PIEDADE DE CARATINGA – O pedido de uma audiência pública, feita pelo empresário Éverton Pereira da Fonseca, 32 anos, em Piedade de Caratinga, gerou grande polêmica no município. Em um vídeo publicado em suas redes sociais, Éverton diz que é importante acontecer uma audiência pública para explicar à população dois projetos do executivo enviados à Câmara, pedindo autorização para contratar o valor de R$ 2,5 milhões em empréstimos, com prazos que chegam até 12 anos para pagamento. Os projetos de acordo com o executivo são para realizar obras de calçamento em bloquetes na zona rural, e melhorar a estrutura viária.
No entanto, Éverton diz que foi avisado que a audiência pública não acontecerá, e discorda do fato. “A gente teve uma reunião ordinária na Câmara na semana passada, onde o objetivo era a votação desse projeto encaminhado pelo prefeito. Devido algumas objeções de alguns vereadores, decidiram não votar. Eu pedi a fala, pedi alguns esclarecimentos sobre o projeto antes da votação, onde o presidente junto com a assessoria do prefeito, não respondeu às questões que eu trouxe, para que o projeto acontecesse. Há três dias, o presidente nos prometeu que faria uma reunião popular, para esclarecer ao povo o motivo do empréstimo de dois milhões de reais. Porém na noite desta última quarta-feira(9), o presidente da Câmara fez um comunicado oficial dizendo que não haveria a reunião popular devido à pandemia. Como foi prometido, e não está tendo essa restrição ter a reunião desde que se respeite o distanciamento, surgiu um sinal amarelo, a qual eu pedi a reunião, citei coisas na reunião, que podem vir a comprometê-los caso não esclareçam certas dúvidas que eu como cidadão tenho, e acho que a comunidade tem direito”.
Éverton disse ainda que a audiência pública foi uma indicação do presidente da Câmara, o vereador Cristiano Honório da Silva do PDT, e falou do oficio encaminhado ao legislativo pelo secretário de Saúde, Elton José Alves, ressaltando a medidas de segurança na pandemia. “Foi indicação do presidente da Câmara, mas nunca houve na Secretaria de Saúde de Piedade de Caratinga um documento enviado para a Câmara, que seja espontâneo. O secretario de Saúde de Piedade de Caratinga tem muito mais coisa pra fazer. Agora pergunto, por que não enviou essa carta também para as igrejas, para alguns bares que estão funcionando? Eu vi um sinal amarelo onde estou vendo uma inversão de valor, onde a Câmara é que define o que deve ser feito, e está sendo o contrário, parte do poder executivo está direcionando o que deve ser feito, da forma que deve ser feita. Não estou dizendo que não deve ser feito o distanciamento, conversei com o presidente da Câmara, propus de fazer num ambiente aberto. A gente está tendo algo novo em Piedade, o ministro Mandetta, onde o cara não opina nunca, e quando opina, é opinar a favor do governo, proibindo a comunidade. Então meu questionamento é porque em dois dias fizeram esse conluio, para não haver esse esclarecimento. A gente tem que ter uma resposta para isso, porque se respeita o Ministério da Saúde, não vejo motivo para essa briga entre executivo e legislativo contra minha pessoa, dizendo que sou contra o projeto, quando na verdade quero que a comunidade seja esclarecida”.
O empresário esclareceu ainda que não é contra o projeto, mas ao empréstimo. “Como cidadão acho que é um projeto muito bacana, porque as pessoas da comunidade rural serão beneficiadas, mas como cidadão acho que não deve ser feito por esse meio do empréstimo. Porém nós estamos numa democracia, vence a maioria, então como temos a maioria dos vereadores votando a favor desse projeto, não estou lutando contra o projeto. E quero deixar bem claro, é que o governo junto com o legislativo está tentando colocar minha pessoa como um opositor ao projeto. Ao contrário, se esse projeto acontecer, a comunidade de Piedade de Caratinga tem que agradecer em modéstia parte, a minha pessoa, que estou correndo para que aconteça de verdade. As minhas indagações são para esclarecimento, para que aconteça o projeto. Quero deixar bem claro a minha intenção, que é ajudar a comunidade, sou contra o empréstimo, mas a favor da democracia, a maioria vence. Não sou contra o governo e acho uma pouca vergonha gente do governo vir ao meu local me dizer para ser cauteloso nas minhas palavras porque posso sofrer de alguma parte financeira ou pessoal, pode me prejudicar, Não vou ceder a esse tipo de assunto, sou um cara transparente, não devo nada a ninguém, tenho os meus defeitos, tenho meus erros, porém não vou ceder a pressão de pessoas do governo vindo ao meu estabelecimento de certa forma me ameaçar para me calar. A gente tem uma cultura em Piedade de Caratinga, onde os vereadores não aprenderam ainda que o legislativo que domina o executivo, o executivo tem sua limitação em executar certas coisas, mas em Piedade parece que o governo executivo é que determina as regras, é o contrário, e eu como cidadão vou finalizar: eles trabalharam para mim e para o povo de Piedade de Caratinga”, conclui o empresário.
SECRETARIA DE SAÚDE
O secretário de Saúde, Elton, esclareceu que o presidente da Câmara o procurou essa semana dizendo que existe um pedido para fazer audiência pública. “A nossa preocupação maior hoje é com a situação que passamos por causa da pandemia, e com esse assunto que o presidente trouxe até a mim, eu, enquanto gestor da pasta, e preocupado com a saúde coletiva da população, fiz um documento explicando a real situação que o município hoje se encontra por causa da pandemia. Por parte da Secretaria de Saúde não existe essa proibição da reunião. Foi feito um documento direcionado ao presidente da Câmara, informando os dados epidemiológicos dessa semana, onde na última segunda-feira, infelizmente tivemos 15 casos positivados, um dado alarmante para Piedade de Caratinga que é um município pequeno”, explicou Elton.
Ainda segundo o secretário de Saúde, a Câmara tem um espaço pequeno e numa audiência pública não seria possível evitar a aglomeração.
PRESIDENTE DO LEGISLATIVO
Cristiano disse que Éverton está fazendo um bom trabalho, mas explicou sua preocupação com a realização de uma audiência pública durante a pandemia. “Teve a apresentação do projeto, e eu citei que poderia ser feita uma audiência pública, mas voltei atrás, vi que não dependeria só de mim, pois precisava conversar com os outros vereadores e tomar opinião da Secretaria de Saúde, pois estamos em uma pandemia. Eu particularmente acho extremamente importante a população estar ciente do que está acontecendo, numa audiência pública, ouvir o interesse de cada um, mas no dia seguinte fui até à secretaria de Saúde tomar informação de como está nossa cidade com os casos. O secretário disse que estava complicado, e que seria melhor não fazer a audiência pública, poderia até fazer, mas com restrições de pessoas, então não seria mais pública. Fui também ao sargento Uziel, que deu a mesma opinião, dizendo que estamos passando por um momento muito crítico com a pandemia, poderia ter mil pessoas, e Câmara não comporta. Se a gente fizesse em aberto não deixaria de ter aglomeração, o que hoje é proibido”, disse o presidente do legislativo.
Cristiano afirmou ainda que durante a votação do projeto a população poderá participar, mas seguindo as medidas de segurança. “Durante a votação, a população poderá entrar, mas teremos restrições, estamos estudando quantas pessoas podem entrar seguindo as medidas de segurança. Por mim, faria a audiência, mas tenho que pensar na minha população que me colocou aqui”, concluiu o presidente.
- Éverton pede audiência pública
- Élton, secretário de Saúde de Piedade de Caratinga
- Cristiano, presidente da Câmara de Piedade de Caratinga