Esta semana recebi uma mensagem do amigo Getúlio Dias de Carvalho convidando para um café, e um papo sobre nosso futebol, presente também o jovem desportista Paulo Prado (Paulinho da Santa Cruz). Obviamente, convite para resenha boa é café não dá pra recusar. Em mais de uma hora de conversa, foi legal presenciar o encontro de duas gerações de desportistas da cidade, embora separados por algumas décadas de vida, unidos em objetivos. Quando duas ou mais pessoas se sentam para debater esporte, independente de acontecer num programa de rádio, TV, live ou até mesmo numa mesa de café, é sempre uma oportunidade de aprender alguma coisa. Talvez os mais jovens, desconheçam sobre a trajetória esportiva deste senhor de cabelos brancos da foto: Getúlio foi um ótimo zagueiro do nosso futebol nos anos 70 e 80. Um dos líderes do emblemático título do Esplanada em 1982 quando na primeira partida da decisão na Grota, marcou dois belos gols de falta na goleada contra o Esporte Clube Caratinga. Depois ainda jogou no próprio Caratinga, disputou campeonatos em diversas regiões. Já nos anos 90, depois de pendurar ás chuteiras, foi árbitro do quadro da Federação Mineira de Futebol com atuações importantes em competições de base e profissional. Virando a década, nos anos 2000, passou a dirigir times regionais com o retorno do Campeonato, Em 2005, comandou o Caratinga na conquista de seu 11º, e consequentemente último título de sua história na Liga Caratinguense de Desportos. Atualmente, empresta seus conhecimentos no programa de rádio Resenha Popular, na 94 FM. Incomodado com o atual estágio do nosso esporte, de maneira especial com o futebol, Getúlio me chamou para ouvir minha opinião sobre a sucessão na LCD, e até mesmo a possível criação de uma Associação de Futebol Regional. Com trânsito livre nos corredores da Federação Mineira, não tenho dúvidas que ele conhece os caminhos, e sabe com quem pode contar. Quando vejo na mesma mesa, o encontro de duas gerações com objetivos de resgatar nosso futebol, sinto que o esporte ainda respira.
Neymar na cola do Rei
Um dos assuntos mais comentados nos últimos dias é o fato de Neymar está se aproximando do número de gols de Pelé com a camisa da seleção brasileira, segundo os números da FIFA. O Rei acumulou 77 gols em 92 jogos com a camisa amarela. Neymar, já marcou 68 vezes em 107 partidas. O tema é instigante e gostoso de debater. Porém, antes de qualquer coisa, é preciso deixar muito claro, principalmente para as pessoas que tem uma boa dose de antipatia por Neymar, que não se trata de comparar quem foi melhor. Afinal, minha formação histórica de futebol, não me permite entrar em qualquer debate que estejam comparando Pelé com qualquer outro jogador de futebol da história. Meu primeiro e único argumento para nem entrar na discussão de comparação, é: Quando surgir outro jogador que fizer sua estreia na seleção principal de seu país com 16 anos, contra o grande rival entrar no segundo tempo e marcar seu primeiro gol onze minutos depois de estar em campo, ir para uma Copa do Mundo com 17 anos e conquistá-la como protagonista, aí podemos começar a conversar. Portanto, não entro em debates que compare Pelé a nenhum jogador. Posto isto, apesar de todos sentimentos de antipatia que possa causar pelo seu comportamento, não tem como negar que Neymar é o mais talentoso de sua geração. Os nove gols que faltam para alcançar a marca do Rei serão batidos em breve, ele se tornará o jogador que mais fez gols com a camisa da seleção. Porém, No escopo histórico, muito deve ser avaliado – a grandeza de Pelé transcende a modalidade. Quando defendeu o time canarinho, atingiu a marca com 92 exibições (média de 0,84), enquanto Neymar acumula 107 partidas (índice de 0,63). Com mais jogos, mais chances de balançar as redes. Sendo assim, uma coisa é certa, com média de quase um gol por jogo, o Rei é inatingível. O que só aumenta ainda mais os méritos do atual camisa dez da seleção.
Rogério Silva
@rogeriosilva89fm