CARATINGA – Desde o início da pandemia de Covid-19, o coronavírus continua a evoluir, dando origem a muitas linhagens descendentes e até mesmo recombinantes. Uma das mais recentes é a BQ.1, uma sublinhagem de BA.5, da Ômicron, que carrega mutações em pontos importantes do vírus.
O médico infectologista Klinger Faíco explica que a variante traz preocupação, já que o vírus tem uma capacidade de mutação muito grande, principalmente vírus respiratórios. “A exemplo disso a gente tem a vacina anual contra a gripe, contra a influenza, onde os pesquisadores juntam, fazem a vigilância dessas cepas que estão circulando para formular uma nova vacina. Então a exemplo do influenza, o covid é a mesma coisa, a gente tem mutações muito grandes, e com isso esse novo vírus consegue fazer um escape do sistema imunológico, fazendo com que o paciente desenvolva a doença, que ele já está prevenindo”, ressalta Klinger.
Ainda de acordo com o médico, o que gera a mutação seria a replicação do vírus, e como não tem uma cobertura eficaz no mundo, porque não basta ter só no Brasil a vacina para todos, é preciso todos países terem. “A replicação do vírus faz com que nós estejamos sensíveis a esse surgimento de variantes. A variante BQ.1 é importante porque ela consegue driblar essa imunidade que a gente tem, então a gente tem observado o aumento do número de casos, não igual com a gravidade principalmente para aqueles pacientes que já são imunossuprimidos, que já são mais idosos, desenvolvendo essa doença, a covid-19”.
O médico infectologista explica que as pessoas que estão sendo internadas e morrendo de covid são as que não estão com esquema vacinal completo. “Algumas pessoas só tomaram a primeira dose, outros só a primeira e a segunda, sendo que já está recomendado aí para os maiores de 18 anos, as quatro doses. Então é esse o perfil, principalmente porque utilizamos estratégias diferentes de imunização, com vacinas diferentes, com tecnologias diferentes, então é muito importante que o nosso sistema imunológico seja incentivado a produção de anticorpos com essas várias possibilidades que a gente tem aí, e que uma boa parcela da população ainda não foi procurar sua dose de reforço ou completar seu esquema vacinal”, afirma Klinger.
O infectologista Klinger explica que o número de vacinados no Brasil, em termos de vacinação global, não é satisfatório. “A gente precisa continuar, a gente não sabe ainda quantas doses vão ser necessárias, mas à medida que forem aparecendo novas variantes a gente precisa ir trocando as vacinas e tomando as vacinas para prevenção. Inclusive foi aprovado recentemente a vacina bivalente pela Anvisa, que a gente não tem perspectiva de compra ainda no Brasil, e ela faz essa proteção contra essas cepas que são originárias, que não é o mesmo coronavírus que a gente encontrou lá em dezembro de 2019. Á medida que a doença vai avançando, e a tecnologia também, nós precisamos ser vacinados contra as essas cepas que estão prevalentes aí. Além disso, a vacinação das crianças maiores de seis meses também é importantíssima, temos tido muitos casos de crianças e de morte na população pediátrica, a gente sabe da importância de todos os vírus respiratórios nesse contexto infantil, as crianças desenvolvem várias doenças, gripes, resfriados pneumonia por conta disso, então a gente precisa também desse avanço que hoje em dia só está permitido a vacina infantil para as crianças que estão com comorbidade, é preciso avançar também nessa faixa etária”, enfatiza.
Sobre as vacinas disponíveis, o médico afirma que são com certeza a melhor forma de prevenção, e que apesar de terem sido muito desacreditadas, são eficazes, sendo preciso garantir a vacinação coletiva. “Além dela te proteger, protege todo mundo, a partir do momento que diminuo a replicação do vírus, eu também vou diminuir a chance de mutação, e do surgimento de novas variantes que vão driblar esses sistema imunológico”.
Sobre quantas doses ainda serão necessárias, Klinger diz que vai depender de como a doença vai desenvolver. “O que a gente espera é que a doença seja sazonal, que ela permeie os meses do período do outono e do inverno, e que assim como a gripe que a gente verifique quais as cepas que estarão rodando no hemisfério norte pra gente pra gente produzir as nossas vacinas e para nos proteger quando chegarmos no outono e inverno. Lá nos Estados Unidos, por exemplo, a gente está tendo uma grande pandemia em relação às doenças respiratórias nas crianças dos piores anos, e muitas crianças gripadas, evoluindo com pneumonia com e síndrome respiratória aguda grave, então a gente se preocupa com isso agora, pois depois do verão estaremos passando pelo outono e inverno”.
Sobre os antivirais orais, o infectologista diz que a comercialização do paxlovid já foi aprovada, e é uma importante ferramenta também, mas tem várias prerrogativas para o uso, e existem vários critérios para fazer o uso da medicação, já que apresenta várias contraindicações. “Também não é para todo mundo que a medicação foi feita, e tem o tempo de uso que tem que ser feito nos primeiros dias”.
Nesse momento a indicação do médico é que as pessoas devem ter cuidado principalmente com os pacientes do grupo de risco. “São cuidados básicos, como uso da máscara, as pessoas terem consciência dos sintomas e da testagem, cumprir com isolamento, retornar as atividades com uso da máscara e cuidado com pessoas idosas, imunusuprimidas e doentes crônicas”, conclui o médico.