Generosidade Vem de Cima
Para mim os primeiros seguidores de Jesus, se não fossem verdadeira, profunda e genuinamente generosos, não teriam conseguido atrair as pessoas do jeito que aconteceu. O mesmo eu diria de Jesus: ele atraiu pessoas de todas as camadas humanas, sociais – até gregos desejaram conhece-lo. Por quê? Uma pessoa com desprendimento pessoal, capaz de mostrar e fazer tudo pelo bem do outro – isso, na verdade e sempre, é algo muito difícil de se achar.
Eles eram generosos.
Entretanto, para minha surpresa, Jesus e seus seguidores mais íntimos apenas diziam que estavam “cumprindo a Torá”, isto é, o que Deus tinha colocado para a humanidade desde o princípio: amá-lo acima de tudo e todos, e o próximo como a nós mesmos. Como pode?
Focalizei nos livros do Antigo Testamento, procurando descobrir se Deus realmente tinha falando a mesma coisa que Jesus e seus seguidores enfatizaram. Pois, corre por aí a ideia bastante difundida de que é no Novo Testamento que se fala de amor, enquanto que no Antigo (alguns até o chamam de “velho”) só se fala de guerras, vinganças, de destruição, de castigo, etc. Descobri logo que isso não é verdade!
Em retrospectiva, nos meus dias da juventude no Seminário e na Escola de Teologia – onde estudei sempre em tempo integral, como se fosse uma espécie de “mosteiro” evangélico -, o que era passado com ênfase? O que nós, futuros líderes, deveríamos buscar, era: sermos pessoas cultas, bons conhecedores da igreja, de sua história, suas mudanças, da cultura – e, é claro, devíamos aprender a administra-la, i.e, dar continuidade a ela em suas conquistas, batalhas, e outras coisas mais. Hoje, porém, tenho de dizer que faltava a enfoque principal: ser generoso como Jesus e seus discípulos foram.
Voltando, porém, para o início: – Qual foi o elemento fundamental deste movimento que virou o mundo de cabeça para baixo no começo de nossa era? Com plena certeza, não foi por causa das “investidas políticas” do Imperador Constantino, e muito menos, dos seus comandados, as decisões teológicas dos representantes das regiões nos famosos concílios da igreja, os cardeais, os bispos, e outros. Você sabia que quem era de origem judaica não era convidado, não tinha voz nem vez?
No início e até um certo ponto o elemento principal era o AMOR. A generosidade de Pedro, João, de todos os apóstolos, e das mulheres – elas com certeza fizeram a parte mais importante. Veja o amor que exalavam! Mais tarde um pouco, entra também o Paulo, e muitos outros que foram fiéis à visão do iniciador do movimento. Como dito, contudo, era que – para eles, o óbvio era muito claro e simples: estamos apenas buscando CUMPRIR A TORÁ, os mandamentos de Deus.
Por outro lado, creio que Jesus conscientizou seus discípulos do perigo de uma organização humana, comandada por humanos, fracos e suscetíveis às tentações, e pior, liderados por mentes malignas, interesseiras, sem princípios nem ética, na qual os desejos e, sobretudo, as banalidades humanas podem ser facilmente liberadas, e onde o impuro e abusado pode ser confundido com o bom, o certo, o santo. Ah, se eles tivessem mantido a visão, investindo tudo para trazer maior justiça (comida, abrigo, casa, hospitais, escolas, administração sem corrupção, etc.) nas periferias, nos centros urbanos, nas favelas, no campo – como os primeiros cristãos fizeram!
A visão que tive naquele gramado de New Haven permaneceu comigo – nunca mais pude esquecê-la. Uma obra-prima perfeita. Ela não foi uma miragem – ela, de fato, existe. E continuo no voto que fiz de nunca a deixar. Continuo dando por ela a minha vida, com a mesma paixão e com o mesmo desejo.
Quero a RESTAURAÇÃO! E o melhor de tudo: vejo que está acontecendo! (Extraído, livro do autor, A GENEROSIDADE COMEÇA DE CIMA, que será lançado no fim do mês no Casarão das Artes. Aguarde!)
Rev. Rudi Augusto Krüger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – [email protected]