Rodízio foi alterado para um período de interrupção de 36 horas e moradores das partes mais altas sofrem com a falta d’água. Caratinguenses buscam solução para a crise hídrica
CARATINGA – Como já informado pela Copasa nos últimos dias, foi registrada uma redução drástica de 43,3% do volume de água do Córrego do Lage, responsável pelo abastecimento do município de Caratinga. A Copasa esclarece que a situação é causada pelo prolongado período de estiagem na bacia hidrográfica do Córrego que, somado ao aumento do consumo de água devido ao forte calor, faz com que o abastecimento na cidade fique prejudicado.
Em consequência desta situação, foram alteradas as regiões de rodízio, visando garantir o abastecimento mínimo em toda a cidade, inclusive nas partes mais altas. Desta forma, o abastecimento em Caratinga foi dividido novamente por duas regiões e o período de interrupção saltou de 24h para 36h.
A programação poderá ser alterada de acordo com o aumento ou diminuição da vazão do manancial. A Copasa ratifica necessidade de apoio da população para o consumo racional da água, evitando desperdícios. “A conscientização de todos é muito importante para que a água seja utilizada de forma consciente e responsável”.
SITUAÇÃO CRÍTICA
Mas, apesar dos rodízios, moradores das partes mais altas de Caratinga que ficaram sem água há dias. É o caso dos moradores do Morro da Antena. Alguns chegaram ao extremo de pegarem água de um poço, imprópria para o consumo, mas como eles disseram, “é a luta pela sobrevivência”.
Moradores precisaram carregar baldes e mais baldes por um caminho difícil e debaixo de um sol escaldante. Tudo isso para chegar ao poço raso, de onde tirariam o suficiente para tomar banho, realizar atividades do dia a dia e até mesmo matar a sede. Uma água turva, com mau cheiro, mas que foi vista como a salvação para dezenas de moradores daquela localidade e da Comunidade da Portelinha.
Na manhã de ontem, o DIÁRIO DE CARATINGA acompanhou a chegada de dois caminhões da Copasa, que levavam água potável para abastecer o reservatório da parte mais alta daquela comunidade, que chegou a ficar por pelo menos 13 dias sem água.
Foram dois caminhões, sendo 10.000 e 8.000 litros. Segundo informações colhidas pela Reportagem, na terça-feira (13) o Morro da Antena já havia sido abastecido com os caminhões, que retornaram ontem. A medida visa suprir a demanda, uma vez que a água não está alcançando os lugares mais altos.
O DIÁRIO ainda teve a informação de que o Hospital Nossa Senhora Auxiliadora e a maternidade Grimaldo Barros de Paula também precisaram ser abastecidos na quarta-feira (14), com quatro e dois caminhões, respectivamente.
A crise hídrica se transforma em uma grave e complexa problemática. De um lado, o desperdício de quem tem água ao seu alcance. De outro, moradores de áreas carentes que estão sofrendo com a falta d’água. Ainda há mais um extremo, a redução drástica constante do Córrego do Lage, que exige manobras e uma tomada de decisão imediata da Copasa.
EM BUSCA DE SOLUÇÕES
Caratinguenses correm contra o relógio. A situação na captação de água bruta é visível e não pode esperar. Muitas são as teorias para que o problema seja resolvido, desde reservatórios, barragens e transposição do córrego Rio Preto.
A população se organiza em busca de soluções, é o caso do servidor público, Clausiano Peixoto. Ele requereu junto à Promotoria de Justiça que seja instaurada uma ação civil pública contra a Copasa para apurar o motivo da empresa não cumprir a Lei 12.503/97, que dispõe sobre preservação das bacias hidrográficas, onde as empresas concessionárias de serviços de abastecimento e energia devem investir 0,5% do valor total da receita operacional apurada na preservação ambiental.
Clausiano chama atenção para a gravidade da situação no município. “Vejo que se não for feito nada agora, como será daqui há alguns anos? Pois, a empresa já adota este procedimento em outras cidades, como é caso de Visconde do Rio Branco, que já está fazendo junto com a Copasa este serviço de reflorestamento das bacias”.
A crise hídrica também chamou a atenção do engenheiro agrônomo Emanoel Mendonça. Ele procurou o DIÁRIO DE CARATINGA para dar a sua opinião sobre a situação da Ponte da Copasa, onde é feita a captação de água para o abastecimento da cidade, local em que ele foi proprietário de terras e é frequentador há mais de 30 anos. “Com certeza, o manancial do Lage sem intervenção está insuficiente nas épocas de estiagem, para suprir as necessidades da população. Considerando também que se trata de uma região de alta expressão em agropecuária, com grande necessidade de irrigação das lavouras hortifrutigranjeiras e também das capineiras para alimentação dos animais que fornecem leite e carne para a população”.
Emanoel vai um pouco mais além e sugere uma solução prática. Ele acredita que instabilidade climática é crescente e não basta fazer manobras de racionamento de consumo de água. “A solução está clara e o local em tempos passados foi projeto para ser a “Ponte da Represa”, o que nunca ocorreu. Esta microrregião é apropriada para a construção de uma barragem, sendo forrada por uma laje de pedra e em grande extensão, evitando a percolação da água e garantindo a sua qualidade. Sugerimos às autoridades que façam um estudo do local e um projeto no sentido de resolver este crescente problema o quanto antes, evitando as dificuldades da escassez de água nos setores urbanos e também no contexto rural”.
BOX:
Início da Interrupção | Período daInterrupção | Término da Interrupção | Região Afetada | |||
Data | Data | Horário | Data | Horário | ||
Quinta | 15/10/2015 | 08-h | 36-h | 16/10/2015 | 20-h | Região – 1 |
Sexta | 16/10/2015 | 20-h | 36-h | 18/10/2015 | 08-h | Região – 2 |
Domingo | 18/10/2015 | 08-h | 36-h | 19/10/2015 | 20-h | Região – 1 |
Após o término, o ciclo será reiniciado.
REGIÃO 1 Bairros: Morada do Lago II, Santa Cruz, Conjunto Habitacional, Anápolis, Doutor Eduardo, Esperança, Morro da Antena, Santa Zita, Rodoviários e Bela Vista; Loteamentos Tãozinho Vilela, Izaltino Lopes e Itaúna; Ruas Augusto de Moraes e Leontina Fernandes; Parte baixa do bairro Nossa Senhora Aparecida; Parte alta do bairro Esplanada. |
REGIÃO 2Bairros: Dário Grossi, Centro, Morro Caratinga, Salatiel, das Graças, Morada do Lago I, Seminário, Esplanada, Vale do Sol, Zacarias, Belvedere, Floresta, Monte Verde e Morro do Escorpião; Av. Dario Grossi e Rua dos Operários; Loteamentos Moacir Maria e Jacy Junqueira; Parte baixa do bairro Limoeiro; Parte alta do bairro Nossa Senhora Aparecida. |