CARATINGA – Na tarde de ontem, professores e pais de alunos se manifestaram no calçadão da Rua Miguel de Castro. O objetivo foi protestar contra as demissões de professores da rede municipal, medida tomada pela Prefeitura de Caratinga para reduzir gastos. Mas, a preocupação dos participantes é de que crianças estejam sendo prejudicadas, uma vez que os alunos já estavam adaptados à rotina escolar. Outra questão seria que algumas escolas ficaram sem professor de reforço.
Nair da Silva Huebra é professora efetiva na Escola Municipal Barquinho Amarelo. Ela é uma das organizadoras do movimento “Luto pela Educação” e afirma que todos foram atingidos, tanto na área pedagógica quanto emocional. “É um dano muito grande, as crianças tinham acompanhamento de um professor, vai se romper um ciclo. Viria a consolidação do aprendizado e isso vai ser interrompido, não que a gente não tenha condições de fazer, mas eles estarão abalados emocionalmente, porque perderam a ‘tia’ que eles gostavam e de uma maneira bruta. Causou muita dor a todos. Espero que a Prefeitura repense que estamos lidando com gente, envolve sentimento e aprendizado. Deveria ter se olhado com mais cautela, tiraram as aulas de reforço, literatura, acompanhamento da biblioteca, isso sem falar das creches, que também sofrem a mesma coisa”.
O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos, Silas Carvalho, destaca que a diretoria pretende continuar na luta com toda a categoria, reivindicando seus direitos. “O secretário de Educação deveria ter um pouco mais de respeito, programar com mais carinho. Fazendo cortes que dizem necessário devido a crise em cima das nossas crianças. Quem vai pagar são elas, faltando três meses e meio para acabar o ano. Para mim o secretário não soube planejar a Educação. Pedimos ao prefeito que olhe bem, porque o planejamento errado é do secretário. Não é hora de fazer corte na Educação. Colocar professores que estão em ajustamento funciona há 15, 20 anos fora da sala de aula para dar aula de um dia para o outro? Isso é correto? Ninguém está pedindo aumento de salário, mas qualidade de ensino”.
Uma mãe de aluno, que preferiu não se identificar, comentou sobre a troca de professores. Ela afirma que já é visível que o filho está prejudicado. “É difícil. Eles estão preocupados com o remanejamento dos professores, mas não estão com a qualidade da educação, com o desenvolvimento das crianças. Principalmente as crianças que entraram no 1° período agora, custaram a se adaptar com os professores, terão que se readaptar”.
Outra mãe de aluno também acredita que este será um processo de adaptação difícil para professor e aluno. “Vai ter de adaptar os alunos com os professores e os professores para com os alunos. Quem está nos anos iniciais tem aquela dificuldade de se adaptar a escola, ao coleguinha e terá de passar por isso novamente, com o professor”.
Recentemente, a Prefeitura de Caratinga justificou as demissões através de uma nota. De acordo com a administração municipal, Caratinga sofre os efeitos da crise econômica nacional que já reduziu cerca de 30% da receita do município. Os gastos com o funcionalismo público aproximam-se dos 54%, que é limite constitucional.
A nota também destacou que a partir da folha de agosto, paga em setembro, o município irá pagar o piso salarial, conforme a Lei. Os profissionais do magistério receberão aumento de 13% nos seus vencimentos. Dessa forma, houve a necessidade de reduzir o número de servidores da educação.
O que tem provocado maior impacto, de acordo com a Prefeitura de Caratinga, é o retorno dos servidores que possuem cargos comissionados ao seu lugar de origem, o que provoca a demissão dos servidores contratados, que os substituíam provisoriamente.
A administração municipal ainda esclarece que, por uma questão legal e administrativa, não pode manter em seus quadros funcionários sem função, ou que excedam a disponibilidade financeira do município. Entretanto, espera que ao término deste momento crítico pelo qual todos os brasileiros passam seja possível retornar à normalidade.
FOTOS:
ARQUIVO- LUTO DA EDUCAÇÃO
CAPA
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Professores se manifestam e pedem que o contrato seja cumprido até o final do ano