(Noé Neto)
“Quem é esse pokémon?”
Mesmo quem conseguiu passar pelos anos 90 sem ouvir a pergunta que abre esse texto e sem conhecer Ash, Pikachu e sua turma (“febre” nos programas infantis da TV brasileira naquela década), provavelmente não terminará 2016 sem conhecê-los, pois estamos assistindo nos últimos dias um dos maiores alvoroços da era digital: O lançamento do jogo Pokémon Go.
O jogo eletrônico lançado pela famosa Nintendo, aquela do “Super Nintendo”, é voltado para smartphones e permite ao usuário localizar e capturar os monstrinhos de bolso em pokebolas virtuais. No jogo é possível ainda treiná-los para utilizar em batalhas com outros pokémons. Tudo é muito parecido com o anime da televisão, porém em realidade aumentada pelo uso das tecnologias atuais.
O grande alvoroço que o jogo vem provocando pelo mundo tem sido notícia em todos os veículos de comunicação, principalmente pelas redes sociais. De um lado os fãs, ansiosos pelo lançamento em seus países e reivindicando o jogo. Por outro lado, muita gente questionando se ele é ou não prejudicial às crianças e adolescentes, levantando novamente questionamentos sobre a influência dessas tecnologias na sociedade.
Definitivamente neste artigo não vou entrar no mérito dessa questão. Vou deixar tais questionamentos e principalmente as respostas aos especialistas. Aqui refletirei sobre uma pergunta muito comum quando afloram esses debates: “Qual geração teve a infância mais feliz, a dos meus pais, a minha ou a de hoje?”
Certamente, se questionados, meus pais não titubeiam em afirmar que é a deles. Nadavam nos rios de águas puras, pescavam, galopavam à cavalo, faziam boizinhos de jiló… enfim, eram livres. Meu Deus, como eles foram felizes!
Quanto a mim, meus primos e amigos, não tenho dúvidas que foram extremamente felizes. Girando pião, jogando birosca, brincando de pique, carrinho de rolimã. Ah, como fomos felizes!
As crianças de agora, com 4, 5 anos de idade, baixam aplicativos, navegam na internet, se comunicam virtualmente, possuem uma infinidade de jogos virtuais à disposição, entre eles o Pokémon Go. Nossa, como essas crianças são felizes!
A questão a se entender é que cada um é feliz com o que possui, com aquilo que lhes é acessível na época em que são crianças. Eu não posso afirmar se seria mais ou menos feliz se na minha infância tivesse vídeo games, pois não os tive.
Então, na minha opinião, o erro é comparar gerações diferentes e querer saber qual foi mais feliz ou aproveitou mais. Com aquele famoso “no meu tempo as coisas eram melhores”. Somos humanos, portanto buscamos evoluir, aprimorar e transformar, todos os “tempos” possuem seus avanços, suas riquezas e também suas catástrofes, decepções e desarranjos.
Provavelmente a próxima geração será muito feliz, nem com pipa, nem com pião, nem com arapuca pra pegar passarinhos, nem com pokémon, mas com alguma novidade. Então, quando essa novidade chegar, a geração do Ash vai dizer: “a minha infância é que foi feliz, pois tínhamos o Pokémon Go.”