* Caio César de Farias Gomes
Baseado em estudos detalhados e relativos aos números de homicídios ocorridos no Brasil até o determinado momento, pode-se dizer sem medo de errar que vivemos em um dos países mais violentos do mundo, especificamente de acordo com a Organização Mundial de Saúde e os registros proporcionados pelo Subsistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde, o Brasil ocupa a incômoda décima posição no quesito número de mortes ocasionadas por armas de fogo.
Novidade? De acordo com outras estatísticas pode-se dizer que não, não há novidades, pois o índice de violência é reflexo da falta de estrutura na educação, economia, cultura, saúde e de outros setores envolvidos na gestão de uma nação, a novidade é que após uma revisão literária a respeito do tema, fica constatado que o número de homicídios ocasionados acidentalmente é quase insignificante diante a porcentagem dos homicídios motivados e efetuados por uma causa.
Há precariedade no diálogo entre os setores da sociedade, a sociedade encontra-se hoje em um estado de alienação sem igual, a violência tomou conta da mídia, dos horários do café da manhã, do almoço, do jantar, e inconscientemente internalizamos a situação como se fosse distante de nós, pois o “holocausto” tornou-se público, faz parte de mim, de você e de todos nós.
Hoje, aprofundando no tema de segurança pública, proporcionado pela pesquisa de mestrado, percebo o quanto nos falta instrumentos para se não erradicar, ao menos frear a grande onda de violência em nosso pais, especificamente os homicídio por armas de fogo.
Quando se pensa em diálogo, trata-se da promoção, prevenção, responsabilização e conscientização do direto à vida, é preciso mais do que punição, necessita-se urgentemente de prevenir e promover a vida, chega de agir de maneira ineficaz, é preciso conhecer os determinantes para assim controlar a violência, é preciso o diálogo social para a promoção da vida. Enquanto a estratégia for agir de acordo com a Lei de Talião, a nação continuará cega para as catástrofes da violência.
Apesar das estatísticas apontarem para um futuro ainda mais desastroso, é possível reverter este quadro, desde que nos despertemos da alienação, a partir do momento em que tomemos consciência que a violência é um pouquinho do reflexo de cada um de nós, do consumismo, do egoísmo, da impunidade, da ambição e etc.
É preciso estar “desarmado” para combater o armamento, a violência, o homicídio e a guerra civil.
* Caio César de Farias Gomes é Psicólogo com Especialização em Saúde Mental, Especialista em Psicologia do Trânsito, é Professor e coordenador do Curso de Segurança do Trânsito do Centro Universitário de Caratinga.