O último dia do mês de outubro é marcado pela comemoração do Halloween, uma festa tradicional nos Estados Unidos que tem conquistado cada vez mais adeptos no Brasil. Essa crescente popularidade dos festejos de Halloween pode ser atribuída a diversos fatores, como a proliferação de postagens nas redes sociais, a influência de séries de TV e filmes, ou até mesmo com a persistente ideia do “complexo de vira-lata” proposto por Nelson Rodrigues na década de 1950, que ainda ecoa na cultura brasileira.
A origem dos festejos de Halloween remonta às celebrações do povo Celta há vários séculos. É bastante provável que, em 31 de outubro, os celtas comemorassem o festival pagão chamado Samhain, dedicado às celebrações pelo fim das colheitas, uma tradição comum em diversas culturas da antiga Europa. Até mesmo a famosa decoração com abóboras, tão comum nos EUA, tem suas raízes nessa tradição celta.
A festa de Halloween foi, posteriormente, levada para os Estados Unidos por imigrantes escoceses e irlandeses, adquirindo adaptações características da cultura norte-americana. A tradição de usar fantasias e fazer travessuras remonta ao antigo costume de deixar comida fora de casa para acalmar espíritos inquietos. À medida que o tempo passou, o Halloween evoluiu para incorporar elementos de várias culturas, incluindo a influência dos imigrantes irlandeses e escoceses, tornando-se a festa de hoje, com abóboras esculpidas, casas assombradas e festas temáticas.
No Brasil, a influência da cultura do Halloween é cada vez mais visível. No entanto, isso é preocupante para a preservação do nosso folclore, pois 31 de outubro também é o Dia do Saci-Pererê, um dos personagens mais emblemáticos de nossa rica tradição folclórica. Embora seja natural que as culturas se influenciem mutuamente, a crescente popularidade do Halloween no Brasil não deve obscurecer a riqueza do nosso próprio patrimônio folclórico. A substituição das tradições do Dia do Saci pelo Halloween representa um desafio à nossa identidade cultural.
O Brasil, além do Saci-Pererê abriga uma diversidade incrível de lendas, como o Curupira, o Boitatá e o Boto. Cada uma dessas histórias traz consigo uma conexão única com nossa geografia, fauna e flora. Preservar e promover nosso folclore não apenas fortalece nossa identidade como nação, mas também enriquece nossa compreensão da natureza e da história do Brasil.
Uma maneira eficaz de resistir à influência estrangeira e preservar nosso folclore é promover atividades que valorizem nossas tradições. Escolas e comunidades podem organizar festas temáticas do Saci-Pererê, contação de histórias folclóricas e eventos culturais para destacar a singularidade do nosso patrimônio. Além disso, é fundamental incorporar o estudo do folclore brasileiro nas escolas, garantindo que as futuras gerações tenham um profundo conhecimento de nossas tradições culturais.
Nesse sentido, um ponto positivo para a série, Cidade Invisível, criada pelo diretor e produtor Carlos Saldanha. A série explora, em sua temática, diversos personagens do folclore brasileiro, entre eles: Iara, Cuca, Curupira, Tutu e, claro, o famoso Saci.
Por fim, à medida que o Halloween ganha popularidade no Brasil, é fundamental lembrar a importância de preservar nossa cultura e valorizar nosso folclore. O Dia do Saci-Pererê, que como vimos, é celebrado no mesmo dia do Halloween, oferece uma oportunidade valiosa para promover nossa herança cultural e construir um futuro onde as tradições brasileiras sejam celebradas com o mesmo entusiasmo que o Halloween. É hora de abraçar nossa identidade cultural única, explorar as riquezas de nosso folclore e manter viva a magia do Saci-Pererê em nosso coração e em nossa sociedade. Se chegaremos lá… não sei. Mas vale tentar.