Sintomas da doença transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti viram tema de debate no Encontro em Comemoração ao Dia do Fisioterapeuta
CARATINGA – Os fisioterapeutas são profissionais responsáveis pela recuperação e manutenção da saúde física da comunidade, auxiliando consequentemente na vitalidade e no bem-estar dos assistidos. No dia 13 de outubro foi celebrado o Dia do Fisioterapeuta, quando a profissão no Brasil completou 48 anos desde sua regulamentação. Em comemoração à data, professores do curso de Fisioterapia do UNEC prepararam na noite da última terça-feira (31/10) um Encontro entre acadêmicos e docentes. O evento contou com a participação dos palestrantes Leonardo Soares Prates e Giseli Vitali e do grupo de dança Special Ballet, formado por crianças com necessidades especiais.
“A fisioterapia é uma profissão muito completa. Nós conseguimos trabalhar com todos os sistemas do corpo humano: ortopedia, que é o mais popular, neurologia, que também é muito conhecido, sistema cardiovascular, sistema uroginecológico, transtorno do sono, várias possibilidade de atuação”, descreve a coordenadora do curso, Juliana Carvalho Reis. Ela lembra também que, além de clínicas e hospitais, o profissional também está presente nas instituições de saúde pública em geral, além de outras especialidades da área.
Juliana se emocionou durante a abertura do Encontro, quando comentou sobre a responsabilidade e importância do fisioterapeuta na saúde da população. Hoje, ela é representante do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (CREFITO-4) na microrregião de Caratinga. Ela acredita que a profissão já se consolidou em Minas e continua em pleno crescimento e reconhecimento. “Nessa história de 48 anos, já evoluímos e amadurecemos muito. Agora que estamos nos tornando um adulto de meia-idade, digamos assim, eu vejo um profissional muito mais consciente do seu papel, com muito mais autonomia diante das situações, um profissional que já se empoderou do valor que ele tem”, ela considera.
O tema do Encontro foi “Manejo das Artropatias Decorrentes da Chikungunya” e alguns profissionais da saúde, professores e alunos do curso foram convidados para discutir sobre o assunto. Mas afinal, o que seriam Artropatias? “É um termo utilizado para definir uma doença articular, ‘patia’ vem de ‘doença’, ou seja, doença da articulação. As artropatias podem ser causadas por diversas condições patológicas que envolvem a articulação e causam dores, perdas de função, comprometendo os movimentos e a vida do paciente”, esclarece Celso Simões Caldeira Júnior, professor do UNEC e fisioterapeuta.
A DOENÇA
De acordo com os últimos dados divulgados pela OMS, só este ano no Brasil 99 pessoas já morreram vítimas da Chikungunya. Desde janeiro até agora, quase 122 mil casos foram confirmados e cerca de 50 mil suspeitas registradas. Só para lembrar, a Chikungunya é causada pelo Alphavírus e é uma das doenças transmitidas pelo mosquito da dengue, o Aedes Aegypti. Conforme cita Giseli Vitali, farmacêutica e professora do UNEC, “os principais sintomas da doença são febre alta e dores na articulação”.
Durante a palestra, Giseli alertou os alunos de Fisioterapia para o combate à automedicação, que põe em risco a vida de pacientes adeptos dessa prática. Já o outro palestrante do evento, Leonardo Soares Prates, professor do UNEC e médico reumatologista, comentou sobre a necessidade de mais estudos em relação à Chikungunya, já que a doença chegou ao Brasil há poucos anos. “As doenças que atingem o sistema osteoarticular, ou as artropatias, são bastante comuns na população, em torno de 10 a 15% das pessoas tem algum tipo de doença articular. E a fisioterapia tem um papel fundamental no alívio da dor, na melhora da mobilidade”, afirma.
AEDES AEGYPTI
A nomenclatura vem do latim e significa “odioso do Egito”, ou “desagradável do Egito”. Embora tenha surgido no norte da África, o mosquito se espalhou pelo continente e logo chegou até as Américas, atingindo posteriormente o território asiático. Atualmente, esse mosquito é responsável por transmitir, principalmente, quatro doenças: a dengue, a febre amarela, a zika e a Chikungunya. Essa última, por sua vez, chegou ao Brasil em 2014 através de turistas africanos.
Na maioria das vezes, as fêmeas são as responsáveis pela picada, já que precisam do sangue humano para produção dos ovos. É nesse momento em as doenças são transmitidas: através do nosso contato sanguíneo com o vetor. Os ovos se desenvolvem em ambientes com água parada – estando limpa ou suja – e, por isso, o principal método de combate ao mosquito é evitando poças e não deixando baldes, pneus, caixas e outros recipientes expostos ao ar livre em épocas de chuva.
O FISIOTERAPEUTA
O fisioterapeuta e professor de Fisioterapia do UNEC, Celso Simões Caldeira Júnior, lembrou que, apesar de ser uma doença antiga, a Chikungunya no Brasil ainda é novidade para a medicina. “Quando o paciente chega ao hospital, primeiro fazemos avaliação dos exames, das condições físicas dele para, a partir disso, verificar quais as articulações foram afetadas, se ele está numa fase aguda, subaguda ou crônica da doença, e traçarmos a conduta ideal do tratamento fisioterapêutico. O que já se sabe é que essa patologia acarreta muitas dores, então temos evitar que outras condições afete o paciente, como a perda das atividades de vida diária, comprometendo a qualidade de vida cultural e social dele. À medida que há progresso, passamos para outros recursos que melhoram também a força e a amplitude nas articulações”, explica Celso Júnior.
Orientadas por ele, as alunas Lara Costa e Larissa Freitas, do 6º período de Fisioterapia, também participaram da palestra, explicando um pouco sobre os procedimentos fisioterapêuticos no tratamento da Chikungunya. Ao final do encontro, alguns brindes foram sorteados entre os estudantes para fechar com chave de ouro as comemorações. “Não somos nós que ajudamos, é o paciente quem nos ajuda. Nós sentimos uma alegria enorme de poder promover uma vida melhor, mais digna, às pessoas. Hoje tenho certeza que estou no lugar certo. Todas as pessoas que gostam de fazer o bem, que gosta da área da saúde, devem ser fisioterapeutas também”, defendeu a estudante Lara Costa.