Secretaria Municipal de Agricultura estuda a viabilidade desse plantio ser feito em Caratinga
CARATINGA – A Secretaria Municipal de Agricultura iniciou os estudos para cultivo de produto originário da Índia, mas que ganhou o mundo a partir do século XV. A conexão está sendo feito no Norte do Espírito Santo, especificamente no município de São Matheus, que tem a maior produção nacional de pimenta do reino e exporta para vários países.
Para adquirir know-how sobre esse produto, uma equipe visitou propriedades produtoras de pimenta do reino e agora estuda de cultivá-la em Caratinga. O engenheiro agrônomo Rodrigo Alves da Silveira foi um dos integrantes dessa equipe. Ele falou sobre a lucratividade proporcionada por esse cultivo. “Estivemos nos municípios capixabas de São Mateus e Nova Venécia, pois são referências no Brasil em termo de pimenta do reino. E nos últimos anos o preço desse produto explodiu no mercado. A pimenta do reino preta vale 33 reais e a branca chega a 60 reais o quilo”, informou o engenheiro.
Rodrigo Alves da Silveira disse que somente em uma das propriedades visitadas são produzidas cerca de 2 milhões de mudas. “Noutra propriedade, onde é trabalhado o café conilon, são 11 mil plantas de pimenta do reino. Pelos valores informados, dão R$ 90 mil por hectare/ano. Se comparamos com o café, que é o forte da região de Caratinga, está muito longe de alcançarmos esse valor. Quando o café rende bem, alcança 15 mil reais hectare/ano”, comparou.
CONDIÇÕES
Segundo Rodrigo Alves da Silveira, as condições de Caratinga são propícias para o cultivo da pimenta do reino. “Pesquisas indicam que até 650 metros de altitude seria o ideal. O Espírito Santo tem áreas aptas com até 900 metros de altitude. Inicialmente o ideal seria pegarmos a região baixa do município de Caratinga, que está em 620 metros de altitude. Mas para lugares como o distrito de Santa Luzia, que é uma região mais alta e mais fria, teríamos que fazer uma avalição mais detalhada. Mas as regiões mais baixas são as favoráveis, inclusive em termo de temperatura e topografia. A única ressalva que existe em termos de temperatura para pimenta do reino é abaixo de 15 graus e sabemos que na região de Santa Luzia a temperatura pode ser menos do que essa”.
Sobre cultivar a pimenta do reino entre outras plantações, o engenheiro agrônomo é cauteloso e diz que estudos teriam que ser feitos. “Algo que tem que ser bem analisado, pois algumas pragas que atacam a pimenta do reino podem atacar outras culturas. O consórcio mais indicado seria usar o tutor da pimenta do reino, pois cada cova tem que ter uma estaca e hoje a estaca mais usada é a de eucalipto”.
A PIMENTA DO REINO
No século XV, as especiarias eram consideradas o ‘ouro das Índias’. A canela, o gengibre, o cravo, a pimenta do reino e açafrão eram produtos difíceis de se obter, pelos quais se esperavam caravanas e mercadores experientes vindos do Oriente. Para ganhar este mercado, foram promovidas viagens para descobrir o caminho marítimo para as Índias. Feito alcançado por Vasco da Gama em 1498.
Para se ter ideia do representava a pimenta do reino no final do século XV e início do século XVI, seu valor era tão alto que alguns estudos apontam que 60 kg do tempero chegaram a valer 52 gramas de ouro. Alguns estudos também informam que o navegador português Vasco da Gama obteve um lucro de 6.000% com o comércio de especiarias, em sua primeira viagem à Índia. Passados mais 500 anos, o valor não é mais o mesmo, porém pode representar uma alternativa bem viável para a economia caratinguense.