“A Generosidade Começa de Cima” e “Restauração Acontecendo” foram apresentados na Doctum
CARATINGA– Na última sexta-feira (30/10), o reverendo Rudi Krüger fez o lançamento de dois livros: “A Generosidade Começa de Cima” e “Restauração Acontecendo”. Ainda aconteceu a VI Semana Teológica, nos dias 27, 28 e 29 de outubro.
Rudi é diretor da Faculdade Uriel de Almeida Leitão e coordenador de Capelanias da Rede de Ensino Doctum. Casado com Wilma Leitão, tem três filhos e oito netos.
Estuda Teologia desde dos 19 anos, tem dois mestrados e escreveu três livros. Nesta entrevista, ele fala sobre a mensagem dos livros, que estão disponíveis na Livraria Caratinga ou na loja Ponto Cristão.
Rudi, fale um pouco sobre sua origem.
Sou brasileiro, gaúcho, de Ijuí, cidade pequena, mais ou menos do porte de Caratinga. A diferença maior (acho eu) entre minha cidade natal e Caratinga é que lá não há escritores como aqui. Por outro lado, é uma cidade industrial situada numa região agrícola. Aqui nos falta a indústria. Ambos meus pais são de origem germânica, sendo que meu pai nasceu na Ucrânia, numa colônia germânica. Minha língua materna é alemão. Aos oito anos fui finalmente para escola, aprendi a falar português e esqueci o alemão quase que completamente. Fui ao Seminário Batista no Rio. Lá eu era conhecido como “alemão”. Eu sempre ficava intrigado: – Não sou alemão, não – sou brasileiro! Aí, Deus me deu a oportunidade de ir aos Estados Unidos para estudar. Lá, novamente, você é alemão? – Não, sou brasileiro! Pensei, tenho de ir para a Alemanha para saber a verdade. Depois de terminar meu primeiro mestrado, a primeira igreja que assumi foi na Alemanha, em Berlim. Em chegando lá logo vi que eu estava certo – eu não sou alemão, sou brasileiro de direito e de fato. O povo alemão é diferente. Tenho muita coisa de gaúcho, e, agora, muita coisa de Minas também. Talvez até alguma palavra em mineirês. Sou casado. Casei aqui em Caratinga em 1971. No próximo ano serão 50 anos – a gente está e é muito feliz. Temos três filhos e inclusive nossa filha atua profissionalmente na região, e nossos outros dois filhos estão nos Estados Unidos. Temos oito netos – 5 no Brasil, 3 nos EUA. Meu filho, o pai dos três netos americanos, nos disse: – Vocês precisam vir, o Natal aqui tem que ter vovô e vovó!
O senhor é escritor, inclusive articulista do DIÁRIO. Como foi o processo de criação desses livros?
Sempre escrevi, mas eu não fui disciplinado. Para escrever esse artigo que sai toda quarta-feira tem sido um esforço especial, porque para cumprir horários, prazos, etc., você tem que ter disciplina, que nem sempre é fácil. No caso de escrever um livro, quando você vai continuar os capítulos, as ideias – tudo isso tem de ser planejado com antecedência. No caso destes livros que estou lançando, foi assim: fui entrevistado ao telefone por uma pessoa que faz lives aqui na região. Ele queria fazer uma comigo. Depois da ligação telefônica refleti mais profundamente sobre o assunto da live. Quem me convidou atinge um ótimo público, com gente da classe profissional também. Pensei, quero dar respostas claras, concretas – tenho de me organizar! Isso foi no início de julho. Não tinha nenhum livro pronto. Tinha minha dissertação de Mestrado “Pastores generosos, igrejas que promovem justiça social”, que fiz na Escola Superior de Teologia (EST, em São Leopoldo, RS) em 2013. Transformar um trabalho acadêmico em algo popular não é fácil. Às vezes é mais fácil escrever algo novo. O outro livro, que é a “Restauração acontecendo” com esse carro vermelho na capa, era material que lecionei no primeiro semestre de Teologia em 2016. Pensei, vou transformar isso, usar isso e tentar colocar no livro para atingir todas as pessoas. Então, eu me pus a trabalhar e no dia 27 de agosto o material estava na gráfica. Tive uma equipe boa. A capa, por exemplo, só tive as ideias e passei para minha esposa, que é excelente no que ela faz em todas as artes – ela me deu uma ajuda tremenda. Dia 19 de outubro, no dia do meu aniversário, quando eu completei 75 anos, recebi talvez o melhor presente de todos os tempos: os 500 volumes que tínhamos encomendado na Gráfica Caratinga. O Célio e a Cátia, e sua equipe, fizeram um trabalho perfeito. Viva Caratinga – os livros são produto de nossa terrinha! Estamos muito gratos a todos.
Qual a mensagem central de cada livro?
Gostei da pergunta porque, afinal de contas, escrevi porque entendi que eu tinha uma mensagem. No “A Generosidade”, foi por causa de uma grande descoberta que eu tinha feito. Foi mais ou menos assim: a forma que eu escolhi desde pequeno de buscar ou procurar a Deus foi através da leitura da Bíblia. Daí meu interesse pela Teologia. Apeguei-me a algumas coisas que considero próprias de Deus, como Sua integridade pessoal e Sua coerência em todas as Suas palavras e ações. Se Ele diz que faz, quero saber quando fez e, se possível, como. Foi assim que eu cheguei à descoberta da GENEROSIDADE no Antigo Testamento (abreviado, AT), que eu pensava ser uma qualidade apenas de Jesus e dos que foram transformados por Ele. A liderança, os DE CIMA. A fenomenal descoberta, que é a razão dessa primeira obra, é que principalmente no AT (que era toda a “Bíblia” de Jesus), Deus Pai se mostra preocupadíssimo com a justiça social. Fiquei e fico cada vez mais emocionado quando me lembro do esforço de Deus narrado ali (no AT) para mostrar com muita clareza que Ele se importa com o ser humano, seja ele quem for. É humano, é importante – Deus é sempre coerente. Foi essa a ideia inicial, a generosidade. Muita gente acha que o Antigo Testamento fala de um Deus velho, cruel, com desejo de ver pessoas mortas. Não é o caso, pelo contrário, ele é o pai do Nosso Senhor Jesus. E tal Pai, tal Filho. A imagem na capa é da pessoa que nesta época de pandemia está sendo mais exigida – é o médico. São os médicos, que a toda hora, estão na linha de frente e muitos deram sua vida. Hoje não se mostra mais tantas histórias heroicas, mas no início da pandemia foi terrível – não só em nossa cidade, mas em todo o mundo. O médico está carregando uma criança negra – quantas imagens de sofrimento que nos são passadas, principalmente da África. Quanto ao título “Restauração…”: fui pastor em várias igrejas diferentes no mundo, três continentes, três línguas etc. O leitor notará um suspense que acompanha o livro até o seu final. Como autor eu rastreio o caminho percorrido em minha formação, destaco picos na minha busca interior – é um pouco autobiográfico; e ofereço fundamentos simples para a compreensão da Teologia. Muita gente acha que a Teologia é algo complicado. E às vezes ela é apresentada assim. Mas, sendo bem claro e direto: uma pessoa que não tem comunhão com Deus não tem Teologia! Se não conhece a Deus, como é que você vai dizer que você conhece. Esse conhecer vem através da comunhão, do gastar tempo junto com Ele. Esse segundo livro é a primeira parte de uma série que estarei continuando. Ele apresenta lacunas, deficiências e se abre para perguntas e questões. Na capa, esse Mercedes do ano 1950 que estava guardado por mais de 50 anos. Ao ligarem a chave, funcionava perfeitamente. O tempo não o tinha corroído. É aí que está a mensagem do segundo livro: o carro representa uma obra perfeita que é a igreja, que hoje infelizmente não está perfeita. Quando os apóstolos começaram, diz a narrativa bíblica de Atos, logo no início, ela era perfeita: “entre eles não havia nenhum necessitado”. Isso é verdade, Deus não mente, era verdadeiro. O “carro” estava perfeito. Mas, hoje em dia não está. E eu falo sobre isso nesse livro. Tenho algumas palavras bem fortes, especialmente para as lideranças. Assim como a generosidade começa de cima, a restauração também tem que começar pela liderança.
Gostaria que o senhor fizesse um balanço da Semana Teológica.
Esta foi nossa VI Semana Teológica. Na primeira noite, Dr. Rubens Cordeiro, de Belo Horizonte, trouxe uma aula plena sobre como escutar a pessoa que está machucada, dolorida. Foi com muitos exemplos claros, apropriados, que certamente vai ser um impacto grande na vida daqueles que participaram. Porque saber ouvir uma pessoa que está machucada não é todo mundo que sabe. E tem muita gente que não consegue falar também quando está machucado. Então, como ajudar essa pessoa a falar primeiro? Tudo isso fez parte dessa primeira noite que foi tremenda. Na segunda noite, tive o privilégio de apresentar essas ideias que eu passei sobre os meus dois livros. Realmente estou muito grato a Deus, porque Ele me colocou aqui na Doctum. Fechamos a terceira e última noite com o Dr. Rodrigo Leitão, sobrinho-neto do Reverendo Uriel, com chave de ouro, trazendo de forma atual e moderna como a tecnologia é uma ferramenta positiva para a transmissão do Evangelho no mundo atual.
Para fechar esta entrevista, gostaria de acrescentar o seguinte: o fundador da nossa instituição, Reverendo Uriel de Almeida Leitão, teve a visão da escola, que cresceu e hoje é essa potência no Estado e redondezas. Mas ele também queria ajudar os/as ministros/ministras do Evangelho, para terem uma formação em Teologia adequada aos parâmetros do MEC. Claro que o fundador não pôde cumprir isso completamente, mesmo que já teve um instituto bíblico por um tempo, mas o que ele queria realmente era uma faculdade de Teologia. Então, como genro, fiquei muito tocado e estou tentando carregar essa bandeira e esses meus livros ficam como um documento desse meu desejo – a Teologia tem o seu lugar. A sociedade precisa ouvir de nós, líderes religiosos, até CONFISSÕES sobre coisas que nós temos feito na igreja e que colocaram o ser humano em segundo plano. E que machucou muita gente. E que nós temos que voltar para aquele início em que não havia nenhum necessitado. Eu não tenho uma fórmula: “Como fazer”. Mas, eu creio que se nós começarmos a reconhecer o que está diferente hoje, comparado com aqueles tempos do início, certamente vamos chegar a conclusões de coisas que devem ser mudadas. De sorte que a igreja vai ter um impacto e o impacto não vai ser através de leis feitas em Brasília, se bem que isso também deve acontecer – o Evangelho influencia e transforma os governos. Se homens de bem se juntam, podem decidir coisas realmente importantes para o bem dos desprivilegiados, dos sem vez ou sem voz. Mas, pode ser também algo que começa dentro de uma pequena comunidade, onde há o interesse genuíno pelo próximo e, especialmente, por aquele que está necessitado, está carente, não se sente valorizado, está doente, com dificuldades financeiras. O que mais me impactou no Antigo Testamento é a questão do dinheiro. Como Deus se interessa pela situação daquele que tem dívidas e como Ele toca no coração das pessoas com recursos para ajudarem aqueles que não têm condições. É esse o processo – não para construir um império humano, o que descaracteriza totalmente a igreja de nosso Senhor Jesus. Então, essa fase, eu realmente espero, sonho, com uma igreja, como na analogia com um carro de muito valor, uma igreja que precisa ser totalmente restaurada. É dessa RESTAURAÇÃO, volta ao original, com todas as características, que eu sonho e tenho doado minha vida.
Finalizo com uma palavra de agradecimento em nome da UNIDOCTUM e da Faculdade de Teologia ao Jornal “Diário de Caratinga” por esta oportunidade de compartilhar os nossos sonhos e aspirações. E em especial, um agradecimento à Jornalista Nohemy Peixoto, pela sua presteza e disponibilidade, e interesse genuíno em todas as causas nas quais ela se envolve.
*Os livros estão disponíveis para compra na Livraria Caratinga (Rua Olegário Maciel) e no Ponto Cristão (Rua Catarina Cimini).