Nomear lugares e coisas foi essencial para a organização do pensamento. A linguagem é uma importante forma de comunicação. Através da palavra possibilitamos o entendimento sobre as pessoas, objetos, emoções, fatos, lugares, enfim, sobre todas as coisas.
Quando nomeamos os lugares, organizamos mentalmente a divisão do espaço e nos permitimos localizar. Pois como diria o ditado popular, “quem tem boca vai à Roma”. Portanto, com as palavras conseguimos nos direcionar rumo ao lugar desejado.
Desde o início da formação das comunidades primitivas, ainda nos tempos da antiguidade, uma das formas de reconhecer um povo era justamente saber onde ele morava ou qual seria sua origem, enfim, de qual “localidade” ele pertencia.
Mas, de onde surgem os nomes das localidades e em especial das cidades? Os motivos são diversos, mas é comum observarmos que alguns nomes estão ligados à alguma característica natural do local; ou a homenagem à algum santo relacionado à Igreja Católica; ou até mesmo algum personagem importante da história local.
E qual foi a origem do nome da cidade de Caratinga? Na verdade, não há uma resposta conclusiva sobre o tema. Existem algumas hipóteses que discorrem sobre essa indagação.
A primeira hipótese, e provavelmente a mais aceita, diz que o nome Caratinga, surgiu com a existência na região de um abundante tubérculo, da família das plantas Dioscoreácea, similar ao inhame, pois suas características se assemelham, tais como: casca marrom, miolo branco e a presença de uma espécie de baba ao ser manuseado. Para os povos nativos, que habitavam a região, era denominado como cará (a-cará-itinga) e continua sendo conhecido por esta nomenclatura, todavia não é mais tão abundante e tão pouco consumido cotidianamente. É importante ressaltar que na língua nativa o prefixo itinga significa branco.
Uma segunda hipótese, defende a ideia que o nome do município derivou da existência de um tipo de peixe existente nos rios e córregos da Bacia do Rio Doce, por sinal bastante conhecido entre os pescadores, e chamado de cará (Geophagus brasiliensis). O cará é da família Cichlidae e em alguns lugares é conhecido como acará topete ou papa-terra.
Já a terceira hipótese, menos mencionada e acredito também, que seja a menos evidente, defende que na região de Caratinga, por estar inserida no bioma da Mata Atlântica, portanto ter sua vegetação nativa bem diversa, existia um macaco que possuía sua cara branca. Que pode ser o sagui-de-cara-branca (Callithrix geoffroyi), que é nativo da Mata Atlântica.
Enfim, as hipóteses estão descritas, o que não permite uma conclusão, mas ao mesmo tempo levanta dúvidas que permitem mais pesquisas sobre o tema. Eis a parte mais interessante: suscitar novos pesquisadores. Mas um dado é certo, quem batizou nosso município, como o nome Caratinga, foi Domingos Lana, o comerciante de poaia e o “primeiro” desbravador da região.
Portanto, os nomes dos municípios carregam consigo o início e o enraizamento da identidade de um povo. Que passa a se identificar e a se reconhecer pelo nome da sua cidade.
Walber Gonçalves de Souza e Miriam Rodrigues Ferreira de Souza são professores na Fundação Educacional de Caratinga/FUNEC.