CARATINGA- Tumulto na entrada da unidade da Ceasa de Caratinga. O registro desta quarta-feira (27) foi de muitos veículos de produtores e compradores, parados, para carga e negociação de mercadorias. Eles alegaram novas regras que impedem a entrada no entreposto neste dia da semana. E como alternativa, decidiram comercializar na área externa, às margens da BR-116, causando transtornos.
No início da pandemia, com a finalidade de reduzir ao máximo o fluxo de pessoas, a carga de mercadorias passou a funcionar nos horários de 12h às 18h (quarta-feira), a partir das 4h (quinta-feira), de 6h às 12h (domingo) e a partir das 4h (segunda-feira). No entanto, agora, uma nova medida restringiu o funcionamento às quartas-feiras e tem gerado indignação.
Adriana Garcia, proprietária de uma mercearia da cidade de Luisburgo, costuma fazer as compras às quartas-feiras, mas, esta semana encontrou restrições no funcionamento. Ela relata alguns transtornos enfrentados. “Eles (gerência Ceasa) alegam que está dando muito transtorno para carregar na quarta-feira, porque na quinta-feira já tem que abrir normal. Então, não deixou os compradores entrarem para fazer as compras. Os produtores estão saindo do Ceasa para carregar aqui na saída. Temos que ficar nesse pátio”.
Ela destaca a vantagem de vir neste dia da semana. “É que fazemos a compra agora a tarde, quando é 20h já estamos em casa. Para vir na quinta-feira, pegar a mercadoria melhor, a gente tem que estar aqui 4h30, 5h. Como vêm eu e minha irmã, para andarmos à noite é mais perigoso. À tarde assim é mais fácil. Eles estão carregando a minha mercadoria na Ceasa e trazendo de carro para descarregar aqui. Muita demora e muito transtorno, são trabalhadores que querem agilizar para adiantar”.
Walter Raimundo, produtor rural de Santa Bárbara do Leste, enfatiza que é necessária organização e fluidez na circulação dos veículos. “Realmente, acho que isso é um transtorno, o gerente podia pôr a mão na consciência e liberar para todo mundo carregar lá, que gera dinheiro para a Ceasa e facilita o produtor a trabalhar. Não pode voltar com mercadoria de cima para baixo, acho que cabe um bom senso do gerente chegar e liberar. Hoje estão carregando aqui uns 50 caminhões, quantos reais a Ceasa daqui está perdendo?”.
José Ailton, produtor rural do Córrego do Barracão, em Ubaporanga, também acredita que as mudanças precisam ser revistas. “Os compradores querendo comprar e lá em cima ninguém compra, a gente vai ter mercadoria lá para vender para quem? Infelizmente está sobrando mercadoria, na quinta-feira durante o mercado não tem ninguém lá em cima. O mercado está vazio”.
O lojista Jonas de Oliveira Veloso explica que tem enfrentado dificuldades para comercialização de seus produtos no entreposto. “Hoje não tem como eu trabalhar aqui, pago aluguel rigorosamente em dia e o dia de eu comercializar não tem como. Não tem gestor nesta Ceasa, já estivemos em Belo Horizonte, na Ouvidoria, procuramos reivindicar nossos direitos. Os nossos compromissos em dia, cumprimos, mas, eles com nós não. Estou aqui com a porta aberta sem ninguém e todos que entram aqui, eles mandam descer, não pode ficar. Não sei o que eles querem, estou aguardando resposta deles. Lá em baixo está uma bagunça, não sei o que acontece nesse Caratinga porque o sujeito está em um trevo, não pode fazer aquele trabalho dentro de um trevo e ninguém olha. Se é certo não sei, gostaria que alguém tomasse uma atitude”.
Ele lamenta que suas mercadorias estejam paradas no estoque. “Não pode vir, vou vender para quem? Já passamos por situações mais difíceis que essa. Está tudo errado aqui dentro, não tem estacionamento porque está cheio de caixa vazia, não tem jeito de encostar um carro. O estacionamento lá em baixo fica vazio 24 horas. Ninguém toma providência. Eu não vou pegar carro meu para levar mercadoria lá em baixo, uma vez que tenho loja e pago aluguel. O domingo, sou contra, mas, poderíamos chegar em um acordo. Gostaria que eles nos ouvissem, no início falaram que era covid e não querem aglomeração. Tudo bem, mas, aquilo lá em baixo é o que? Pior do que isso”.
A reportagem procurou a gerência da Ceasa de Caratinga em busca de um esclarecimento sobre esta questão. O DIÁRIO foi informado de que o esclarecimento seria feito por meio de nota diretamente da Assessoria de Comunicação da CeasaMinas. Até o fechamento desta edição não houve resposta.
- Walter Raimundo, produtor de Santa Bárbara do Leste, enfatiza que é necessária organização e fluidez na circulação dos veículos
- O lojista Jonas de Oliveira Veloso explica que tem enfrentado dificuldades para comercialização de seus produtos no entreposto
- Muitos veículos ficaram parados na entrada da Ceasa
- José Ailton, produtor rural do Córrego do Barracão, em Ubaporanga, também acredita que as mudanças precisam ser revistas
- Compradores e produtores negociaram na área externa da Ceasa, às margens da BR-116
- Adriana Garcia, proprietária de uma mercearia de Luisburgo, questionou restrições na entrada