Quase 30 pessoas residem atualmente no espaço público de Caratinga
CARATINGA- A Prefeitura de Caratinga, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social, através das ações desenvolvidas pelo Centro de Referência de Assistência Social (Creas) tem buscado garantir os direitos das pessoas em situação de rua para que possam buscar novos projetos de vida e inclusão social, amparados pela Política Nacional da Pessoa em Situação de Rua (PNPSR).
A Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais define o Creas como equipamento da proteção social especial de média complexidade referenciando oferta de serviços especializados para pessoas que se encontram em situação de risco social ou pessoal e por violação de direitos. Dentre os serviços ofertados destaca-se o Serviço Especializado de Abordagem Social e o Serviço Especializado para pessoas em Situação de Rua, buscando a superação da violência sofrida.
Em 2019, a equipe decidiu inovar e não realizar a campanha educativa “Não dê Esmolas Doe Cidadania”, como ocorreu em anos anteriores. Informar, partilhar, à comunidade caratinguense acerca da complexa realidade vivenciada por pessoas em situação de rua, crianças e adolescentes em situações de risco social, trazendo à tona a corresponsabilidade no exercício da garantia dos direitos deste público. Com este objetivo, será realizada a campanha “POP RUA: Semear direitos é colher cidadania”.
O secretário de Desenvolvimento Social Aluísio Palhares frisa a importância de que toda a sociedade se envolva no diálogo por políticas voltadas a este público. “É um trabalho voltado a esta população em situação de rua, lembrando que o ideal é que tenhamos condição de oferecer a eles possibilidade, caminho, oportunidade de sair deste local, que não é digno para as pessoas morarem. Quero fazer um chamado de atenção à sociedade, que é algo que é de interesse de todos, nós que temos nosso lar, nossa família. Que façamos uma união, porque é um trabalho de rede. Precisamos muito do envolvimento de todos, alguém que nessa situação sofre e, portanto, precisa do nosso apoio.
SITUAÇÃO
O município de Caratinga, por ser cortado pela BR-116, recebe um grande número de pessoas em situação de rua ou em situação migratória de várias partes do país e até mesmo de países vizinhos como a Argentina, Uruguai, Colômbia e Venezuela, por exemplo.
Estas pessoas passam pela cidade em busca de abrigo, alimento ou pelo serviço de passagem, indicando a necessidade de intervenções pontuais que favoreçam o acesso serviços que oportunizem a autonomia e o desenvolvimento de habilidades para o enfrentamento de realidades distintas (violência, crueldade, discriminação, isolamento social, risco e vulnerabilidades distintas) ligadas ao público referido.
De acordo com a coordenadora do Creas, Gisele Rismo, acolhidos pela população e por pessoas em situação de rua ou usuários de álcool e outras drogas, acabam estabelecendo algum vínculo com outros moradores de rua, permanecendo na cidade. “Outro fator importante de ser destacado é a incidência de crianças e adolescentes em situação de mendicância e trabalho infantil pelas ruas da cidade, sendo em muitos casos aliciados por adultos, onde a esmola se torna moeda de troca para o uso e/ou tráfico de drogas, exploração de mão de obra barata e ilegal, prostituição ou abuso sexual. Situações estas que demandam identificação e tratamento adequado. Por fim, situações essas que precisam ser discutidas com a comunidade e os próprios indivíduos alvos das ações, munindo-os de ferramentas uteis enquanto parceiros ativos na transformação dessas realidades”.
Gisele ressalta que, em média, 27 pessoas residem hoje no espaço público da cidade. “Porém, a população em situação de rua também está em processo migratório, como nossa cidade é cortada pela BR, passam muito pela cidade, deferimos passagem para essa população, não temos como atender até a cidade de origem ou o destino final, mas, podemos atender em um raio de 100 km. Quem, por exemplo, fala que vai para Vitória, nós deferimos passagem até Manhuaçu; quem vai para Belo Horizonte, deferimos passagem até Ipatinga; e temos contato com esses outros serviços dessas localidades, para que eles não fiquem também sem uma referência da política de assistência social nesses locais”.
O último relatório mensal apresentado para o Conselho Municipal de Assistência Social aponta 86 passagens deferidas. “Esse número oscila, interessante que ele tem um aumento significativo durante a colheita de café, onde o município de Caratinga é um dos focos da população em situação de rua e também Manhuaçu”.
A AÇÃO
A campanha “POP RUA: Semear direitos é colher cidadania” terá uma das etapas hoje, envolvendo vários setores públicos, incluindo panfletagem e orientações. O evento acontece na Praça Cesário Alvim, a partir das 9h.
A ação pretende aproximar a “Pop Rua” de um convívio comunitário sadio, minimizando “tensões sociais”, onde pessoas de várias idades e concepções se reconheçam como atores sociais equivalentes num mesmo espaço (“a praça”) permitindo-se a transformação pessoal e social, como afirma Dionatan Carlos, psicólogo do Creas.
“O objetivo principal da campanha é fazermos com que a sociedade conviva. Teremos um cantinho da escuta, promovido por estudantes de Psicologia, onde toda a população poderá participar. A sociedade tem que entender que é um público como qualquer outro, não há diferença para nós entre o público A e o público B. A ideia dessa campanha é justamente fazer com que esse paradigma social entre uma sociedade que fica à margem e uma outra sociedade que se sente incomodada seja quebrado de alguma forma”.
Um comentário
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Aluisio, sempre na nobre atitude de socorrer os ´pequeninos´……… felicidades