Na época, vítima foi encontrada, na zona rural de Piedade de Caratinga, com orelha decepada e o corpo queimado
CARATINGA – Na manhã do dia 8 de março de 2014, um jovem foi encontrado agonizando na estrada de acesso ao Córrego Rio Preto, zona rural de Piedade de Caratinga. A vítima foi espancada violentamente, teve parte da orelha cortada e o corpo queimado. O homem chegou a ser socorrido, mas faleceu ao dar entrada no Pronto Atendimento Microrregional (PAM). Como a vítima não portava documentos, ela só foi reconhecida em setembro de 2014. Tratava-se de Wanderson Pereira dos Santos. Ele tinha 25 anos quando foi assassinado. Passados um ano e cinco meses do crime, a Polícia Civil chegou até o suspeito Paulo Henrique Leite de Sena, 28 anos.
Conforme o delegado Luiz Eduardo Moura Gomes, que coordenou as investigações com apoio dos policias civis André Gouvêa e Ronaldo José da Silva, em março do ano passado, Paulo Henrique, que morava em Francisco Badaró, cidade situada no Vale do Jequitinhonha, veio para Santa Rita de Minas em busca de trabalho e passou a morar com uma mulher. Paulo ligou para Wanderson, pois já tinham trabalhados juntos em Piedade de Caratinga em 2011 e já eram conhecidos de Francisco Badaró. Paulo contou que havia um trabalho para ele, com salário muito bom e estadia em um hotel. Wanderson nem imaginou que sua morte já estava sendo premeditada por seu “amigo”.
Paulo combinou de encontrar Wanderson em Caratinga, no terminal rodoviário Carlos Alberto de Mattos, pois ele estava vindo de carro e não saberia chegar a sua casa em Santa Rita de Minas.
Ainda segundo o delegado, Wanderson viajava por todo o país buscando empregos temporários e sempre mandava mensagens para a família informando em qual cidade estava. A última mensagem enviada por ele, datada de 7 de março de 2014, é que estava chegando a Caratinga. Depois ele não fez contato com seus familiares.
No dia seguinte, os bombeiros foram avisados e encontraram Wanderson com corpo todo queimado, parte da orelha cortada e marcas de agressão na cabeça. A família de Wanderson o procurou por muito tempo, mas através da internet, em setembro, viram que havia um corpo sem identificação na região de Caratinga e resolveram vir conferir. Apesar de tamanha agressividade, o rosto de Wanderson ficou preservado, e, além disso, a vítima tinha algumas marcas de nascença e foi reconhecida pelos familiares.
Enquanto isso, a PC prosseguia com suas investigações. “Chegamos à conclusão que apenas Paulo tinha estado com a vítima. O carro de Wanderson, um Fiat Pálio, de cor cinza, placas de Poços de Caldas, foi visto na casa do autor, em Santa Rita de Minas, dias depois do crime”, disse o delegado Luiz Eduardo.
Para dar uma resposta para a família de como tinha adquirido o carro, Paulo disse que havia trocado por um lote que tinha em Francisco Badaró, mas depois teria vendido o veículo para um desmanche, alegando que era ilícito. “Paulo tirou Wanderson de sua cidade apenas para roubar seu carro e matá-lo”, afirmou o delegado.
Paulo ainda levou Wanderson para matá-lo em Piedade de Caratinga, pois já tinha estado naquela cidade em 2011 e alguém poderia achar que ele teria arrumado uma confusão por lá. Paulo fez isso com objetivo de enganar a polícia.
Mas o delegado teve acesso a provas concretas, que comprovam que Paulo é o autor do crime, inclusive telefones celulares.
Paulo foi preso em Santa Rita de Minas e sua frieza, assustou até mesmo a polícia. Segundo o investigador André Gouvêa, Paulo bateu com muita força na cabeça de Wanderson a ponto de decepar sua orelha e depois jogou gasolina e ateou fogo no corpo da vítima. “Wanderson chegou a se levantar para tentar correr, mas Paulo jogou mais gasolina e fogo no corpo dele”, disse o investigador. A pancada na cabeça de Wanderson foi tão violenta, que segundo laudo médico, ele faleceu vítima de traumatismo craniano.
FRIEZA
Paulo é um rapaz de boa aparência e conversa bem. Ontem, quando foi apresentado à imprensa na delegacia, disse que não mataria um “amigo que cresceu com ele”. Ele afirmou que soube da morte de Wanderson, “quando já tinha voltado para Francisco Badaró”.
Indagado sobre o fato de Wanderson ter tido contato com ele, Paulo disse que a vítima trouxe uma mala com roupas de frio que sua mãe tinha lhe mandado. “Ele deixou uma roupa que minha mãe mandou e foi para Piedade; depois disso fiquei sabendo da morte dele em Francisco Badaró”.
Paulo disse ainda que Wanderson tinha muitas desavenças em Piedade e a polícia deveria apurar isso. Segundo a polícia, nenhum dos dois tinha passagens pela polícia.
O inquérito já foi concluído e enviado ao fórum. Paulo deverá responder por latrocínio (roubo seguido de morte), que tem como pena de 20 a 30 anos de reclusão.
A Polícia Civil pede a sociedade ajude com denúncias anônimas, através dos telefones 181 ou 197, a dar informações sobre o carro de Wanderson, o Palio de cor cinza de Poços de Caldas, para devolver o veículo à família.