Aumento significativo de andarilhos na Praça Cesário Alvim tem preocupado a população
CARATINGA – A situação da Praça Cesário Alvim tem causado preocupação aos caratinguenses. O local que antes era mais uma opção de lazer, se transformou em um ambiente completamente desanimador. A ‘Praça das Palmeiras’ ou ‘Praça da Catedral’, como é bastante conhecida, é lembrada por caratinguenses e visitantes pela Catedral de São João Batista e o coreto Ronaldinho Calazans. Mas, o aumento significativo do número de andarilhos na Praça tem causado espanto. O local tornou-se ponto de parada para os andarilhos. De dia ou à noite, lá estão eles, atrás da Catedral ou ocupando os bancos. Drogas, prostituição e brigas. Cenas como essas são comuns e aos poucos apagam a imagem de um dos mais conhecidos cartões postais de Caratinga.
Aos poucos o cenário da Praça Cesário Alvim vem se desfigurando. Começou pelo coreto (atualmente passando por reformas), que constantemente recebia alguns andarilhos, mas nada comparado ao que a Praça recebe hoje. A população se questiona sobre o que será capaz de frear a ocupação desordenada do espaço.
A Reportagem conversou com algumas pessoas que falaram da sua preocupação em relação a este problema. Localizada estrategicamente no coração da cidade, a todo o momento passam crianças, universitários e trabalhadores e que cortam caminho pela Praça. Agora é preciso cautela.
O professor universitário Wagner Maciel caracteriza a situação como “lamentável” e fala que levar assistência aos andarilhos é um desafio. “A gente fica triste porque não consegue perceber uma política voltada para um amparo, até mesmo por parte dos próprios andarilhos. Às vezes o poder público municipal faz a parte dele, o estadual e o federal também, mas, partindo dos próprios usuários daqui da praça, os andarilhos, eles não aceitam nenhum tipo de ajuda. Aqueles que aceitam, a gente fica feliz, nós temos instituições que conseguem prestar um serviço com a qualidade muito boa”.
Wagner acredita que o desenvolvimento da cidade trouxe como consequência natural o aumento das pessoas em situação de rua. “Vemos um quadro hoje em Caratinga que, infelizmente, é o preço que a sociedade está pagando pelo desenvolvimento. Vamos dizer assim, é automático, aumenta o número de pessoas que usam as ruas às vezes para poder morar, passar o tempo. A gente fica triste porque não vê muita perspectiva de vida para essas pessoas”.
Enquanto os andarilhos ainda ocupam a Praça, Wagner afirma que não é mais possível utilizá-la para o lazer. “Infelizmente não há possibilidade de levar a sua família à praça, hoje também não é uma questão só de Caratinga, acontece em todo lugar, em função do desenvolvimento Caratinga também está passando por esse processo. Não me sinto seguro de trazer, sempre que tenho que trazer estou acompanhando, porque tenho filhos adolescentes e evito de deixar que fiquem sozinhos aqui”.
João Mariano Filho também lamenta a situação do local e afirma a necessidade de meios para levar assistência a estes andarilhos. “Aqui é um local de lazer da cidade e um dos cartões postais. Deveriam os órgãos competentes dar assistência devida a eles e direcioná-los para uma melhor qualidade de vida, porque até para eles isso aqui não está legal, estão dormindo na grama e causando prejuízo para quem frequenta aqui à noite ou pela manhã. Deveria ser mais fiscalizado e quem tem problemas com drogas encaminhar para um tratamento, se for por causa de emprego, arrumar um emprego. Nunca se viu um número tão agravado desse problema em Caratinga”.
Júlio Maria Rodrigues, professor e músico, considera que este é um problema social que não depende somente do poder público, mas também exige iniciativa da população. “Realmente me sinto constrangido, porque se entende que a praça é um local mais familiar, onde se traz as crianças para brincar, independente de preconceito, mas não fica bem as crianças no meio dessas pessoas. Entendo que deveria haver uma iniciativa, uma mobilização da própria sociedade mesmo, a força está com a gente. Vamos colocar isso em pauta. Falta um pouco de interesse de todos, é fácil jogar a culpa no outro, mas será que estamos fazendo a nossa parte, ou pelo menos cobrando de quem pode fazer?”.
A reportagem tentou contato com alguns andarilhos, mas eles foram arredios quando ficaram sabendo do conteúdo da conversa.