CARATINGA – O presídio de Caratinga completa 13 anos no mês de junho e para comemorar a data foi realizada uma solenidade para inaugurar a parceria com uma empresa de blocos, onde os detentos do regime semiaberto podem trabalhar, e conseguirem remissão de pena e receber 1/3 do salário mínimo.
A diretora geral do presídio Maria Alice Mendes Gomes disse que está muito feliz por comemorar a data contabilizando os avanços adquiridos ao longo dos 13 anos. “A gente tem feito o melhor para contribuir com a segurança pública na nossa comarca. Muitas parcerias foram firmadas, para que a gente pudesse melhorar e investir cada vez mais no combate ao crime organizado, dentro da unidade, e uma delas é a locação do aparelho de body scan que contribui para que a revista dos visitantes seja feita de forma mais eficiente, inibindo a entrada de materiais ilícitos”, disse a diretora.
Durante as comemorações, a unidade aproveitou para formalizar a parceria de trabalho para os detentos com a ConstruFácil, uma empresa voltada para a construção civil. “A mão de obra dos presos será utilizada nesta parceria que é firmada com o estado, e além da remissão de pena, os detentos ainda receberão 1/3 do salário mínimo, para utilizar com eles ou em benefício da família, e além disso, quando deixarem o presídio, terão uma formação profissional que vão adquirir ao longo desse tempo, o que é o mais importante para se prepararem para voltar à sociedade. E uma visão que a empresa teve foi contratar a mão de obra de ex-detentos, porque quando deixam a unidade, as oportunidade de trabalho diminuem e vão até a zero”, disse Maria Alice.
Priscila Teixeira Dias Reis Resende, proprietária da ConstruFácil, explicou que o produto ‘blocom’, foi criando em 2013 de modo manual, utilizando fôrmas de madeira. O produto é composto por cimento, aditivo, areia de pedra, malha de aço, EPS –popularmente conhecido como isopor, e água na versão de concreto, ou composto por gesso malha de aço, EPS e água na versão de gesso. “Os blocos surgiram como alternativa aos meios tradicionais, pois traz agilidade, traz o produto pré-fabricado. Essa iniciativa surgiu com a ideia de trazer para Caratinga algo que fosse inovador na área da construção civil. A gente buscava algo que trouxesse agilidade, economia e não deixasse de ter qualidade. Foi quando a gente encontrou a franquia do produto blocom, e aí a gente também colocou como premissa buscar algo que a nossa empresa tivesse compromisso social. Foi então que surgiu a ideia de procurar a secretaria de Segurança Pública, através do presídio de Caratinga, para fecharmos essa parceria que é um Termo de Cooperação Técnica, para utilização de mão de obra prisional”, explicou Priscila.
A empresária disse que os detentos serão liberados para trabalhar, e terão a contrapartida de a cada três dias trabalhados, um de remissão de pena. “O pagamento da mão de obra é feito através das vias prestadas através do Dae (Documento de arrecadação estadual), uma parte desse valor vai para o estado, e a outra é como se fosse uma poupança do próprio preso, se ele tiver família ele tem acesso, se não quando tiver cumprido sua pena tem direito a acessar essa conta e obter o saldo. Além da questão do trabalho, nós temos a premissa de associar princípios e valores tratados na palavra de Deus. A nossa empresa todos os dias, antes de iniciar os trabalhos, a gente faz uma reflexão bíblica e um momento de oração, já existem inclusive estudos sobre isso, que o trabalho associado a esses princípios da palavra de Deus são muito eficazes no processo de ressocialização”.
O juiz de direito Consuelo Silveira Neto enfatizou que o presídio de Caratinga propiciou um tratamento mais humano para aqueles que se encontram presos aguardando o julgamento e também para os condenados. “E também mesmo após essa inauguração, praticamente todo ano, o presídio tem obtido melhoras, no que se refere ao cumprimento de pena, objetivando sempre resguardar a sociedade, na medida em que aquele que aqui se encontra aguardando julgamento ou cumprindo pena, possa ao final, quando tem a pena já cumprida, retornar à sociedade, com profissão, com estudo, e se reinserir já atuando dentro de uma atividade lícita”, disse o juiz.
Sobre a parceria com a empresa de blocos, o juiz Consuelo disse que veio em um excelente momento. “Esse termo assinado com a empresa vai propiciar que 15 presos do regime semiaberto possam trabalhar na unidade que está sendo inaugurada por essa empresa, no contexto do que nós entendemos como essencial no que se refere ao cumprimento de pena propiciando um novo trabalho para aqueles que se encontram em recuperação”, concluiu o juiz.
- Empresária Priscila
- Diretora do presídio, Maria Alice
- Descerramento da placa do termo de compromisso entre o estado e a empresa de blocos. Na foto, a diretora do presídio Maria Alice, a empresária Priscila e o juiz Consuelo
- Blocos que serão produzidos pelos detentos
- Autoridades participaram da solenidade