Ações foram desencadeadas em Ipatinga e Bugre
DA REDAÇÃO – A Polícia Federal deflagrou, nesta sexta-feira (28), a Operação El Paso, com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa especializada no contrabando de migrantes brasileiros, que atuava em municípios do leste de Minas Gerais com destino aos Estados Unidos. As ações foram desencadeadas em Ipatinga e Bugre
A investigação teve início a partir de informações sobre dois membros de uma mesma família, pai e filho, responsáveis pelo envio de brasileiros a países da América Central, como México, El Salvador, Panamá e Costa Rica, com a finalidade de ingressar ilegalmente nos EUA através da fronteira mexicana.
Como pagamento pelos “serviços” de tráfico de migrantes (conhecidos como “coiotes”), pai e filho cobravam entre U$ 15 mil e U$ 21 mil por pessoa. A dívida era quitada, entre outros meios, com veículos pertencentes aos migrantes, os quais eram entregues junto com procurações registradas em cartórios, autorizando a transferência dos bens. Isso permitia que os investigados negociassem os veículos diretamente com terceiros.
Os investigados chegaram a alugar um galpão para armazenar os veículos em virtude da quantidade recebida e, em seguida, estruturaram uma empresa para comercializar os bens, visando quitar a dívida pelos serviços ilegais prestados.
A investigação revelou como os “coiotes” se especializaram na promoção da migração ilegal, organizando viagens para grupos inteiros, muitas vezes compostos por pais e filhos menores de 18 anos. Além de adquirir passagens aéreas para os migrantes em um único localizador por grupo, os criminosos garantiam o transporte terrestre e reservas de hotéis até a travessia da fronteira com os EUA.
Além disso, pai e filho mantinham articulações com autoridades mexicanas para evitar a captura, detenção e deportação dos migrantes enviados a esse país, contratando “coiotes” locais que acompanhavam os grupos até a fronteira dos Estados Unidos.
As vítimas, além de transferirem veículos e propriedades imóveis, também recorreriam a opções financeiras para pagar pelos serviços dos “coiotes”, utilizando contas bancárias de familiares para realizar as transações e receber os valores.
Até o momento, mais de 700 migrantes brasileiros foram identificados como vítimas do esquema, entre 2018 e 2024. Desses, 227 eram menores de idade à época das viagens. O expressivo número de pessoas enviadas ilegalmente para os EUA, aliado aos altos valores cobrados por cada migração bem-sucedida, explica o estilo de vida ostentoso dos investigados, que exibiam carros de luxo, imóveis de alto padrão e viagens internacionais, além de fotos com grandes quantias de dinheiro e refeições em restaurantes sofisticados.
Foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva, todos autorizados pela Justiça Federal, em Ipatinga e Bugre. A Justiça Federal também determinou o sequestro de bens móveis e imóveis dos investigados, até o limite de R$ 62.647.200,00 (sessenta e dois milhões, seiscentos e quarenta e sete mil e duzentos reais).
Eles poderão responder pelo crime de contrabando de migrantes, que é cometido quando alguém promove a entrada ilegal de estrangeiros no Brasil ou de brasileiros no exterior, com o intuito de obter vantagem econômica, e pelo crime de promover ou auxiliar o envio de crianças ou adolescentes para o exterior sem seguir as formalidades legais.
- PF deflagrou a Operação El Paso com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa especializada no contrabando de migrantes brasileiros