Mas quem não consegue desfrutar o que tem – que tristeza!
Alguém disse: “A chave da riqueza é a capacidade de ser feliz nas circunstâncias em que se está, sejam elas quais forem”.
Para complementar esta ideia, tal “habilidade” está ao alcance de cada um, e ainda por cima, não depende se os próprios desejos ou necessidades foram satisfeitos.
O fato lamentável é que muita gente boa passa a vida sem saber disso – e sofre por causa de ideias erradas como “eu queria aquilo que o outro tem”.
Uma dedicação religiosa constante para cumprir objetivos e metas mais elevadas permite enriquecer a vida com significado. Não impede, porém, que alguém favorecido com riquezas materiais as desfrute e esteja feliz com elas. Nisso não há nada censurável, pois somente alguém de boas condições financeiras terá condições de compartilhar suas bênçãos com os demais.
Um homem abastado foi censurado uma vez por alguém mais experiente, porque todo o ‘santo dia’ ele comia a mesma coisa: “pão preto com rabanetes” (Haja estômago!). O sábio justificou: “Se ele um dia comer frango, noutro peixe, e depois, em outro, carne assada, ele poderá vir a sentir o desejo de compartilhar com seu próximo uma comida boa também!”
Convencer uma pessoa rica que não sabe desfrutar de comida “saborosa” talvez não é fácil. Mas convencer um homem pobre para se contentar com seu quinhão limitado – isso pode ser mais difícil. Se a vida dele tem severas limitações, como convencê-lo de viver contente?
A dica é sempre a mesma: É olhando para aqueles que têm menos que nós que ficamos mais contentes. Como diz um antigo provérbio árabe: “Eu me queixava por não ter sapatos, até que vi um homem sem pés!”
Mas só conseguimos ser felizes com o que temos quando consideramos a nós mesmos e nossa existência como parte de um plano maior, quando sabemos que nossa tarefa aqui nesta terra é a de promover os valores fundamentais que transcendem os pequenos anseios humanos.
Por outro lado, quem vive somente para satisfazer seus próprios desejos pertencerá muito em breve ao grupo dos perversos, aqueles que segundo o que o Talmude dos judeus diz que “mesmo quando estão vivos são considerados como mortos.” Para tais pessoas, cada dia é um dia morto, pois eles não deixam nada duradouro.
A Bíblia fala do justo, que é considerado vivo mesmo quando já partiu deste mundo. Ele continua vivo porque num dia ele cuidou de um doente necessitado. No dia seguinte, ajudou um órfão. No terceiro, desembolsou dinheiro para o ensino da palavra da vida. Assim sua vida não é apenas um desgastar diário, mas através de seus atos ele reflete o profundo significado que tem dentro de si.
A pessoa reta está viva todos os dias, pois “promove” a vida diariamente.
Em seu afã por dinheiro e riquezas, as pessoas não são iguais. Uma fará de tudo para juntar tanto dinheiro quanto puder. Mas existe também o raro ser humano que determina de antemão qual o nível que quer alcançar e, mesmo que pudesse continuar a ganhar dinheiro indefinidamente, ele para quando atinge seu alvo.
Que palavra interessante dita pelo rei Salomão: “Vai até a formiga, ó preguiçoso, veja seus caminhos e sê sábio.” Mas a formiga não é apenas um exemplo de quem trabalha, de um batalhador. Algo bem diferente se pode aprender dela: embora ela só necessite de dois grãos de trigo, ela vive uma temporada inteira estocando uma enorme quantidade de comida. Que tolice, e que desperdício!?
O que vamos aprender da formiga? A trabalhar para conseguir o que é necessário para nós, inclusive para que possamos ajudar aos outros ao nosso redor, ou àqueles que Deus manda em nosso caminho. Mas temos de aprender também dela a saber parar, e usufruir o que alcançamos, para que possamos voltar nossa atenção e esforços para coisas mais importantes.
Pois, isso também foi dito com sabedoria: “É muito pequeno o passo que leva da necessidade real para a cobiça!”. Sendo bem sincero, nunca ninguém me disse: “Como é bom viver com o avarento!”
Mas a companhia de pessoas generosas faz bem – até para os nossos ossos!
Rudi Kruger – Diretor