Município emite nota informando que vai colaborar com as investigações
PIEDADE DE CARATINGA – A Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, por meio da 2ª Delegacia Regional de Caratinga deu cumprimento na manhã dessa segunda-feira (5) a oito mandados de busca e apreensão nos municípios de Caratinga, Piedade de Caratinga, Ipanema e Pocrane em desfavor de candidatos suspeitos de fraudar o concurso público de Piedade de Caratinga, realizado no último dia 28. A operação foi chamada de Effluo e contou com a participação de 21 policiais civis.
ENTENDA O CASO
De acordo com o delegado Luiz Eduardo Moura Gomes, no último dia 26, o Ministério Público recebeu um vídeo onde apontava que haveria fraude no referido concurso, citando candidatos que seriam beneficiados.
Diante de tal notícia, o Ministério Público propôs uma reunião, onde estiveram presentes representantes do Ministério Público, do município de Piedade de Caratinga e da Polícia Civil. Na reunião ficou acordado que a Polícia Civil fiscalizaria o certame no dia da aplicação das provas, sendo autorizada a fiscalização pelo chefe do poder executivo de Piedade de Caratinga.
Nessa ocasião, todos os gabaritos foram digitalizados para eventual conferência posterior, caso a fraude se concretizasse.
Já na última sexta-feira (2) o Ministério Público recebeu e-mail anônimo informando sobre o vazamento das provas e gabaritos para os cargos de advogado do Cras (Centro de Referência de Assistência Social), dentista protesista e enfermeira especialista em estomaterapia.
O delegado explicou que no e-mail do candidato, que é funcionário do município, estavam anexadas as provas em arquivo colorido, diferentemente da impressão das provas realizadas pelos candidatos no dia 28/5, as quais estavam em preto e branco.
Os gabaritos estavam em arquivo datado do dia 27, data anterior à prova. “Em análise ao site oficial da banca organizadora do concurso, apurou-se que as provas não foram divulgadas, o que se conclui, incontestavelmente, que houve vazamento das provas e gabaritos antes do dia da realização das provas”, disse o delegado Luiz Eduardo.
Diante dos graves indícios, a Polícia Civil passou a analisar candidatos suspeitos de terem fraudado o concurso, chegando em três candidatos que concorreram para os cargos de advogado do Cras, dentista protesista e enfermeira especialista em estomaterapia, que possivelmente teriam tido acesso à provas e gabaritos antes da data da realização das provas.
“Os três candidatos conseguiram alcançar 39 acertos em 40 questões, errando todos eles a mesma questão, a de número 15, o que reforça a fraude”, frisa a PC.
Em razão dos fatos, a Polícia Civil representou pela expedição de mandados de busca e apreensão visando constituir outros elementos informativos para subsidiar a investigação.
A investigação busca esclarecer quem teria disponibilizado as provas e gabaritos, os candidatos beneficiados com o vazamento e eventual fraude no processo licitatório para contratação da banca examinadora. Foram apreendidos quatro aparelhos celulares, dois notebooks, um HD externo e documentos.
Todos os envolvidos serão intimados para serem ouvidos oportunamente no inquérito policial.
“Provavelmente o concurso será cancelado, o que pode ser feito pela prefeitura ou pelo Ministério Público”, observa a PC.
O MUNICÍPIO
Em nota, o município de Piedade de Caratinga disse que colaborará com a investigação.
“Por volta das 9:00 horas desta segunda-feira (5/6), o Município de Piedade de Caratinga / MG, foi surpreendido com notícia da possível ocorrência de fraude em concurso público realizado por este Ente, na data de 28/05/2023, através do Instituto de Educação e Saúde Pública – IESP (Edital de Abertura nº 001/2023 de 01 de fevereiro de 2023).
Desta forma, o Município informa que, ao tomar ciência da possível fraude, imediatamente, disponibilizou toda a documentação solicitada pela autoridade policial com objetivo da pronta e célere conclusão das investigações. Por fim, esta municipalidade reforça que está ao dispor, no que necessário for, para colaborar com a investigação com o fim de manter a lisura do certame público”.
- Três candidatos acertaram 39 questões e erraram a número 15
- Arquivos encontrados no computador de um funcionário da prefeitura que teve acesso à prova antes do concurso
- Delegado Luiz Eduardo está à frente das investigações
- Computadores e celulares apreendidos pela PC