CARATINGA – Com a crise hídrica que pode prejudicar o abastecimento em Caratinga, moradores da área rural arriscam alguns palpites que poderiam amenizar os efeitos da estiagem na região. A Reportagem conversou com moradores da cabeceira do Lage, que acreditam que apesar da falta de chuvas, medidas simples podem contribuir para que a situação não se agrave. Conselhos de quem vive no meio rural e já viu de tudo ao longo desses anos.
Flávio Lourenço afirma que sua família sempre morou no Córrego do Lage. Ele avalia que o rio precisa, primeiramente, de limpeza. “Tem que fazer uma sondagem total no leito do rio para ver o que precisa ser feito. O rio está cheio de pau e braquiária (capim). Tem que juntar uma equipe e vir aqui limpar isso, para escoar a água lá em baixo. Em minha opinião, o leito do rio tem que estar limpo. Se deixar do jeito que tá vai ficar sem água mesmo. Não é que acabou aqui não, a água da cabeceira não acabou, diminuiu com a seca, mas também tem o leito do rio que está sujo e tem que abrir para a água descer corrente, não interditar a descida da água”.
O morador ainda destaca que os moradores tem vontade de contribuir, fazendo intervenções pelo menos nos trechos que cortam suas propriedades, mas, ficam receosos. “Quem mora na roça, sabe que braquiária do brejo alastra e toma conta. Tem que limpar até para a qualidade da água melhorar. Esse rio nunca foi limpo. Alguns moradores limpam algum trecho para não parar demais, mas não pode mexer. O povo tem que ter mais carinho com a água, porque ninguém vive sem ela. Tem o recurso, o que precisa é ser cuidado. Se continuar abandonado, a tendência é acabar mesmo”.
João Batista é produtor. Ele limpou o córrego para a água chegar mais fácil em sua residência e também aconselha que o primeiro passo seja desobstruir o rio. “Sempre tem alguma árvore, vidro, plástico. Na época da chuva não tem tanto problema, mas agora com pouca água, limpeza é bom. Tem muita braquiária e entulho. Não falo máquinas, mas limpeza humana”.
RISCO DE DESABASTECIMENTO
Em nota à imprensa na segunda-feira (2), a Copasa informou que, detém outorga de direito de uso de água no Ribeirão do Lage de 242 litros por segundo e que desta vazão outorgada, atualmente necessita de 200 litros/segundo, para manter o abastecimento de toda a população.
No entanto, foi verificada uma queda da vazão na Estação de Tratamento de Água de Caratinga, baixando para 170 litros/segundo, quantidade esta insuficiente para a garantia da normalidade do abastecimento na cidade de Caratinga.
Através de vistoria no manancial do Ribeirão do Lage, foram identificadas uma série de intervenções irregulares no manancial, ocasionadas por irrigantes de propriedades rurais à montante da captação da Copasa, que estão potencializando a redução da vazão no ponto de captação da empresa.