja assistida. Estamos fazendo nossa parte, mas a população deixa de contribuir com a parte que é dela. Percebemos que parece uma questão cultural, manter dentro das residências ou no entorno, criadouros do mosquito. Acabamos tendo essa dificuldade de combater. Fica o meu apelo para que a população contribua para o benefício de todos”.
Apesar do risco médio, a secretária afirma que a população precisa se manter alerta, mas ainda não serão empregados o uso de técnicas, como fumacê. “Diante do levantamento, existem situações que posteriormente tratarão disso. Mas, o fumacê só viria para o município com casos relevantes notificados, é um protocolo do Ministério, ainda não estamos nessa situação e acreditamos que não vamos chegar nesse ponto”.