CARATINGA- Após o anúncio da Petrobras de reajuste dos preços da gasolina e do diesel em suas refinarias, a partir desta terça-feira (26), os postos já começaram a alterar os valores nas bombas.
Em Caratinga, os preços praticados nesta quarta-feira (27) ultrapassavam R$ 7, considerados sete postos de combustíveis apurados pelo DIÁRIO. Foi considerado somente um posto da mesma rede, no caso de praticarem o mesmo preço.
O litro da gasolina vendido pela empresa às distribuidoras passou de R$ 2,98 para R$ 3,19, o que representa um aumento de R$ 0,21 ou de cerca de 7%. A Petrobras afirma que a parcela da gasolina vendida nas refinarias no preço final do produto encontrado nos postos chega a R$ 2,33, com um aumento de R$ 0,15. A variação é menor que os R$ 0,21 de reajuste nas refinarias porque a gasolina tem uma mistura obrigatória de 27% de etanol anidro.
Já o litro do diesel passou a ser vendido por R$ 3,34 nas refinarias da Petrobras, o que representa um aumento de cerca de 9% sobre o preço médio atual, de R$ 3,06.
No caso do diesel, a Petrobras calcula o impacto para o consumidor final de um aumento de R$ 0,24, porque o diesel vendido nos postos tem uma mistura obrigatória de 12% de biodiesel.
CONSUMIDORES
A respeito do preço dos combustíveis, a reportagem conversou com José Agripino, morador do Bairro Nossa Senhora Aparecida, que abastecia o seu veículo na manhã de ontem. “Na terça-feira era R$ 7, hoje é R$ 7,28. Mas isso aí é culpa do governo, o governo fala que vai mudar as coisas, mas não muda. Isso é política, o Brasil vai acabar nas mãos de políticos. Sobre os preços das coisas a gente tem que lutar para não ficar à toa, ficar desempregado é pior, graças a Deus a gente tem recurso para manter, mas está difícil manter, quem não aguenta está passando dificuldade, não tem jeito de andar. O carro é para usar quando precisa, andar à toa não dá”.
Nas redes sociais, internautas responderam a uma enquete sobre o que tem provocado o aumento do preço dos combustíveis. Um deles opinou: “O Brasil é autossuficiente na produção de petróleo, mas, não consegue refinar para cobrir a demanda, daí tem de importar gasolina e derivados, nesse caso tem que acompanhar o mercado internacional. Mas, a coisa está chegando numa situação de inviabilidade para o consumidor, principalmente de diesel, ou seja, o governo vai ter que encontrar outra forma de reajuste”.
Já outro internauta emitiu a seguinte opinião: “O que tem provocado? Infelizmente, o brasileiro mesmo, porque quando há paralisação para uma reivindicação contra o aumento, o que o brasileiro faz? Vai para as filas e enche os tanques, deixa os postos sem combustível, ou seja, quer melhoria, mas não ajuda a classe que luta para essa melhoria acontecer. Se chegar a R$ 10, vai ter filas quilométricas do mesmo jeito. Enfim, o brasileiro está colhendo o que ele mesmo planta”.
NOVO AUMENTO É ESPERADO
Conforme Giovânio Ribeiro, representante do Posto Itaúna, uma série de fatores impactam na oscilação do preço dos combustíveis. “O grande vilão hoje no Brasil ainda é os impostos. Todo mundo sabe que o petróleo é um commodity e essa commodity no mundo inteiro está com preço disparado. Hoje, entre 182 países do mundo o Brasil é o 91° em termos de preço de combustíveis. Estamos muito abaixo da média mundial. Há lugares como, por exemplo, Portugal, que a gasolina está R$ 18, na Inglaterra R$ 19 e nos Estados Unidos já está R$ 13. Os commodities estão disparados, mas, vejo isso como um exagero. Não há necessidade para isso, basta mexer nos impostos, na maneira como são cobrados, tem imposto que é cobrado em duplicidade. E quem paga é o consumidor”.
Giovânio reafirma que os impostos causam um grande impacto nos preços. “Não há porque a gente pagar 73% de imposto sobre o litro de combustível. E o que é pior, o Governo baseia o preço do combustível no preço que ele acha que eu estou vendendo. Aqui na empresa Posto Itaúna praticamos um preço, o Governo cobra da gente de 6% a 8% a mais sobre o preço que está na bomba. Isso é nível Brasil, todo mundo faz isso”.
Ele ainda acrescenta dificuldades enfrentadas pelos revendedores de combustíveis. “Nós dos postos sofremos muito, mas, muito mais do que o consumidor. O consumidor tem a opção de parar e nós do segmento de postos de gasolina não temos opção de parar. Quando há esses aumentos, a primeira coisa que acontece é o cliente ter cautela, como vai gastar e onde vai gastar esse dinheiro dele. Ele não sai com a mesma rotina de antes. E minha rotina e despesa continua a mesma, isso tem causado um seríssimo problema para o setor de combustíveis de forma geral”.
O preço do combustível deve seguir em alta, como analisa Giovânio. “Está subindo em média toda terça-feira, às vezes na terça e na sexta. É esperado, infelizmente, não tem o que fazer. Teve uma paralisação dos caminhoneiros na semana passada, para alertar sobre isso e agora há uma previsão de greve dos caminhoneiros, justamente para tentar amenizar essa situação. Espero que dê certo, mas, é muito difícil”.
O QUE DIZ A PETROBRAS
A Petrobras justifica que os reajustes no preço garantem que o mercado “siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento”.
“O alinhamento de preços ao mercado internacional se mostra especialmente relevante no momento que vivenciamos, com a demanda atípica recebida pela Petrobras para o mês de novembro de 2021. Os ajustes refletem também parte da elevação nos patamares internacionais de preços de petróleo, impactados pela oferta limitada frente ao crescimento da demanda mundial, e da taxa de câmbio”, afirma a empresa.