Além do ponto eletrônico, executivo adotará outras medidas para garantir cumprimento da carga horária dos médicos, uma reivindicação dos caratinguenses
CARATINGA- O cumprimento da carga horária dos médicos nos postos de saúde é uma reivindicação frequente dos caratinguenses. Muitos alegam que buscam atendimentos em seus respectivos bairros, no entanto, não encontram os profissionais. Esta justificativa era utilizada por quem buscava o antigo Pronto Atendimento Municipal (PAM) e atualmente a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), local inadequado para estas demandas.
As queixas são de conhecimento da prefeitura, que já vem adotando algumas providências com o objetivo de apurar a jornada médica nos postos da cidade. No entanto, o executivo adotará uma postura mais rigorosa, conforme afirma o prefeito Dr. Welington em entrevista ao DIÁRIO DE CARATINGA. “Desde o início nós solicitamos aos funcionários da Secretaria de Saúde que fizessem essa fiscalização, justamente aos postos de saúde, para evitar que os médicos, realizassem seus atendimentos, principalmente numa pequena parte da manhã e fossem embora, ou seja, no restante do dia nós ficaríamos sem médicos, quando na verdade o objetivo do posto de saúde é justamente acolher aquelas pessoas que tenham problemas de menor gravidade, evitando que elas sejam conduzidas até a UPA”.
Conforme o prefeito, com a implantação do ponto eletrônico, se pretendia coibir esta prática. No entanto, o executivo continuou recebendo reclamações relacionadas à falta de médicas, por isso acrescentará outros métodos para verificar as denúncias. “Mesmo assim parece-me que alguns médicos têm ido lá na parte da manhã certificar o ponto, saem e só retornam no horário que é necessário colocar o dedo novamente lá para bater o ponto, na saída do almoço e saída do expediente. Temos agora um serviço de monitoramento em tempo real, inclusive hoje (ontem) na parte da manhã pedi à secretária de Administração para que tenha em mãos esse material, para justamente verificar esta situação e para que sejam tomadas as medidas administrativas pertinentes. E a outra medida que temos adotado é solicitar ao pessoal da administração que faça visitas esporádicas a esses postos, para confirmar se está ou não acontecendo isso”.
Dr. Welington ainda explica que pretende implantar um método, que ele considera será o mais eficiente para apurar esta prática e assegurar o atendimento ao cidadão. “Aquelas pessoas que comparecem à UPA buscando um atendimento que é de responsabilidade de postos de saúde; primeiro será questionado se ela passou pelo seu PSF. Caso ela diga que o médico não estava ou a enfermeira não quis que fosse atendido, colocaremos um veículo à disposição em que a diretora da UPA tendo conhecimento desses casos, essas pessoas serão conduzidas ao posto de seu bairro para atendimento”.
Para o chefe do executivo, com esta medida será possível averiguar se de fato o paciente teve seu atendimento negado. “Assim, nós teremos a certeza de que se passou por lá e não foi atendido, qual foi o motivo. E vamos confirmar se realmente os médicos estão reagindo da maneira que as pessoas estão informando. Acreditamos que em alguns casos pode realmente estar acontecendo e precisamos ter essa confirmação. Todo mundo que trabalha deve ter responsabilidade, ainda mais na prefeitura, onde temos feito um esforço até sobrenatural para estar fazendo o pagamento deles em dia, às vezes até de forma antecipada. Exigimos do servidor que ele trabalhe, nada além disso, se ele vende o serviço dele, nós estamos pagando o preço que foi contratado quando ele foi admitido na prefeitura. Esperamos que com essas ações tenhamos a possibilidade de realmente detectar esses problemas e a certeza de que serão atendidos na UPA, somente aqueles que precisarem do atendimento de urgência e emergência”.
SITUAÇÃO DA SAÚDE
A Unidade de Pronto Atendimento funciona como porta aberta, para entrada dos casos mais complexos. No entanto, logo nos primeiros dias após a suspensão dos atendimentos no Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, foi registrado um número maior de pessoas em busca de atendimento no local.
Para o prefeito, esse movimento não está associado necessariamente ao fechamento do hospital, mas, àquelas pessoas que normalmente deveriam procurar os postos de saúde, mas estão procurando a UPA. “Quando houve esse fechamento abrupto do hospital, apesar que vinha sendo anunciado há muito tempo, a UPA já se preparou para esse tipo de situação. Mas, o hospital tinha lá também uma porta aberta e fazia o mesmo serviço, no meu modo de entender inadequado, que não era para o hospital fazer, lá é atendimento médico de alta complexidade. O que os PSFs tinham que fazer o hospital fazia. Essas pessoas hoje com problemas menores, que antigamente compareciam ao hospital e eram atendidas, ao invés de irem ao PSF como já deveriam fazer no passado, estão procurando a UPA. Por isso que o atendimento aumentou um pouco. Mas, com essas medidas que vamos adotar, acredito que isso vá diminuir em um breve espaço de tempo. Precisamos contar com o comprometimento das pessoas que trabalham na área de saúde e na administração pública do município, para que tenhamos o atendimento de qualidade que a população merece”.
Dr. Welington ainda frisa que a Secretaria de Saúde se articulou e elaborou um fluxo emergencial, para garantir assistência à microrregião. “Hoje a porta aberta continua sendo a UPA. E se nós formos comparar praticamente não houve muita mudança, porque tudo isso já vinha sendo feito, porque o hospital não atendia. Já tivemos casos de uma pessoa ficar internada na UPA por 12 dias, quando o máximo que pode ficar é 48 horas. O que estava nos impactando eram os atendimentos cirúrgicos e ortopedia, que hoje (ontem) a secretária está reunida com a administração da UPA com o superintende regional de saúde, para definir esta questão. Mas, o ideal é que tenhamos novamente o hospital funcionando”.
Para comentar a situação da saúde em Caratinga com hospital e maternidade de portas fechadas, o prefeito disse que há situações em que é “necessário morrer para ressuscitar”. “Nós estamos bastante tristes em função disto, mas, às vezes é preciso nascer novamente de uma forma muito melhor do que a vida que tinha anteriormente. E o hospital acho que está nessa situação, mas gostaríamos de deixar para a população de Caratinga um esclarecimento de que a prefeitura não tem responsabilidade nenhuma sobre a gestão do hospital e nem sobre o fechamento dele, mas, terá responsabilidade na reabertura dele”.
Dr. Welington finaliza afirmando que tem expectativa de que o Hospital Nossa Senhora Auxiliadora retome seus atendimentos em breve. “As pessoas poderão dizer que a reabertura do hospital passou pelas mãos da prefeitura de Caratinga. E temos certeza absoluta que nos próximos dias teremos o hospital novamente funcionando e em condições infinitamente melhores que aquelas que estava funcionando antes do fechamento”.