CARATINGA- O movimento durante todo o dia de ontem foi considerado atípico nos postos de saúde de Caratinga. Filas enormes e muitas dúvidas sobre a Febre Amarela Silvestre. Logo pela manhã a demanda já era grande nas unidades de saúde. Os caratinguenses foram cedo em busca de vacinação, diante das informações do surto localizado da doença na região e após a notícia de mais um óbito suspeito. Segundo informações colhidas pela reportagem, as doses já estão se esgotando em alguns pontos e estão sendo repostas.
O DIÁRIO DE CARATINGA percorreu alguns postos de saúde e registrou o intenso movimento. “Bastante procura. A demanda aumentou hoje (ontem), porque as pessoas não estavam muito cientes como estão agora”, avaliou a técnica de enfermagem do Bairro Santa Cruz, Elenice Batista de Miranda.
A população está apreensiva e tem buscado a imunização, mesmo ainda sem a confirmação da doença
que provocou a morte dos lavradores na região. Arnaldo Moreira, funcionário público, saiu cedo de casa para se vacinar. “Eu trabalho em todas as áreas aqui na região. Sou do Rio de Janeiro e lá a gente não toma essa vacina, nunca tinha tomado. Então, já que estou aqui e corro esse risco, melhor tomar. Quis me precaver, já estou com 62 anos. E também vou tomar contra a Malária”.
Na Unidade V, que fica na Praça da Estação, a fila se estendia pela calçada e o número de pessoas chamou atenção. Márcia Maria da Silva, recepcionista, também procurou o posto de saúde e afirma que a palavra de ordem é precaução. “A gente tem que tomar cuidado com esse início de surto da febre amarela e se prevenir. Já tomei uma vez e estou renovando essa vacinação, numa maneira de precaver”.
Marcilene Maria, auxiliar de serviços gerais, levou a filha para se vacinar. Ela disse que acompanha atentamente a caderneta de vacinação. “Tem que prevenir, o surto está grande, já foram até mensagens repassadas que animais morreram e não se sabe de que. Então, o risco é muito grande. Ficar atento, aproveitar a oportunidade dessas vacinas gratuitas que a gente tem”.
É importante destacar que o Ministério da Saúde recomenda às pessoas que residem ou viajam para regiões silvestres, rurais ou de mata, que são Áreas com Recomendação da Vacina contra febre amarela, a vacinação contra a doença. Os meses de dezembro a maio são o período de maior número de casos com transmissão considerada possível em grande parte do Brasil.
ENTENDA
A vacina contra a febre amarela é ofertada no Calendário Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e é enviada, mensalmente, para todo o país. Em 2016, foram repassados aos estados mais de 16 milhões de doses, sendo mais de 3 milhões para o estado de Minas Gerais. Todos os estados estão abastecidos com a vacina e o país tem estoque suficiente para atender toda a população nas situações recomendadas. O estado de Minas Gerais conta com 250 mil doses em estoque.
A vacina é altamente eficaz e segura para o uso, a partir dos nove meses de idade, em residentes e viajantes a áreas endêmicas ou, a partir de seis meses de idade, em situações de surto da doença. O vírus da febre amarela se mantém naturalmente num ciclo silvestre de transmissão, que envolve primatas não humanos (hospedeiros animais) e mosquitos silvestres. O Ministério da saúde realiza a vigilância de epizootias (doenças que atacam animais) desde 1999, com o objetivo de antecipar a ocorrência da doença. Assim é possível fazer a intervenção oportuna para evitar casos humanos, por meio da vacinação das pessoas e também evitar a urbanização da doença por meio do controle de vetores nas cidades.
A Organização Mundial da Saúde considera que apenas uma dose da vacina já é suficiente para a proteção por toda a vida. No entanto, como pode haver queda na imunidade com o tempo de vacinação, o Ministério da Saúde definiu a manutenção de duas doses da vacina Febre Amarela no Calendário Nacional de Vacinação, conforme quadro abaixo:
Faixa etária | Esquema vacinal |
9 meses | 01 dose |
4 anos | Reforço |
5 a 59 anos | 02 doses |
Além da vacinação, as pessoas que planejam turismo rural, pescaria, visitação de reservas naturais, parques ecológicos, cachoeiras, rios, florestas, parques urbanos, bem como aqueles que praticam atividades laborais relacionadas ao extrativismo, à fauna e à flora em ambientes rurais e silvestres, devem adotar outras medidas de prevenção, tais como: utilizar roupas que proteja todo o corpo (sapato fechado, camisa de manga longa e calça comprida), usar repelentes e evitar ou reduzir a exposição no horário de maior risco (9h às 16h).
Apesar da alta eficácia do imunobiológico, o Ministério da Saúde alerta que nos casos de pacientes com imunodeficiência, a administração desta vacina deve ser condicionada a avaliação médica individual de risco-benefício e não deve ser realizada em caso de imunodepressão grave.
Indivíduos com história de reação anafilática relacionada a substâncias presentes na vacina (ovo de galinha e seus derivados, gelatina e outros produtos que contêm proteína animal bovina), assim como pacientes com história pregressa de doenças do timo (miastenia gravis, timoma, casos de ausência de timo ou remoção cirúrgica), também devem buscar orientação de um profissional de saúde.
Contraindicações
➔ Crianças com menos de seis meses de idade
➔ Gestantes
➔ Pacientes com imunossupressão de qualquer natureza, como:
– Pacientes infectados pelo HIV com imunossupressão grave, com a contagem de células CD4 <200 células/mm3 ou menor de 15% do total de linfócitos, para crianças com menos de 6 anos de idade.
– Pacientes em tratamento com drogas imunossupressoras (corticosteroides, quimioterapia, radioterapia, imunomoduladores).
– Pacientes submetidos a transplante de órgãos.
– Pacientes com imunodeficiência primária.
– Pacientes com neoplasia