Não olhe para trás!
Estudo Teologia desde meus anos da juventude, da época do meu segundo grau na cidade de Ijuí. Fui ao Seminário, hoje Faculdade Batista do Rio de Janeiro porque queria entender melhor as línguas originais usadas pelos escritores dos textos bíblicos, e quatro anos depois entrei em uma das escolas de Teologia mais renomadas do mundo, a Yale Divinity School da Universidade Yale, na cidade de New Haven, CT (USA).
Um dos meus colegas era filho do teólogo, Dr. Krister Stendahl. Ele era um teólogo luterano, e que deu início a uma contestação muito séria da visão da igreja luterana sobre a teologia do ap. Paulo. Pressupostos errados tinham sido atribuídos ao apóstolo, e segundo Stendahl, refletem parâmetros e ideias ocidentais modernas – coisas que Paulo não diria.
Desde muito cedo eu ficava intrigado e triste com atitudes e modos que surgem entre estudantes de teologia. Infelizmente, tudo isso reflete nas nossas comunidades de culto e adoração ao único Messias prometido, cujo nome verdadeiro vim a conhecer somente ao estudar hebraico! Sua mãe e seus irmãos o chamavam de Yeshuah.
Minha fascinação com as origens começou muito cedo. Fato é que sempre fui guiado pela pergunta: “Por quê?”, e muitas vezes isso me levou a caminhos complicados, tipo: Por quê Deus criou…? Este é um estudo separado ao qual me dediquei por mais de 15 anos, e tive uma libertação grandiosa ainda nos dias do meu ministério em Berlim na então Alemanha Ocidental (1971-76). Eu tinha chegado ao ponto (psicológico, de alma, de espírito – não sei) em que não conseguia abrir a Bíblia, pois por diversas leituras, estudos e conversas as dúvidas eram tantas, que eu ficara esgotado e não conseguia nem abrir Gênesis e acompanhar a maravilhosa Criação do nosso maravilhoso Criador, Pai, Filho e Espírito Santo.
Hoje, meio século depois, sabendo muito mais sobre o assunto, ao qual me dediquei, madrugadas adentro, enquanto a família descansava.
Meu ministério foi sempre – desde que casamos aqui nesta ‘santa terrinha’ de Caratinga, MG em 1971 – um ministério conjunto, tendo minha esposa Wilma Lucia, e depois, nossos filhos Anya, Davi e Elias, cooperando comigo. Gratidão eterna a eles! Quantas histórias lindas de manifestações do amor e do poder de Deus! E, por outro lado, quanto sofrimento ainda por ser curado, especialmente nos menores. Muitas vezes tenho lamentado como o povo de nossas comunidades de fé sabe tão pouco da pressão sofrida pelos que acompanham o pastor. É quase um desatino que se exija que os filhos sejam modelos de uma perfeição que nem Deus exige.
Toda vez que falo com ele sobre isso, sinto o seu coração pesado, e pronto para tomar minha família, a cada um em seu colo de PAI, acaricia-los, dizer que os compreende. Somos como o Urias, capitão do exército do rei Davi, que não conseguia deixar de pensar na guerra, mesmo quando o rei o mandava para casa pra descansar. Por isso, quero deixar aqui esta oração:
“Obrigado, PAI, pela promessa de sarar todas as nossas feridas! Continua, por favor, ministrando aqueles filhos e cônjuges de teus guerreiros – por favor, livra-os do caminho sem sentido, depois que experimentaram as tuas grandes misericórdias, mesmo quando ministravam em idade muito tenra – o que alegrava tanto a nós pais e avós! Levanta, Senhor, homens e mulheres que tenham esse teu coração de PAI, para ficarem na brecha de oração, que também tenham palavras sábias, que curam as feridas, e ações de compaixão como tu fazias. E ajuda os machucados a te buscar e achar em ti tudo, inclusive aquela paz que só tu podes dar. Aqui em Caratinga, Senhor, conheci tantos que te amam, mas por causa da ferida causada por falsos líderes, ficaram confusos com a verdadeira função da tua casa. Ela é o refúgio da alma cansada, e não o lugar de se ouvir palavras insensíveis, de comando, e que ferem profundamente. Estes dardos vêm muitas vezes de corações cegos por causa de interesses pessoais, e estratégias humanas para a instituição, mas que os tornam desumanos. É aquele zelo excessivo, Jesus. Te lembras como tu os confrontaste lá no Templo? Mas perdoa-os também, Senhor, todos homens e mulheres que tu escolheste e cuja formação foi sem AQUELA GENEROSIDADE que era característica tua, oh, nosso único e suficiente Salvador, Jesus Messias. Vês minhas lágrimas, Senhor. Ainda estou entristecido. Conforta a todos os que choram, segundo a tua promessa. No teu Nome eu faço essa oração, e com gratidão profunda – muito obrigado porque um dia tu te revelaste a mim e me salvaste também.”
Caro Leitor: nas memórias, lembranças, e lágrimas que derramei acima eu abri um pouco o coração, por amor a você. Sei que a vida com Deus não é um mar de rosas, mas uma trilha íngreme com muitos espinhos e pedras nas quais, mais do que gostaríamos, tropeçamos. Contudo, todavia, entretanto – VALE A PENA!
Não olhe para trás. O prêmio desta vocação soberana está guardado para todos os que confiam nele. Não desista. Insista, lute, busque, se humilhe – e ele exaltará a você no tempo dele, e no lugar onde ele te quer e te usa – mesmo quando você não sente que está sendo usado, ou até se sente abandonado por Deus e todo mundo.
(Extraído do nosso livro/e-book Restauração Acontecendo, Apresentação)
Rev. Rudi Augusto Krüger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – UniDoctum [email protected]