A coluna da semana passada terminou assim: “É fácil ser determinado? Não, mas acredito que cada um de nós tem pelo menos uma área na vida na qual ele é verdadeiramente uma pessoa determinada.”
E no decorrer da semana que passou encontrei em nossa família maior duas pessoas que têm demonstrado tal determinação.
Uma é minha cunhada, Janete Leitão, que completou 60 anos no dia 25. Foram anos de muita luta, mas de grandes vitórias. Janete teve de lutar desde o início contra uma deficiência que, de acordo com a medicina, não lhe prometia muitos anos de vida. E muito menos, uma vida normal, como a da maioria das pessoas.
Mas desde o início houve determinação dos pais e da família toda de dar a ela o apoio, o amor incondicional. Nossa Janete não somente cresceu e se tornou uma distinta senhora da sociedade, como também constituiu uma bela família.
Foi emocionante ouvir, na belíssima festa no Vind’s, seus filhos falarem de viva voz que sua mãe “era seu exemplo maior de amor: ela pode até ficar nervosa, mas isso passa logo-logo, e ela está de volta, nos amando de uma forma maravilhosa, e qualquer ressentimento já foi embora completamente”.
Nossa irmã é um exemplo de fé, de superação, e, sobretudo, de uma determinação de ferro, que, mesmo quando abatida, mal compreendida, fazia com que continuasse com seu plano, seus alvos, e seus sonhos de ser útil aos outros. Aliás, em breve estará servindo em nossa cidade, ensinando à população idosa arte e artesanato que ela aprendeu e desenvolveu através de seus anos de vida.
O outro exemplo de determinação é do nosso sobrinho Matheus Leitão Neto, que lançou na sexta-feira passada no Casarão o seu livro “Em Nome dos Pais” – o resultado de seu trabalho investigativo durante praticamente toda a sua vida – mais de trinta anos!
Uma obra que – apesar das mais de 400 páginas – tenho certeza será devorada em várias línguas, pois mostra de forma singular, séria e objetiva, a determinação e luta da geração de seus pais contra um regime totalitário, desumano, injusto e retrógrado.
Matheus descreve, por um lado, seu árduo e difícil trabalho (ele compara com “cavoucar” ou cavar a terra!) para entender como tudo aconteceu, inclusive se esforçando para chegar às razões mais interiores, e até, se houvesse, pessoais de oficiais brasileiros que atuaram como torturadores (difícil imaginar tortura que não seja desumana!) de presos políticos. Por outro lado, porém, o persistente autor não se esquece de suas próprias limitações, mostrando no decorrer de sua narrativa a difícil e impossível tarefa de tratar das feridas humanas – sobre o impacto de cada ação, e, sobretudo, das ações de governantes, trazendo à superfície suas motivações ou razões que nem sempre lhes são conscientes.
Matheus Leitão, neste seu primeiro livro, oferece um livro-texto para todo aquele – em qualquer lugar do mundo – que se preocupa com a desigualdade e injustiça na sociedade. Ele torna muito vivo o sonho de uma boa maioria, que é de termos uma sociedade na qual todos os participantes detêm além de sua preciosa dignidade, as condições econômico-financeiras para levar uma vida desfrutando das benesses que o Criador tem legado a todas as Suas criaturas.
Na verdade, contudo, como qualquer pessoa de bem descobre mais cedo ou mais tarde: quem pensa no bem comum, no bem para os todos, vai encontrar o mundo na contramão. E – imagine – o que se pode esperar quando, por exemplo, dirigindo na BR-116, temos de enfrentar veículos em alta velocidade NA CONTRAMÃO!? Matheus não deixa de revelar, igualmente, e de forma muito sincera e verdadeira, a sua fé, a sua teologia, e quão valiosa ela foi e é para andarmos reta e determinadamente neste mundão!
Sim, procura-se gente determinada, e graças a Deus por todos que fizeram e continuam fazendo a diferença! Parabéns, Janete e Matheus, e a todos desta nobre categoria humana que está aqui para servir o seu próximo!
Rudi A. Kruger
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