O militar durante uma das operações coordenada por ele (foto: Arquivo)
Sargento Júnior fala de sua carreira na PM depois de ter sido escolhido pelo DIÁRIO DE CARATINGA o policial destaque de 2015
DA REDAÇÃO – O sargento Roberto Miguel Júnior, 39 anos, foi escolhido este ano pela equipe do DIÁRIO DE CARATINGA, como militar destaque e em entrevista fala do amor e dos principais desafios de sua profissão. Nascido em Caratinga, sargento Júnior é casado com Carolina Lourenço da Silva Teixeira de Paula, é pai de Arthur, Giovanna e Maria Alice. Júnior é católico praticante e é mestre maçom da Loja Maçônica Caratinga Livre.
Sargento Júnior está nos quadros da PM desde março de 1995 (foto: Arquivo DIÁRIO)
Acompanhe na entrevista abaixo um pouco da história do militar.
Quando entrou para a Polícia Militar?
Ingressei na Polícia Militar em 1º de março de 1995.
O que te motivou a entrar na corporação?
Um velho sonho de criança em ser policial militar, e também um sonho de meu pai, que foi nascido e criado ao lado do 62º BPM, onde funcionava a antiga Cia PM, e quando criança quando eu ia à casa dos meus avós, não saía de dentro do quartel da PM, onde me maravilhava em ver de perto as viaturas que lá ficavam estacionadas.
Percebemos que o senhor é muito respeitado em Santa Rita, como fez para estabelecer este vínculo com a comunidade?
Primeiramente, ser cordial, educado, atencioso e ter empatia com cada pessoa que procura os préstimos da Polícia Militar. Pois seja a pessoa mais simples ou aquela de grande influência na sociedade, deve ser tratada da mesma forma, com atenção e carinho, pois é isto que se espera de um policial militar, saber ouvir e criar estratégia para resolução de um problema, por menor que seja, e muitas vezes resolver problemas que nem competem à Polícia Militar, mas que com um simples diálogo conseguimos resolvê-lo, e sendo assim as pessoas passam a confiar ainda mais na polícia. A nova filosofia da Polícia Militar também ajudou muito, pois hoje entendemos que se fazer Polícia Comunitária sem o apoio da comunidade num todo, não conseguimos alcançar nosso objetivo, que é manter a paz social. Sendo assim com muita dedicação, ao longo destes 13 anos a frente do Destacamento de Polícia Militar em Santa Rita de Minas, com a graça de Deus, conseguimos angariar a confiança dos munícipes que tanto contribuem com a segurança pública desta cidade que tanto amamos.
Durante todo esse tempo na PM, qual caso mais lhe marcou?
Tive vários casos marcantes, pois na vida policial, nenhum dia é igual ao outro, nenhuma ocorrência é igual à outra. Mas tem um fato ocorrido em 2010, que ocorreu a prisão de um traficante na cidade de Santa Rita de Minas, e assim que cumprimos o mandado de busca e apreensão na residência deste traficante, encontramos a droga, o algemamos e o levamos para a viatura policial. Para nossa surpresa uma criança de uns três anos, abraçou minha perna direita, e com os olhos lacrimejantes, me pediu que não prendesse o “paizinho” dele, pois ele era o melhor amigo dele. Isto me emocionou muito, pois na época meu filho Arthur tinha a mesma idade. Mas nosso dever falou mais alto, tínhamos que cumprir a lei. Porém durante o tempo que o pai estava preso, ajudamos aquela família de várias formas.
O senhor tem vários cursos relacionados à segurança, quais são eles e como ajudam em seu trabalho?
Sim, com certeza, os cursos na PMMG auxiliam e muito na nossa carreira policial militar, pois estamos sempre estudando, aprimorando para prestarmos um serviço de excelência para nossa comunidade. Vou citar alguns cursos que tive a oportunidade de fazer na minha carreira:
-Swat, Promotor de Direitos Humanos, Promotor de Polícia Comunitária, Sobrevivência Policial, Treinamento Tático Avançado, Gerenciamento de Crises (SENASP), Patrulhamento Policial de Alto Risco, Treinamento de Aperfeiçoamento de Tiro (GATE), Ações Táticas, Curso de Ocorrências Envolvendo Bombas e Explosivos (SENASP), Curso de Identificação de Armas de Fogo e Curso de Violência e Prevenção á Criminalidade (SENASP), Direção Defensiva, Direção Ofensiva, MOPE e Curso Tático de Imobilizações (CATI) e Operações Helitransportadas (COPAER).
Em sua opinião, quais são as características de um bom policial?
Em minha opinião, o bom policial tem que ser cortês, educado e prestativo a qualquer momento; mas a principal característica é a LEALDADE, tem que ser leal ao Comando, ser leal ao colega, tem que ser acima de tudo DISCIPLINADO, pois só assim o policial estará preparado para servir bem a uma sociedade. Os pilares da Polícia Militar são a disciplina e a hierarquia, e o policial que não for disciplinado e nem cumprir com legalidade seus deveres, este não será um bom policial. Humildade acima de tudo.
Pretende buscar patentes mais elevadas na PM?
Sim, com certeza, aguardo mais uma promoção de 2º Sargento, para que me dê acesso a fazer um concurso interno, que se aprovado, poderei atingir o oficialato.
Qual caso ou operação de maior sucesso que comandou ou participou?
Várias operações de sucesso, mas ressalto uma em 2003, onde um militar da minha guarnição foi baleado por assaltantes durante uma Operação de Cerco e Bloqueio na zona rural. A operação na época foi comandada pelo 1º tenente Sérgio Renato, hoje major Sérgio Renato comandante do 62º BPM, e na ocasião todos os cidadãos infratores foram presos, e um deles foi a óbito durante a troca de tiros. Foi uma resposta muita rápida e este fato é emblemático até hoje no município.
Qual a maior dificuldade de ser um policial militar?
Fazer cumprir a lei, com uma legislação defasada que é tão favorável aos próprios infratores.
O senhor ou sua família já foram ameaçados por bandidos? Como agiu?
Diretamente não. Mas aconteceu um episódio em outubro de 2003, onde ainda solteiro, residia com meus pais na Rua Joaquim Teixeira da Silva, em Santa Rita de Minas, e na época eu namorava com Carolina e como só tinha uma garagem na casa, guardei o carro dela na garagem e deixei o meu estacionado em frente à residência dos meus pais. Por volta das 3h da manhã, a vizinha dos meus pais, que estava na varanda de um prédio amamentando um recém-nascido, percebeu que quatro homens armados estavam próximo da residência, sendo que uma abriu o meu veículo, porém não levou nenhum pertence, outros dois se posicionaram nas laterais da casa, e estavam armados e o outro estava dentro de um veículo escuro na entrada da rua. Neste momento, a vizinha acionou o marido dela, que telefonou para a PM em Caratinga, e lá atendeu o soldado Sodré, que havia recentemente sido transferido de Santa Rita de Minas para Caratinga, e sabendo do perigo que corríamos, telefonou para a residência dos meus pais, e minha mãe atendeu ao telefone, onde ele contou sobre ocorrido e que a residência estava cercada. Segundo relatos da minha mãe, pelo vidro da janela, ela avistou um dos bandidos, momento em que ela acendeu as luzes, e estes evadiram. Foi acionado apoio de Caratinga, porém os autores não foram identificados. Conclusão: acho que eles queriam que eu saísse, para me matar, haja vista, que entraram no meu carro e não levaram nada, nem o som, e acho que estavam querendo me chamar pra fora de casa, acho que na verdade queriam me emboscar.
Qual o crime mais difícil de ser combatido e por qual motivo?
Acredito ser o crime de homicídio, pois depende apenas da vontade do autor, que arquiteta e comete.
Antes, era mais fácil ser um policial ativo, pois não existiam tantos processos. Atualmente é mais complicado para um policial trabalhar?
Sim, mas desde que trabalhemos com legalidade, transparência, razoabilidade e proporcionalidade, não teremos problemas.
O que acha que pode ser feito para reduzir a criminalidade cometida por menores? Acha que a maioridade deveria ser reduzida?
Com certeza com a maioridade reduzida, a sensação de impunidade seria menor.
Qual seu maior sonho dentro de sua carreira militar?
Meu sonho já aconteceu em 1º de março de 1995, me tornei Policial Militar. E agradeço a Deus por isto todos os dias, não existiu sequer um só dia, em que eu vestisse minha farda e não agradecesse a DEUS pela minha profissão. Sou realizado, amo minha mulher Carolina, meus filhos (Arthur, Giovanna e Maria Alice), meus pais, minha irmã e meus amigos. SOU FELIZ, não peço mais nada a Deus, só agradeço.
