* Hebert Amaral
O ser humano, por natureza, é o ser da ação. A sociedade contribui para a transformação do homem, mas é o homem que produz essas modificações. Vontade, entusiasmo, perseverança, intuição e planejamento são quesitos indispensáveis para qualquer empreendedor. Empreendedor? Iremos, a seguir, entendê-lo para além do conceito simples de que é a pessoa que tem um negócio próprio!
O conceito de empreendedor ou empreendedorismo, em linhas gerais, na literatura da área, é definido como homens ou mulheres que tem à disposição para identificar problemas e oportunidades e investir trabalho, recursos e competências na criação de um negócio, projeto ou movimento que seja capaz de alavancar mudanças e gerar um impacto positivo. Ou seja, empreender é realizar.
As competências, habilidades e os conhecimentos necessários para um empreendedor são interdisciplinares no conhecimento humano, mas as características “estereótipas” desses indivíduos são bem conhecidas no senso comum, como: iniciativa, atitude, pró-atividade, visão holística, perseverança, equilíbrio, criatividade, postura profissional, autoanálise, comunicação, conhecimento teórico, estabelecimento de metas (e seu cumprimento), liderança e empenho.
Entretanto, o ser humano, homem ou mulher, geralmente faz ou realiza mais pela intuição do que pela razão. Tem o hábito de sair fazendo suas tarefas sem analisar as diversas formas possíveis de realizá-las, e ainda suas respectivas consequências, com a devida antecedência. Sair fazendo sem o mínimo de planejamento gera retrabalho, desperdício de tempo, perda de qualidade e, na maioria das vezes, frustrações que poderiam ser evitadas. Para tentar dirimir as falhas ou perdas em Organizações, negócios e empreendimentos foram criados pela Teoria da Administração Científica os modelos, conceitos e ferramentas para a prática de planejamento.
Um conceito, simples, para planejamento de qualquer bom dicionário se resume ao ato ou efeito de planejar ou, serviço de preparação de um trabalho, de uma tarefa, com o estabelecimento de métodos convenientes. Já o planejamento estratégico é definido segundo Kotler como “uma metodologia gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida pela organização, visando um maior grau de interação com o ambiente”[1]. Essa direção apontada na definição de Kotler sugere os objetivos políticos e estratégicos a serem alcançados pela Organização ou pelo empreendedor. Já a interação com o ambiente sugere um impacto, que pode ser positivo, inexistente ou negativo.
O planejamento estratégico permeia toda a organização ou empreendimento, pois, se consolida como um processo de estudo e análise sob diversas perspectivas do negócio como um todo, direcionando seus rumos e monitorando suas ações. A possibilidade de se poder monitorar e controlar os objetivos políticos e estratégicos, alinhando as expectativas dos envolvidos são os efeitos e benefícios práticos da utilização de Planejamento Estratégico.
Na literatura das Ciências da Administração são conhecidos globalmente vários modelos, ferramentas e manuais de boas práticas para viabilizar a construção e execução de um planejamento e de gestão estratégica. Estes instrumentos possuem uma intenção muito nobre e especial, que se resume, em poucas palavras, em organizar a força de trabalho por meio de análise da área objeto, definição de metas e disponibilização de recursos para controle e intervenção no plano, para que “aquilo” que foi planejado não tenha seu escopo prejudicado.
Os principais modelos, ferramentas e manuais de boas práticas amplamente difundidos para a construção e execução de Planejamento Estratégico são: – Missão, Visão e Valores; -Análise 360 de oportunidade de negócio; -análise SWOT (forças, oportunidades, fraquezas e ameaças); -Matriz BCG; -BSC (Balanced Scorecard). Todos, com real contribuição!
O fato é que um empreendimento, grande ou pequeno, não é obrigado pela Ciência da Administração a realizar Planejamento e Gestão Estratégica. Isto significa, que ainda se utiliza métodos empíricos, intuição ou tentativa e erro para alcançar um resultado ou objetivo. A consequência disso, é um futuro absolutamente incerto! A grande dificuldade na adesão ou de fortalecimento da cultura de planejamento estratégico se deve ao alto custo de recursos e tempo, necessários, para alcançar qualidade com um Planejamento e Gestão Estratégica. Outro fato que impede principalmente os pequenos empreendimentos de construir pensamento, planejamento e promover a gestão orientada a estratégias é a quantidade de formalismo e burocracia promovida pelos próprios modelos e processos de Planejamento, que acabam sendo pouco producentes.
Quem somos? Qual a nossa missão? Qual a relevância do nosso negócio para o mercado? Afinal, aonde queremos chegar? Se você faz estes questionamentos, a resposta é sim. Você deve fazer um Planejamento Estratégico. Para qualquer tamanho de empreendimento ou organização. Entretanto, não existe a receita de bolo ou a fórmula mágica e sim informação, conhecimento, modelos, ferramentas e bons casos de sucesso na literatura para sugerir uma proposta personalizada de como prever o curso do seu ambiente de negócio.
Os executivos e a alta direção das organizações devem atuar como catalisadores, não para promover o planejamento burocrata, pesado e lento, mas para encorajar qualquer forma de pensamento ou comportamento estratégico que faça sentido para uma determinada organização em uma dada ocasião gerando valor positivo ao negócio. Assim, o Planejamento Estratégico se transforma em rotina e o empreendedor poderá ter bons resultados. Fazer, atualizar e manter em atualização um Planejamento Estratégico objetivo e factível pode permitir acesso a oportunidades que não eram previstas ou percebidas inicialmente.
* Hebert Luiz Amaral Costa
Possui graduação e mestrado em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Viçosa. Atualmente é professor de ensino superior no Centro Educacional de Caratinga – UNEC e Consultor em Tecnologia da Informação, Gestão Estratégica de Empresas e Gerenciamento de Projetos. Tem experiência na área de Ciência da Computação, com ênfase em Sistemas de Informação, reengenharia e automação de processos administrativos e atua principalmente com as seguintes áreas: software livre, software público, infraestrutura de TI, sistemas de informação especialistas, planejamento e gerenciamento de projetos.
Mais informações sobre autor (a): http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4750634U3
[1] KOTLER, Philip. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1992.