Minas Gerais, um ótimo lugar para se viver e, em minha opinião, a melhor comida do Brasil e dentre todos os países que tive a satisfação de visitar. Aqui nesta terra maravilhosa os produtos laticínios são o cargo chefe, o queijo frescal, curado, muçarela e requeijão não podem faltar na mesa, sendo todos acompanhados pelo excelente café.
A nossa culinária não se restringe somente aos laticínios. Não podemos esquecer daquela receita especial de família, que vai desde o segredo do simples bife acebolado até o molho especial para o churrasco de domingo. Acredito que poucos irão recusar.
Como é ótimo aproveitar as delícias de Minas, seja a sós ou bem acompanhado.
Entretanto, como tratamos semanalmente do clima e seus efeitos no nosso dia a dia, hoje irei descrever como aumento do nosso consumo de produtos de origem animal, proveniente da pecuária, representa na luta frente às mudanças no clima.
Há um consenso global que os Gases de Efeito Estufa (GEE’s) são os principais responsáveis pelas mudanças no clima. Dentre tais gases podemos citar o dióxido de carbono e o metano . Tais gases atuam na intensificação do efeito estufa através da retenção de ondas de calor na camada superficial da Terra. Sendo que cada gás tem um potencial de retenção deste calor, a base é o . O , que está em questão, tem um potencial 20 vezes maior que do , ou seja, mesmo em poucas quantidades ele é considerado muito ruim para a saúde do clima no nosso planeta.
Acredita-se que as atividades humanas, antrópicas, debilita a qualidade do nosso meio ambiente, tornando-o mais frágil às mudanças que estão ocorrendo.
Em alguns momentos atitudes diárias, consideradas simples, podem estar contribuído diretamente no aumento das mudanças no clima. O aumento de consumo de carne, laticínios e seus derivados tem efeito significativo em tais mudanças.
A atividade pecuária é extremamente importante para a economia do Brasil, tendo um dos maiores rebanhos do mundo com mais de 210 milhões de cabeças de gado. Esta atividade torna possível o desenvolvimento das cadeias produtivas que dependem desta atividade no nosso país, aumentando a produtividade e, também, a qualidade dos produtos consumidos. Entretanto, muita desta produção é exportada para outros países.
Em relação às mudanças no clima, tem-se que a atividade da pecuária desempenha um papel negativo na nossa luta diária. Além das áreas de floresta que são desmatadas para serem formados os pastos, que muitas vezes são abandonados, os rebanhos emitem grande quantidade de , conhecido como metano entérico, que basicamente é produzido pela digestão dos ruminantes e, posteriormente, eliminado por eructação (arroto) na atmosfera durante toda a vida destes animais.
Em termos práticos acredita-se que um bovino com médio porte emita cerca de 60 kg /animal/ano. Ao utilizarmos o potencial do para a nossa base de calculo temos 1200 kg /animal que são emitidos para a atmosfera anualmente.
Quando levamos em consideração o rebanho nacional, 210 milhões de cabeças, podemos estimar o impacto deste rebanho no cenário nacional das mudanças do clima. Temos então que a cada ano, seja lançado na atmosfera cerca de 250 milhões de toneladas de , ou 70 milhões de toneladas de carbono.
Mas o que isso significa para nós?
Ao considerarmos que na Amazônia a floresta viva tenha aproximadamente 175 toneladas de carbono a cada hectare, podemos estimar que 400 mil hectares de floresta seriam perdidos a cada ano, ou seja, mais de mil hectares por dia.
Quando pensamos assim, nesta perspectiva nós podemos pensar melhor como nossas atividades acabam a passos largos com a saúde do nosso meio ambiente. Tudo isso, sem levar em consideração a emissão de outros membros desta cadeia produtiva.
Pois bem, como o clima é de todos nós é notório que todos temos a responsabilidade sobre ele, em especial na luta frente às mudanças no clima. Além de querer mudar para melhor, temos, também, de entender o quão importante é conhecer tudo, ou grande parte, do que tange a temática das mudanças no clima. Desta forma, podemos propor novas estratégias e objetivos para serem cumpridos a curto, médio e em longo prazo.
Paulo Batista Araújo Filho é formado em Ciências Biológicas e Recursos Naturais pela UFES. Atualmente trabalha no renomado Lawrence Berkeley National Laboratory (LBNL), Berkeley – Califórnia/EUA