Fato chamou a atenção de moradores, que alertam para a aparição de centenas de peixes boiando
CARATINGA – A cena é impressionante: centenas de peixes boiando em um rio que corta o perímetro urbano do distrito de Sapucaia, zona rural de Caratinga. A aparição de peixes mortos, que começou a ser registrada nos últimos dias, pode estar ligada a indícios de poluição que apareceram no rio há pelo menos um mês.
A mortandade atingiu espécies como lambari, cará e traíra. Os peixes, que desceram o rio, surgiram nas margens e pareciam se multiplicar em poucos minutos. O fato tem despertado a curiosidade dos moradores, que também fazem um alerta.
A situação é considerada atípica. Moradores antigos afirmam nunca ter visto algo parecido no local. Segundo Antônio Domingos, conhecido como “Toninho Dudu”, há alguns dias a água apresentava coloração diferenciada, o que já chamou a atenção. “Hoje está até mais claro, mas estava vermelha que nem sangue. Agora está assim, com essa ‘nata’. Alguma coisa tem, sou nascido e criado aqui e nunca vi peixe boiando assim”, avalia.
Toninho afirma que não se sabe o motivo do problema. “É
muito peixe que morreu mesmo. E a água está assim somente neste canal. O esgoto vai direto ao rio, a gente sabe que os produtos de limpeza prejudicam os cursos d’água. Se as pessoas não conscientizarem um pouco, infelizmente a tendência é essa. Mas, só mesmo uma análise para dizer a causa dessa poluição”.
Ao longo desta semana, inúmeros peixes foram resgatados e levados para um poço vizinho. Jean de Oliveira Rocha foi uma das pessoas que ajudou nesta tarefa. “Somente ontem resgatei quatro traíras. Uma eu pesei e tinha um quilo e trezentos gramas. Nunca vi uma coisa dessas por aqui. Essa água está poluída”.
Ainda assim, como não é possível recolher todos os peixes; em busca de oxigênio, cada vez sobem mais peixes. Pelo distrito, algumas são as teorias que possam explicar a poluição no rio. Como citado por Toninho, até mesmo o fato de a rede de esgoto descarregar diretamente no rio pode ter contribuído.
Especialistas acreditam que isso provoca o excesso de nutrientes na água, o que resulta na proliferação de algas, impactando em maior consumo de oxigênio. Assim, menos oxigênio seria disponibilizado para os peixes. A situação ainda pode piorar com o calor que em um processo natural, já diminui o nível de oxigênio da água.
Diante do grande volume de peixes mortos e da mudança de coloração da água, os moradores esperam a visita de técnicos no local, para que seja feita coleta, enviando para análise e posterior emissão de laudo.