O Brasil passa, mais uma vez, por uma grave crise econômica. Toda vez que isso ocorre, os empresários mais desavisados pensam logo que este é um bom momento para contar com funcionários mais fiéis, mais comprometidos, já que a fila dos que procuram por emprego aumenta e aqueles que estão empregados ficam mais “quietos”, reclamam menos e se esforçam para produzir mais. Ledo engano! A empresa que age dessa forma consegue, no máximo, funcionários “conformados”, jamais compromissados.
Existe, apenas, uma forma de a empresa poder contar com funcionários comprometidos, que vestem a camisa da empresa, que se preocupem com o resultado global da organização e com a satisfação plena do cliente: oferecendo-lhes condições propícias à sua motivação. O funcionário motivado é alguém satisfeito com o que faz, interessado e comprometido com a organização. Não é por menos que as empresas estão investindo – e muito – na área de Recursos Humanos, “jogando fora” o ultrapassado Departamento de Pessoal e dando as boas vindas ao Departamento de Gestão de Pessoas; abolindo o termo “funcionário” e fazendo prevalecer, em todos os seus aspectos – não apenas uma mudança de nomenclatura -, o sentido de “colaborador”, de “Parceiro”; profissionalizando um de seus mais importantes departamentos com pessoas envolvidas com o assunto, detentoras de conhecimento técnico e da capacidade de se relacionar com todos.
A questão aqui não é teórica, não é “invenção de administrador”, mas técnica: a satisfação do cliente com os produtos e serviços que lhes são oferecidos está relacionada, diretamente, com o grau de satisfação das pessoas que fazem a organização produtora de tais produtos e serviços, funcionar. Se elas estão engajadas, criam uma predisposição de fazer muito mais do que aquilo que se espera delas em suas funções. Se não estão, “batem o cartão”, “puxam o saco” do chefe, fazem de conta que estão envolvidas, comprometidas com o resultado, quando, na verdade, estão, apenas, conformadas com o que a empresa lhes oferece no momento, e cumprem, estritamente, as atividades que lhe foram confiadas, de forma automática, desinteressadas.
Um bom gestor da área de Gestão de Pessoas, principalmente se for detentor dos conhecimentos básicos da Psicologia e da Sociologia, sabe que as pessoas se comportam de acordo com o grau de motivação que possuem em relação aos seus desejos, às suas necessidades e aos seus objetivos pessoais e profissionais. Se forem desprestigiadas, se não receberem o devido reconhecimento, se não forem respeitadas e valorizadas, se transformam em camaleões e vão se adaptando a cada chefe esquisito, a cada ordem mal dada, a cada ação desmotivadora a que são submetidas e passam a oferecer, sim, resultados, porém apenas em função do que “devem” fazer e não do que “podem” fazer.
Há muito esse modelo arcaico de “Departamento de Pessoal”, ainda presente em muitas empresas do Terceiro Mundo, mesmo que denominadas de Departamento de Recursos Humanos, deixou de existir nas organizações modernas, inovadoras e focadas em seus negócios. E isto aconteceu, não porque os donos destes negócios de sucesso fossem “bonzinhos”, “caridosos” ou “amigos demais dos funcionários” – como costumam ser chamados os de bom senso que praticam a Gestão de Pessoas -, mas, porque perceberam que o maior patrimônio de uma organização é o seu Capital Humano, capaz de levá-la ao sucesso ou à bancarrota, em poucos anos.
A organização que reconhece o “funcionário” como um colaborador; que o vê como um parceiro e não como um recurso; que se comunica eficientemente, que fortalece o Clima Organizacional com a prática do respeito, do reconhecimento, do desenvolvimento e da valorização, sai à frente na corrida contra a crise, consegue o melhor posicionamento no mercado e cria diferenciais competitivos em relação à concorrência, pois passam a contar, de forma voluntária, com a força de sua Equipe.
Organizações que pensam assim livraram-se do tal “Departamento de Pessoal”, via de regra arrogante e prepotente, voltado para o controle, para a punição, para o “cabresto curto”, para a “economia burra” que transforma o barato em caro demais, para os arcaicos entendimentos de que “a fila anda” e “abre o olho porque tem muitos querendo o seu lugar”. Organizações globalizadas, inovadoras, antenadas com a evolução dos Mercados e dos valores praticam a moderna e eficaz Gestão de Pessoas.
*Eugênio Maria Gomes é professor e Pró-Reitor de Administração do Centro Universitário de Caratinga, membro das Academias de Letras de Caratinga e Teófilo Otoni, do MAC – Movimento Amigos de Caratinga, do Lions Caratinga Itaúna e da Loja Maçônica Obreiros de Caratinga. É Grande Secretário de Educação e Cultura do Grande Oriente do Brasil – Minas Gerais.