CARATINGA – Em 1995, o governo federal alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, ampliando a oferta de cursos de ensino superior. Embora grande parte da juventude brasileira tenha conquistado o acesso à faculdade, essa expansão não atendeu totalmente à população. Assim em 2005 foi lançado o Programa Universidade para Todos (Prouni), que permitia que as instituições compensassem os impostos com vagas em salas de aula. Já em 2010, o governo percebeu que a demanda por educação era maior do que o Prouni poderia suprir, lançou o novo Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), no qual as instituições de ensino superior juntamente com o Fundo acional de Desenvolvimento de Educação (FNDE), eram solidárias à dívida dos alunos, permitindo que pudessem estudar sem fiador.
No entanto, o governo federal reduziu drasticamente o acesso ao FIES e para discutir o problema e buscar soluções, a Câmara de Caratinga, a pedido do vereador Diego Oliveira, pediu que fosse realizada uma audiência pública, que aconteceu na noite de segunda-feira (22).
O vereador Diego disse que existe um movimento ingressado pelos alunos, chamado “Sou mais educação”, que percebendo que a questão do FIES teve alguns entraves e a falta de recurso enviado para esta área da educação começou a movimentar. Diego explicou que em Manhuaçu teve uma audiência e o procurador da República Lucas Gualtieri, já entrou com ação civil pública pelo fato dos alunos demonstrarem muitas coisas que aconteceram na hora do cadastro ao programa pela internet, como como CPF inválido, sistema lento e outros. “A intenção com esta audiência é fazer um documento e mostrar que em Caratinga vários alunos tiveram problemas e encaminhar ao executivo federal”.
Roberto Miranda Pimentel Fully, professor nas Faculdades Integradas de Caratinga, ressaltou que o objetivo do movimento “Sou Mais Educação” é pedir aos vereadores que ouçam suas reclamações e os problemas que estão passando em decorrência da mudança de regra do FIES, para atender o superávit fiscal do governo federal, com o desequilíbrio das contas públicas, que está imputando para o setor de educação pagar. “Queremos que voltem as regras de 2014 e que garantam acesso dos estudantes ao FIES. Mais de 200 mil alunos ficaram sem ter acesso ao FIES no primeiro semestre, achamos isso nefasto, uma política desmedida e estamos brigando por isso. Hoje queremos que a Câmara mande para o Ministério Público Federal, que tem sede em Manhuaçu, que encaminhem para o Senado e Câmara Federal e que cada vereador fale com seus partidos o reclame dos alunos, pois sem FIES, os alunos não conseguem estudar”, disse Fully.
Rayane Caetano Lopes, 19 anos, cursa Ciências Contábeis, primeiro período, ela contou que a maioria dos alunos entrou na faculdade com intuito de conseguir FIES, mas na hora do cadastro o site mostrava que a instituição não tinha vagas, quando na verdade tinha senha incorreta e outros problemas.
O valor da mensalidade de Rayane é R$ 832 e ela não está pagando por falta de condições. “Assim que comecei a estudar, perdi o emprego. Se não conseguir o FIES, terei que parar a faculdade, como vários colegas já fizeram”, lamentou Rayane.