*Noé Neto
O processo de ensino e aprendizagem implica e uma reflexão permanente, norteada por perguntas do tipo: Como ensinar? Para quem ensinar? O que ensinar? Afinal o professor é “sujeito que transforma e ao mesmo tempo é transformado pelas próprias contingências da profissão” (MEDEIROS E CABRAL, 2006).
O grande debate que urge é a necessidade de existir coerência entre teoria e prática, visto que, é visível a dicotomia quase sempre presente. Ambientes educacionais ou profissionais da educação que formam e disseminam determinada teoria, mas que utilizam prática oposta é um fato relatado por diversos pesquisadores da educação. Leva-se, portanto, à necessidade de refletir até que ponto isso afeta o sistema educacional.
Para tal, precisa-se que o professor disponha de habilidades e conhecimentos que dependem, entre outros fatores, da estrutura e funcionamento do ensino superior, do planejamento e das metodologias de ensino, da psicologia da aprendizagem e das técnicas de avaliação (TONIAZZO 2002).
A formação continuada, a reflexão da prática e o conhecimento do contexto escolar se fazem, portanto, peça chave na aplicação da teoria à prática. E entra em cena a queda de braços no que se refere aos sistemas de avaliação, reformulando, assim, as perguntas: Como avaliar? O que avaliar? De que forma avaliar?
Pironel e Onuchic (2016) fazem uma análise histórica dos processos de avaliação utilizados nos últimos séculos por educadores como forma de “medir” a aprendizagem escolar. Vê-se nesse contexto uma reflexão crítica sobre o quão mensurável é o conhecimento. Assim, os autores apresentam a importância de avaliar como instrumento de ensinar e que pode conduzir o discente a aprender, renegando o sentido de avaliar o que se aprendeu.
A perspectiva adotada em um mecanismo de avaliação deve levar em conta fatores como a experiência pessoal, a linguagem e a socialização, por isso a proposta dos autores é que as atividades avaliativas sejam desenvolvidas em grupos, onde os alunos possam debater a questão e, sob múltiplos olhares, discutirem o seu desenvolvimento.
Segundo os mesmos autores, nesse processo, o professor deve observar o desenvolvimento dos grupos e intervir apenas como moderador, com a finalidade de incentivar os alunos que não estão participando ativamente do entrosamento e assim, aguçar maior participação de todos, tornando o processo um ato de avaliação com e não apenas da aprendizagem.
A ideia apresenta-se de acordo com a proposta de Ana Maria Pessoa de Carvalho (2013). Entende-se que para uma atividade investigativa ocorrer em sala de aula é necessário que se levante um tema capaz de despertar o interesse dos alunos e que o professor assume o papel de moderador, produzindo perguntas e deixando os alunos investigarem e criarem suas próprias hipóteses a respeito do tema. Com ideias e hipóteses criadas durante a apresentação aos colegas e ao professor é que o real processo de investigação ocorre, uma vez que os questionamentos e as reflexões vão surgir nessa fase.
Segundo a proposta de avaliação integrada ao processo de ensino-aprendizagem apresentada no artigo em questão, professor e aluno devem ser sujeitos atuantes, a fim de desvendar e conhecer a realidade e, assim, recriá-la, tornando-se capaz de refazer, sempre que necessário, suas reflexões a respeito do assunto (FREIRE, 1987).
O nosso sistema de ensino e, automaticamente, o de avaliação deixam muito a desejar. Ninguém questiona. O que nos resta é debater quais são as possibilidades e as aberturas institucionais e legais que temos de criar para modificá-lo. Enquanto não fazemos isso, seguiremos o fluxo, sem refletir na prática as teorias que tanto “admiramos”.
* Noé Comemorável de Oliveira Neto é professor da FUNEC no Centro Universitário de Caratinga e na Escola Professor Jairo Grossi. Graduado em Física pelo UNEC, com especialização em Ensino de Física pela mesma instituição e mestrado em ensino de Física pela Universidade Federal de Viçosa, atua em pesquisa voltada para a Educação de Jovens e Adultos. Apesar da formação voltada ao ensino de ciências, o professor possui algumas publicações também na área literária, com contos e poemas publicados em antologias.
Mais informações sobre o autor(a), acesse: http://lattes.cnpq.br/9593195349973608