Emigidia Maria Lopes conta experiência de passar pelo batismo nas águas após atingir a marca dos 100 anos de idade
CARATINGA- Uma experiência de fé e renascimento. Emigidia Maria Lopes experimentou este momento aos 102 anos de idade, quando passou pelo batismo nas águas, na Igreja Assembleia de Deus. O DIÁRIO esteve na casa da centenária, que é moradora da Portelinha, para conhecer sua história.
TRAJETÓRIA
Dona Emigidia afirma que nasceu em Ervália, município que pertence à microrregião de Viçosa, na Zona da Mata. Foi lá que, ainda na infância, acompanhava a mãe nos trabalhos na área rural. “Eu trabalhava na roça. Desde 7 anos minha mãe botava pra ajudar a trabalhar, eu era pequena café ‘panhava’ na barra, ela em cima. Aí fui crescendo, trabalhando, viemos pra aqui e aqui nós estamos”.
Ela constituiu família ainda na terra natal, mas não demorou muito para que eles se mudassem para a região de Caratinga. “Com mais de ano um pouquinho de casada ganhei menino. Aí meu sogro veio aqui para Bom Jesus: ‘Agora vamos morar na mata’. (Risos). Tive 10 filhos, Deus me deixou só seis, eles moram espalhados por aí”.
RENASCIMENTO
Sobre o dia do batismo, ocorrido nas últimas semanas, dona Emigidia brinca com o medo da piscina, mas descreveu uma sensação de renascimento e de fortalecer os votos com a fé. “Cheguei lá, fiquei com um cadinho de medo na hora que pisou dentro da água, cada vez que andava mais afundava (risos). O pastor falou assim: ‘Não precisa ficar com medo’. Aí levou minha cabeça lá, assustei um pouquinho. Mas, senti bem, feliz: segura na mão do Pai e tá tudo bem”.
Apesar de pouco tempo como membro da igreja, a idosa tem procurado se envolver nas atividades e aos 102 anos se mostra um exemplo. E relata como tem sido os dias após a decisão de acompanhar a Assembleia de Deus. “Gosto de lá, as pessoas são alegres, gosto dos cultos, dos cânticos deles, as mulheres tudo (sic) cantando, estudando a bíblia”.
VIDA CENTENÁRIA
Uma recordação carinhosa que dona Emigidia faz questão de contar demonstra o quanto ela é querida pela família e pelos amigos. “No dia do meu aniversário as irmãs fizeram uma festa pra mim, fizeram muita quantidade das coisas de comer. Depois em São Sebastião do Anta meu neto falou: ‘Ô vó… Agora é lá em casa hein’. Eu falei: ‘Direto vocês vêm cá, me traz, sempre gastando, vamos deixa disso, de fazer aniversário’. Mas ele achou muito ruim: ‘Vó, vó, não fala nisso mais não. Quando a senhora fez ano, falei com a senhora que a gente ia fazer a festa da outra vez. Vou fazer, se Deus quiser’”.
A idade trouxe experiência, maturidade e ânimo para que a moradora da Portelinha renovasse seus laços com a fé. Sobre ultrapassar a marca dos 100 anos, a resposta é curiosa: “Antigamente nosso pão era inhame. Portanto, hoje eu quase nem como pão. Eles falam: ‘Por que a senhora é tão forte?’. Eu respondo: ‘É Deus em primeiro lugar, mas vai ver é o inhame também’”, gargalhou com satisfação.