Desde que foi criada em 1962 e promoveu seu primeiro campeonato em 1965, a Liga Caratinguense de Desportos passou por várias fases. Entretanto, mesmo nos momentos de auge, os certames nunca se notabilizaram por um grande número de participantes numa única edição. Em 1965 apenas seis times jogaram o Campeonato: América, Caratinga, Rodoviário, 1° de Maio, Santa Rita e São Domingos. Desde então, a média de times por edição, tem oscilado entre oito e dez clubes, raramente tivemos certame com 12 ou mais. Mesmo numa época que tínhamos América, Caratinga, Bairro das Graças e Santa Rita em plena atividade. Porém, nos últimos anos, tem acontecido um fenômeno preocupante. Clubes que surgem forte, disputam títulos, alguns até conquistam troféus, mas infelizmente acabam tendo vida curta, entrando num longo período de inatividade. Só para citar alguns da nossa região: Santo Antônio, Santa Cruz, Flamengo Bairro Esperança, São Judas Tadeu, Entre Folhas, Bela Vista. Sem entrar em detalhes sobre os motivos de cada um desses clubes, para terem deixado de disputar o Campeonato Regional de futebol amador mais importante do nosso futebol, na minha humilde opinião, pelo menos um fator em comum todos tem: O futebol amador ficou muito caro. Nunca foi tão pesado financeiramente montar times para ser campeão.
Por que ficou caro?
Olhando para a história do nosso futebol amador, até mesmo do pouco que vivi dentro de campo, jogadores sempre receberam para disputar às principais competições. Esporte Clube Caratinga e América no auge da rivalidade, buscavam reforços em outras regiões e até outros estados. Mas, eram reforços pontuais. Jogadores para posições que não se encontrava por aqui, pelo menos não da qualidade que se precisava para a grandeza desses clubes. Portanto, se buscava três ou quatro atletas.
Em 1994 deixamos de ter às competições adultas da LCD. Os clubes desanimaram de disputar até mesmo Copa de Bairros que era organizada pela prefeitura. A Copa Oeste foi a última edição (minha última vez em competição oficial). Foram praticamente oito anos sem Campeonatos da LCD. Só em 2002, um grupo de desportistas e imprensa, somaram forças para que o certame voltasse a ser promovido pela Liga. Entretanto, desde então, temos visto os times gastarem cada vez mais para montar o melhor time em busca do título. Mais de 20 anos depois do retorno do Campeonato Regional, o que temos visto, é que os clubes não estão mais conseguindo financeiramente montar times. Alguns chegam a ter um custo de mais de R$10.000 por rodada só com pagamento de jogadores. Alguns recebendo 800 até 1.000 reais por domingo.
Não tem como culpar quem joga, afinal, cada um pede o que acha que merece, cabe ao clube avaliar se tem condições ou não para pagar. Além disso, clubes com mais dificuldade, que não contam com apoio municipal ou número de torcedores tão significativos, que dão retorno em bilheteria e vendas de camisa, estão desistindo de jogar.
Fechar o Regional é a solução?
Já ouvi de várias pessoas que um campeonato fechado resolve o problema. Sinceramente, não acho que simplesmente promover um certame fechado é a solução. Até porque ao longo desses mais de vinte anos da volta do Regional, já se tentou essa solução e não funcionou. Primeiro, não temos jogadores apenas da região suficientes para montar três times sequer. Segundo, os atletas da região sabendo que não se pode trazer ninguém de fora, irão se valorizar muito acima da média, quem jogava por R$ 300,00, vai pedir o dobro. Terceiro, quando a bola rolar, os resultados forem ruins, os próprios clubes, serão os primeiros a burlarem às regras criadas a pedido deles, tentando buscar jogadores de fora, com comprovante de residência falso e até mesmo mudando domicílio eleitoral. O resultado será um caminhão de recursos por irregularidades. Algo que já vimos acontecer e muito. Sendo assim, só fechar o Regional não resolve. O debate é bem mais amplo.
Rogério Silva
@rogeriosilva89fm