Venda da droga renderia cerca de R$ 1.500.000,00 aos traficantes. Duas pessoas foram presas no Vale do Aço
CARATINGA – A Polícia Civil de Caratinga, na cotidiana repressão ao tráfico de drogas, investiga diversos alvos e quadrilhas que atuam na região. Mas, a quarta-feira (6) foi considerada o dia histórico, com a apreensão de quase 300 quilos de maconha, através da operação “Peso Pesado”. Dois homens que transportavam o entorpecente para Ipatinga foram presos. Trata-se da maior apreensão de drogas de Caratinga.
As investigações tiveram início há alguns meses e foram conduzidas pelo delegado Ivan Lopes Sales; após assumir a Delegacia de Tóxicos. Participaram ainda do processo de investigação os inspetores, Whesley Adriano Lopes e Ronaldo José; os investigadores Cristiano Faustino, Márcio Pacheco, André Gouvêa e Samuel Gouvêa.
Os policiais identificaram um carregamento de maconha que chegaria a Caratinga e seria levada para distribuição naquela noite entre cidades vizinhas. Diante da informação de que parte da droga seria distribuída para a cidade de Ipatinga, foi montada uma operação especial para a apreensão, através de contato com a Delegacia Regional de Ipatinga. O objetivo foi identificar a melhor estratégia de interceptação dos dois ocupantes do veículo GM/Astra, cor prata, placa HCQ-4711, responsáveis por transportar as drogas.
Guilherme Maycon Alves da Silva, 20 anos e Alverson Henrique Domingues da Silva, 36 anos, residentes no Vale do Aço, foram abordados em um semáforo nas proximidades da Praça Caratinga, centro de Ipatinga. Com eles foram apreendidos 349 tabletes de maconha armazenados no porta-malas e banco traseiro do veículo. Os autores foram autuados em flagrante delito. Segundo laudo pericial, o peso da droga apreendida é de 296,095 kg.
TRABALHO EM EQUIPE
Na manhã de ontem, em coletiva à imprensa, o delegado regional Silvio Pagy; delegado Ivan Sales Lopes, o inspetor Whesley Lopes e o investigador Cristiano Faustino deram detalhes da investigação.
Na avaliação do delegado regional, o êxito desta primeira fase da operação se deu em virtude do trabalho de equipe, que acredita ter sido resultado de uma “transformação” que a Polícia Civil tem passado pelos últimos anos. “Quero destacar que o trabalho da polícia não é um trabalho de cidade. A Polícia Civil adquiriu uma capacidade de ação concatenada, regional, não só de Caratinga, mas do departamento. Foi com essa soma de esforços que conseguimos esta apreensão com levantamentos, investigações aqui efetuadas e no momento adequado foi escolhida a abordagem”, reitera o delegado.
Silvio Pagy destaca ainda agradecimentos a chefe do 12º Departamento, Irene Angélica Franco e ao judiciário de Caratinga. “Quero registrar o trabalho talentoso da doutora Irene. É a grande sacada, quando se começa os levantamentos de todas essas regionais a gente chega nesse tipo de qualidade de serviço. Queria falar da ajuda que nós temos da justiça local, os doutores Walter Zwicker e Consuelo Neto, que têm nos apoiado tremendamente na expedição dos mandados que nós precisamos”.
Para o delegado regional, o trabalho é fruto de esforço e dedicação da Polícia Civil de Caratinga. “Caratinga tem uma Polícia Civil altamente especializada, com os delegados de polícia mais talentosos do estado de Minas Gerais. Recentemente se destacou doutor Almir, agora doutor Ivan, delegado estupendo. Não temos nada a dever às agências especializadas de polícia do Brasil. Aqui se faz polícia de muita qualidade e técnica”, enalteceu Silvio Pagy.
ESTRATÉGIA
O delegado Ivan afirma que logo que assumiu a Delegacia de Tóxicos, recebeu determinação para que fosse realizada investigação intensa a fim de reduzir o tráfico de drogas na cidade e região.
No entanto, foi necessário identificar a estratégia para a melhor forma de abordagem dos autores. A Polícia entendeu, primeiramente, que o veículo não poderia ser abordado em Caratinga, por uma questão de logística.
A PC identificou que, pra evitar transtornos, a abordagem deveria ser na cidade de Ipatinga, pela grande quantidade de semáforos. Mas não seria possível na BR-381, devido ao risco de acidentes. “Verificamos que não seria prudente fazer a abordagem na BR. A gente sabia que tinha uma quantidade expressiva de drogas. Certamente os investigados tentariam a fuga e poderia ocorrer um acidente e causar mortes dos conduzidos e de pessoas de bem. O nosso interesse não é esse, mas fazer a apreensão, a prisão, seja em qualquer cidade que for, até porque a Polícia Civil é única. De Caratinga a Ipatinga, todas as cidades que têm eles certamente não entrariam. Não precisaria estacionar o veículo em momento algum”.
Já no perímetro urbano da cidade, os investigadores avaliaram situação oportuna quando o veículo foi estacionado, de modo que não haveria risco para a população. Os autores tentaram fugir, mas não tiveram êxito. Com eles não haviam armas de fogo e o veículo não era produto de roubo.
De acordo com o delegado, cálculos preliminares dão conta de que os 300 kg apreendidos e que seriam responsáveis por abastecer a cidade de Ipatinga; renderiam o equivalente a R$ 500.000. No varejo, o valor triplicaria e poderia chegar a R$ 1.500.000. “Tiramos um R$ 1.500.000 da mão de traficantes. Isso que a gente quer, a prisão é muito importante, mas melhor é tirar os bens, dinheiro dos traficantes, porque assim eles não têm condições de promover o tráfico de drogas”.
A PC acredita que os investigados já agiam na região há algum tempo, mas ainda não havia a quantidade suficiente de informações para a abordagem em outra oportunidade. As investigações apontam que as drogas seriam distribuídas entre Coronel Fabriciano, Timóteo e, possivelmente, em Nova Era. Por isso as investigações não se encerraram e trabalham com a tese de que uma quantidade de droga já foi deixada em Caratinga, além dos 300 kg levados para Ipatinga.
Os investigados assumiram o transporte, mas não citaram o nome de nenhum possível dono da droga. A Polícia Civil tenta localizar os proprietários da droga, sua procedência e quem fez essa entrega em Caratinga.
A Delegacia Regional de Caratinga empenhou nove policiais, entre investigadores e delegados. De acordo com o inspetor, Whesley Lopes, foi um trabalho complexo entre localização do veículo que fazia transporte da droga e a rota traçada.
Já na regional de Ipatinga oito investigadores participaram da abordagem. Whesley acrescenta que o trabalho que nasceu em Caratinga foi golpe duro ao tráfico. “Notadamente, de um nível muito maior. Um patamar diferenciado de investigação, não ficou restrito a poucas quantidades ou buchas de maconha. O objetivo seria de identificação de traficantes de grande porte, tanto é que resultou na maior apreensão nessa área de Caratinga