*Álisson Lívio Gonçalves Corrêa
Aristóteles dizia que o ser humano é por natureza um “animal social”, ou em outras palavras um “ser social”.
Em nosso cotidiano nos deparamos com uma diversidade de situações em que, necessariamente, mantemos contato com o outro.
São diversos tipos de relacionamentos que mantemos em nossas vidas, tais como familiar, profissional, em entidades, condomínios e outros. Certo é que não se vive sem alguma experiência de interação social.
Certo é também que o “sucesso” do indivíduo está diretamente ligado à habilidade no trato e no contato com outras pessoas e, nesse sentido, a manutenção de relacionamentos “saudáveis” são assim uma poderosa chave, tanto para o crescimento pessoal quanto profissional.
Todavia, infelizmente, por vezes nossos relacionamentos apresentam obstáculos e dificuldades, que se não superados, são medida certa para diversos males e, até mesmo para o fracasso de uma empreitada.
Diversos contos e reflexões, encontrados em diversas mensagens que circulam nas redes sociais, nos trazem uma interessante comparação, que identificam o porquê do homem apresentar tantos problemas de relacionamento. A “lição” que tais textos trazem é que temos construído mais “muros” do que “pontes”.
Partindo deste ponto, podemos ver que há lógica e grande ensinamento nestas peças. Pensando “arquitetonicamente” muros isolam, separam, dividem. Pontes, ao invés, conectam, unem, aproximam. Filosoficamente então, muros são atitudes negativas que nos afastam e nos impedem de ver o bem no semelhante; Pontes são, ao contrário, boas ações que fortalecem e cultivam relacionamentos saudáveis.
Podemos usar como exemplos de tijolos que vamos construindo nossos “muros”, entre outros, a dificuldade em nos comunicarmos e, em especial a falta de sabedoria ao falarmos e também por não ouvirmos o outro com a devida atenção e zelo.
Quanto ao “saber” ouvir, certo é que, por vezes, ouvimos muito, mas escutamos realmente pouco. Ficamos ensimesmados, fechados em nossos conceitos, preconceitos, certezas inabaláveis e, porque não dizer, em nossas vaidades e arrogâncias. Ouvimos o outro, mas não damos às palavras dele a devida importância. Logo o interrompemos, contando nossas histórias, nossos casos, em uma ilusão que somos mais importantes que qualquer um.
E, neste atropelo, perdemos, frequentemente, preciosas oportunidades de aprendizado. Quer porque, simplesmente, não prestamos atenção naquilo que nos foi dito, ou pelo fato de que, por vezes falamos demais e acabamos por agredir, afastar, isolar ou humilhar.
Como é bom perceber alguém nos escutando de verdade, prestando de fato atenção naquilo que dizemos. Ora, se é bom ser escutado, também é ótimo escutar, estar disponível para o outro. Dar a ele a mesma sensação.
Já dizia RUBEM ALVES, no texto “ESCUTATÓRIA” (O amor que acende a lua, pág. 65. Ed. Papirus) que “escutar é complicado e sutil”, e que “não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma. “Daí a dificuldade: a gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor”.
No outro sentido, por vezes, se utiliza palavras ríspidas no trato com o interlocutor, de tal modo, que criamos distâncias que se tornam praticamente intransponíveis.
Salomão já dizia com muita propriedade que “a resposta calma desvia a fúria, mas a palavra ríspida desperta a ira”. Provérbios – 15:1 e, ainda que “o homem irritável provoca dissensão, mas quem é paciente acalma a discussão”. Provérbios – 15:18
O autor de Provérbios nos convida à calma e à sensatez. A palavra sensata, dita no momento certo e da maneira correta, apazigua tempestades. De lado outro, palavras erradas ditas no momento errado levam ao fim vários relacionamentos.
Diz o dito popular que a palavra é igual flecha, uma vez proferida, não volta mais.
Neste aspecto cabe uma reflexão. Tenho construído pontes ou muros? Minhas atitudes com meus colegas, confrades, com meus familiares, colegas de trabalho, subordinados ou chefes estão criando relações saudáveis? Estou, por meio de minhas palavras isolando ou conectando pessoas?
Por fim, citando William Shakespeare “Se você se sente só, é porque ergueu muros em vez de pontes”.
ÁLISSON LÍVIO GONÇALVES CORRÊA é advogado. Membro da Loja Maçônica São João Evangelista de São João Evangelista/MG e Membro Efetivo da Academia Maçônica de Letras do Leste de Minas