Bispo faz fala sobre realidade do hospital e afirma que ainda não foi notificado sobre nova gestão do HNSA
CARATINGA- Dom Emanuel Messias de Oliveira preside a mesa diretora do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora (HNSA) desde que foi nomeado bispo de Caratinga em 2011. Durante seu discurso de posse, ele disse que os fiéis podiam esperar um bispo “amigo, de diálogo, do povo e da acolhida”.
E ao longo desse tempo o que de fato não faltou foi diálogo para dom Emanuel, principalmente quando o assunto é o hospital. Desde que assumiu a Diocese, o bispo sempre mostrou seu posicionamento sobre os problemas que culminaram na grave crise e buscou recursos junto ao Estado e a políticos, sem medo de fazer críticas quando necessário.
A tomada de decisões importantes também marcou a atuação de dom Emanuel no HNSA. Por exemplo, o fechamento do Pronto Atendimento Municipal (PAM), que ele classifica como o “horror do hospital”, antigo alvo de críticas pela superlotação e falta de repasse de municípios da microrregião. E recentemente, foi anunciada uma intervenção do Ministério Público, compondo ainda uma comissão especial dentro do HNSA, o que afastará temporariamente a atual mesa diretora do hospital, incluindo dom Emanuel.
Para fazer um balanço do período em que está à frente da mesa diretora do hospital, dom Emanuel concedeu uma entrevista ao DIÁRIO DE CARATINGA. Ele fala sobre as dificuldades enfrentadas e afirma que ainda não foi notificado sobre uma nova gestão do HNSA, portanto, a atual administração segue normalmente. O bispo ainda falou sobre o centenário do hospital e sua programação.
O senhor chegou a Caratinga em 2011. Como encontrou o HNSA?
Antes de eu chegar, já foi uma equipe lá: ‘O senhor vai ser uma esperança nossa, porque o hospital está um horror e o senhor vai chegar e colocar ordem nas coisas’. Então quando cheguei o hospital já estava em crise. Estava sendo administrado, mas o bispo anterior não tocava em assunto de hospital. Eu já tive que tocar antes de chegar (risos), porque eles foram a Guanhães fazer uma entrevista. O hospital sempre esteve em crise e realmente a administração não estava dando conta e junto com esse problema está a falta de compromisso do Estado. Se a administração não estava boa ficava pior, porque faltava o dinheiro na hora exata, tempo certo e para quem merecia receber. Então, quando cheguei encontrei o hospital já numa situação muito crítica. Devagarzinho, fomos percebendo que a administração não dava certo, tiramos o administrador, colocamos outro, também não deu certo, tiramos o outro e fomos assim tentando todos os recursos, para que o hospital pudesse alcançar uma melhora. Mas, muita coisa atrasada, dívida antiga, a realidade foi essa.
Quais conquistas do hospital o senhor destaca, ao longo do tempo em que preside a mesa diretora?
Primeiro foi a presença forte do bispo, fomos presentes o tempo todo no hospital. E o hospital vem atendendo a população praticamente 97% de SUS (Sistema Único de Saúde). Isso é positivo. O problema mais sério que nós achamos que aconteceu no hospital foi por volta de 2010, com a construção da maternidade e as UTIs, neonatal e adulta. Foram ganhos muito grandes para o hospital, ter uma maternidade de primeiro mundo, muito boa. Mas, juntou a União, o Estado, o município e entregaram a maternidade de primeiro mundo. Entregaram e caíram fora. E todo o recurso que nós precisamos para funcionar não apareceu, nunca veio. Todo ônus ficou para o hospital. Então o hospital começou a ter dívida, que foi aumentando. Antes da maternidade, parece que a dívida era pouco mais de R$ 2.000.000. E foi aumentando, porque todo gasto com a maternidade, que é muito, o Estado deveria patrocinar e não patrocinou.
De fato, o que mais pesou na dívida?
A maternidade e o PAM. O PAM foi um desastre. Nós chegamos a um ponto de falar: ‘Não queremos o PAM, absolutamente, a mesa não quer. A partir do dia tal o PAM não vai funcionar’. E foi a salvação. Temos elogios de pessoas competentes, a própria doutora Flávia, que é promotora, disse que fizemos muito bem feito de tirar o PAM, estava sobrecarregado e dando uma impressão horrível no hospital. Agora está tranquilo.
Em 2014, foi firmado convênio com a Fundação Educacional de Caratinga (Funec). Naquela época, por que o senhor achou que esta parceria seria viável?
Nós estávamos numa situação muito crítica, porque o Estado ameaçou entrar e praticamente tomar o hospital. E nós não tínhamos uma equipe que poderia responder. Nós acreditamos que a Funec poderia ser essa equipe. Acolhemos com muita esperança, mas percebemos que não estava administrando como deveria. Ela chegou como parceira, fizemos um contrato, mas a Funec não estava, digamos, dando conta das coisas que fazia. A coisa mais séria, mais grave que a Funec fez foi sem comunicar a mesa diretora, remanejar a nossa dívida, pegando R$ 9.000.000 na Caixa Econômica Federal. Uma coisa absurda, que a mesa diretora tinha que estar presente, discutir e saber. Fomos percebendo que a Funec estava prejudicando, destruindo. Fizemos um contrato por 10 anos e tivemos de fazer uma intervenção: ‘Não queremos mais, porque senão destrói o hospital todo’. A Funec dobrou a dívida do hospital no pouco tempo que ficou, quando chegou já estava em R$ 12.000.000 e passou para R$ 24.000.000. E nós sempre acreditamos, a Funec com pessoas capacitadas, formadas na área de Administração, etc, mas não funcionou como esperávamos. Partimos para outra realidade.
Em seguida, a diocese reassumiu o hospital e escolheu uma nova administração. O que o senhor tem a destacar sobre essa outra equipe?
Depois que a Funec saiu, que foi em agosto do ano passado, então entrou essa equipe atual, que é composta pela Suély, Sinésio, Amanda, Luiza, Marcos e Eliane. Desses, só a Suély que não estava no hospital, que chamamos como administradora. Essa equipe está perfeita, foi corrigido os defeitos, não entra nessa conversa de hospital mal administrado. O que está mal administrado é porque o compromisso que o Estado tem de mandar tal dia do mês não chega, os médicos ficam esperando. Tem médico que ficou seis a sete meses sem receber. Como a pessoa vai ficar todo esse tempo sem receber? Houve ameaça de paralisação, pelejamos não paralisarem, anunciamos que iam paralisar porque não tinha mais jeito, depois conseguimos superar. Agora o Governo percebeu que tinha que intervir, porque analisando de modo geral, tinha muita má administração. Não levou em conta essa boa administração, que são pessoas simples, mas que têm amor profundo ao hospital. Mas, por enquanto, o hospital continua com a mesma direção, estamos trabalhando muito, prova disso são as campanhas que estamos fazendo e o povo está acreditando no hospital agora. O povo não acreditava no hospital antes de agosto do ano passado.
Por que o senhor acredita que o povo voltou a acreditar no hospital?
A campanha que foi feita lá dentro entre os funcionários, médicos, enfermeiros, para arrecadação de mantimentos, que vai dar para alimentar o hospital durante seis meses. Se nós temos mantimento para seis meses, o dinheiro que chegar para mantimentos, já vamos empregar em outra coisa, para melhoria do hospital. Então o hospital, nessa administração está caminhando com muita alegria do povo e do grupo. O povo está satisfeito, quem está lá dentro está satisfeito, está tendo um bom atendimento. O povo está de coração aberto para que o hospital funcione direitinho. É como se estivesse reiniciando esse processo do povo estar carregando nas mãos o hospital. É lógico que a gente sabe que o hospital hoje mudou, é um grande hospital e as despesas são enormes, não podem acontecer só com a ajuda do povo. O povo não dá conta, tem que ser o Estado mesmo, entrando com seus compromissos. O povo hoje está acreditando no hospital. É só ver a resposta nos gêneros alimentícios que eles estão mandando.
Durante esse tempo, o contexto político, com as mudanças de chefes do executivo, atrapalhou a contribuição dos municípios ao hospital?
Cada um de um jeito. Quando nós chegamos, com o João Bosco, estava um desastre. Não tinha nenhuma intenção de ajudar o hospital. O secretário de Saúde era o doutor Thales, não manifestava nada em favor do hospital e nós fomos segurando a barra com muita dificuldade. Não repassava o dinheiro que chegava, demorava, foi uma confusão muito grande, não destruiu o hospital por graça de Deus. Depois chegou a administração do Marco Antônio, que estava do lado do hospital, mas também fazendo política e inchou a folha de pagamento do hospital. Era muito amigo de dar presença, pôr dinheiro no hospital, ajudou bastante, mas também atrapalhou em outros pontos, porque isso dificultou pra nós. Então cada administração tem o seu jeito de ser, essa administração atual pra mim ainda é uma incógnita, porque logo que chegou o contato dela foi com o Unec, com o CASU, não foi com o hospital, talvez por causa do PAM que nós já tínhamos tirado de circulação, porque era o horror do hospital, o cartão de visita que o povo chegava era sempre por lá e aquele bolo de gente, todo dia chegando ônibus cheio de doentes. Não tinha um controle e as cidades que mandavam, fazem parte da microrregião, não colaboravam, só mandavam doentes. Nós retiramos o PAM. O prefeito que chegou, tinha que ter um pronto atendimento, pelo menos para Caratinga, ele apelou para o CASU, que acolheu e logo de cara já começou a injetar dinheiro lá. Os R$ 270.000 que ele dava para o hospital, passou a dar no CASU e além deles, ficamos sabendo de mais R$ 250.000. Quer dizer, se a gente tivesse esse dinheiro … Foi para o CASU e nós não acreditamos que ele vá resolver o problema, porque não é pra isso. Ele é um Hospital Dia, então o Hospital Nossa Senhora Auxiliadora vai continuar. Agora já foi decretada a intervenção, mas não chegou ainda. Está chegando. Desde 15 de janeiro está chegando.
Como o senhor avalia a participação do Governo e dos deputados, com recursos para o hospital?
Eu diria que foi péssima. Porque o seguinte, se eu estou te devendo R$ 50.000 e te dou R$ 30.000 vou continuar devendo. Então, o Estado nunca deu ao hospital aquilo que precisava para a sua manutenção. A cada R$ 100 que a gente gasta, o SUS dá apenas R$ 60, o resto fica por conta do hospital, que não tem recurso. O SUS é um projeto muito bonito, se levasse a sério, patrocinasse realmente as despesas do doente, mas dá simplesmente uma contribuição e o resto o hospital tem que se virar. Costumam dar inclusive em pacotes, por exemplo, se leva um doente, vai ficar cinco dias no hospital, então o SUS paga pelos cinco dias, pago pelas metades. Se o doente tiver necessidade de ficar mais cinco dias, esses outros cinco dias ficam por conta do hospital. Que hospital que aguenta? Então nosso hospital está em dívida porque o Governo não está levando a sério o seu compromisso. Nós sabemos que o Governo está quebrado, mas saúde é saúde. Ficamos sabendo recentemente que 28 hospitais filantrópicos no Brasil estão fechados. O Governo esqueceu que o povo está doente, então nós estamos segurando a barra e por isso nossa dívida foi aumentando, fomos “comendo” do nosso patrimônio, fazendo a obrigação do Estado. Nós patrocinamos a saúde de Caratinga durante esses seis anos que estou aqui, tranquilamente, mas nossa dívida e nosso patrimônio estão indo embora, que é obrigação do Estado repor. Já os deputados, ora vinham, ora prometiam as coisas para o hospital e quando deputado chega: ‘Nós liberamos um milhão de reais para o hospital’ e publica no jornal: ‘Hospital está recebendo um milhão de reais do deputado tal’. O dinheiro não vem, fica só no jornal. Isso aconteceu muitas vezes. Muitos deputados não estão cuidando do hospital, dos seus compromissos, promessas e Caratinga está abandonada.
O senhor acha que esta crise no hospital já estava anunciada ou algo poderia ter evitado?
Não teria jeito de ter sido evitada, porque se o hospital é uma prestadora de serviço para o Estado e ele não manda dinheiro para prestar o serviço, é lógico que está em crise. Como é um hospital que depende totalmente das ajudas de fora, sobretudo, do governo, está sempre em crise, porque o Governo nunca paga na hora e nunca paga o que deve. Para se ter uma ideia, uma vez fiz um apelo bem veemente ao Adalclever, que é o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, me prometeu R$ 3.500.000. Tá ótimo, que beleza. Pouco tempo depois vem um telefonema: ‘Nós vamos dar os R$ 3.500.000, mas vai ser parcelado, R$ 500.000 cada mês’. Já complicou né? R$ 500.000 para uma dívida mensal que nós temos de R$ 2.700.000 não significa nada. Mas, foi dando. Depois deu uma parada, em dezembro não pagou. E depois que anunciou que vai vir a intervenção parou de mandar também. Está sempre em crise por causa disso. Falta de compromisso e de dinheiro. Saúde é saúde, se você está precisando hoje de R$ 200.000 para salvar uma pessoa e não tem ela morre. A gente tem feito o possível para atender bem, para segurar o pessoal, os médicos. Tem um grupo de médicos que merece elogios, porque o médico tem um padrão de vida, por conta do trabalho dele, trabalha muito e ficar seis meses sem receber é um problema sério. E a gente ainda manteve o hospital.
Certa vez o senhor disse que o Estado tinha uma impressão muito ruim da gestão. Por que o senhor acha que eles pensam dessa maneira?
Realmente a administração foi sempre ruim. Sempre pelejou e não deu conta, por falta de verba, dando pulos para ver se consegue. Quem vendia remédios para receber daqui cinco meses, parou de vender, falou: ‘Nós vendemos só à vista’. Já atrapalhou. Já tivemos momento no hospital onde faltava até luva para os médicos trabalharem. O hospital viveu sempre em crise, mas com isso que vocês anunciaram no DIÁRIO DE CARATINGA, essa notícia do povo trabalhando (se refere à reportagem da edição de quinta-feira-25, sobre o histórico de fundação do hospital), mostra que o povo sempre trabalhou, é o povo que manteve o hospital. Quando começou a politizar demais, começou a bagunçar. A política dentro do hospital é nociva, faz mal ao hospital. E essa intervenção, estamos com muita esperança que ela chegue e dê certo, mas estamos percebendo que ela está tudo politizado, então estamos preocupados.
A Diocese está sendo informada das ações da comissão interventiva?
Não. Nós não sabemos quem é. Têm uns nomes, mas, por exemplo, eu fiquei sabendo que o Wagner Barbalho, que é o superintendente regional da Saúde foi exonerado. Quer dizer, não sabemos o porquê, nem nada e nem podemos perguntar. Estamos trabalhando silenciosamente, esperando o momento da intervenção. E essa intervenção vai chegar, parece que quando eu assinar, mas para isso preciso ser convocado pelo Ministério Público. Enquanto o Ministério Público não falar: ‘Venha’, a intervenção não vem, porque ela não é do Estado, é do Ministério Público. A qualquer momento chega. As informações que a gente recebe, fica até com medo de repassar, porque não tem aquela origem tão correta, mais na linha do foi falado.
Está acontecendo como o senhor esperava?
Desde 15 de janeiro a gente está esperando. Agora, o hospital está indo tão bem, que quanto mais demorar, melhor. Mas, eu sei que essa intervenção já está montada, mas tem uma interrogação muito grande. Quem vai ser o administrador? Por que o Wagner foi exonerado? Por que o Ministério Público não chamou ainda para resolver a entrada? Está tudo uma nebulosa, uma situação que nem nós estamos sabendo. Enquanto isso, estamos trabalhando a pleno vapor.
Esta semana, foi confirmado que a Aminas vai assumir a administração do hospital. O senhor foi comunicado oficialmente ou assinou documento sobre a transição?
Não. Não assinei nada. Mas, soube dessa notícia. Nunca conversei com o Joel, com o prefeito, com o secretário de Saúde, nunca me procuraram. A única que nós assinamos foi o Termo de Ajustamento de Conduta, a intervenção e auditoria no hospital, que foi feita pelo Joel Tristão, de Bom Jesus. O resto está acontecendo sem a gente saber.
O que o senhor pensa dessa possível gestão da Aminas?
Tenho que acreditar que vai dar certo, mas, não tenho muita esperança não. Quem está falando isso não sou eu, é a doutora Kátia Rocha: ‘Destaca inclusive que a Federassantas é contrária à decisão de a Aminas assumir a administração do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, em Caratinga. A Aminas é uma instituição filantrópica de pequeno porte e que não demonstrou, em nossa percepção, experiência na gestão, especialmente de assuntos complexos como é a situação do hospital filantrópico de Caratinga’, afirma a presidente da Federassantas. Está no jornal a nota. A doutora Kátia não telefonou pra nós e falou nada, ela encaminhou essa nota. Então, nós estamos como presidente da mesa diretora. Enquanto a intervenção não chegar e entrar no hospital, nós estamos administrando. Estamos com um grupo que não é político, a hora que chegar grupo político vai atrapalhar. A gente percebendo de fora, porque aí já não vou ter vez e nem voz, mas, não vamos ficar calados, é lógico. Se por acaso a intervenção do Estado não estiver dando certo, acho que o próprio Estado vai perceber. Como ele já fez algumas modificações depois que anunciou na equipe, então, acho que até o Estado está ainda um pouco indeciso com quem vai assumir. Estou com essa impressão.
A diocese por décadas esteve presente hospital e hoje, no seu centenário, está prestes a se afastar dela. Como o senhor vê esta questão?
Não estamos vendo com maus olhos. O Ministério Público analisou o hospital e percebeu que havia muitas coisas erradas. Por exemplo, a Certidão Negativa de Débito (CND). Nós estamos com essa certidão suspensa, quer dizer, está devendo muito, parece que são R$ 600.000. Se essa certidão tivesse com as administrações anteriores em dia, estaríamos recebendo emendas, podíamos fazer projetos e o hospital estaria em outra situação. Mas, as administrações anteriores não levaram a sério essa CND. Não pagaram aquilo que devia ser pago. Só pra mostrar um ponto de má administração, porque você não pode deixar nada que depende do Estado em dívida, porque senão o Estado breca. E também dever, por exemplo, um fornecedor, ele tem que ter o seu dinheiro para fornecer. Nós compramos remédio de tal casa, essa casa, temos seis meses que não pagamos, eles falam: ‘Agora, infelizmente, não podemos ceder mais. Só cedemos com o dinheiro na mão’. Não temos o dinheiro, passamos as dificuldades.
Agora, abrimos o espaço para que o senhor deixe sua mensagem para a população, que também está esperançosa por novos tempos no hospital Nossa Senhora Auxiliadora.
Apesar dos pesares, da gente perceber que tem muita política no meio, nós temos uma esperança muito grande da intervenção do Ministério Público, porque ele percebendo que tem alguém que está incompetente lá dentro, fazendo mal, vai tomar providências. A gente tem esperança, que o Ministério Público vai administrar quem sabe o período de talvez um ano e ajudar o hospital a ficar numa situação melhor. Agora, eu estou ouvindo a conversa, que veio da boca do doutor Welington, que é o prefeito, que foi sugestão dele de pendurar o CNPJ do hospital com a dívida. Quer dizer, se a gente pudesse tirar os R$ 38.000.000 e recomeçar o hospital, qualquer um daria show para administrar. Administrar com dívida e sem dinheiro, a administração atual está fazendo milagre. Por isso que falo que é ótima, administrando sem dinheiro e está caminhando. De qualquer maneira, nós demonstramos uma esperança muito grande, daqui pra frente, de uma melhora no hospital. Estamos trabalhando para a compra do tomógrafo, o arco cirúrgico que está oito há 10 anos parado, encaixotado, já tem a sala quase pronta pra ele ser instalado. A administração está trabalhando, já conseguiu enxugar a máquina, mandando embora 60 pessoas. Foram os políticos que foram colocando e fomos diminuindo. E se o Estado perceber onde está o erro, vai tirar e colocar outro, porque ele tem poder pra isso, mais do que nós, porque para mandar uma pessoa embora você tem que acertar as contas. Como estamos sem dinheiro, como mandamos embora? E mesmo assim conseguimos acertar destas 60 na Justiça, pagar aos poucos, pra ver se a coisa caminha. Achamos que o hospital vai retomar bem.
FESTA DO CENTENÁRIO
Na última quarta-feira (24), aconteceu a abertura da Festa do Centenário do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, com uma missa na capela. Já na próxima quarta-feira (31), às 19h, acontecerá uma missa campal no pátio da maternidade. “Para o ofertório dessa missa, vamos pedir que o povo, e está sendo avisado em todas as igrejas da cidade, leve alimentos não perecíveis. Aqueles que quiserem fazer uma oferta em dinheiro, a gente vai receber e reverter para a compra de remédios. E nós sabemos que o povo vai fazer uma ótima coleta”, afirma dom Emanuel.
Para dom Emanuel, o hospital hoje é acreditado pelo povo, mas é desacreditado pelo Estado. “O Estado acha que tem que ter uma intervenção, nós achamos bom porque vai corrigir os defeitos que precisam ser corrigidos, pode ficar um ano ou dois, dando certo, o que nos interessa é que o povo seja atendido. Agora se tiver alguma coisa atrapalhando, vamos arranjar um jeito de denunciar. Lógico. Sabemos da nossa responsabilidade com a saúde do povo. Queremos que o povo seja bem atendido e o Estado não está atendendo o povo, o Brasil não está atendendo o povo. O Governo fecha aqui, diminui ali, faz umas coisas esquisitas, aposentadoria louca, o povo vai receber o benefício no cemitério. Muita coisa confusa no Brasil. Tá numa crise que nunca passou. E a saúde também, de forma especial”.