Solenidade marcou a mudança de chefe de instrução e instrutor de Caratinga
CARATINGA– A solenidade de passagem de chefia do Tiro de Guerra 04-003 aconteceu na manhã de ontem. Subtenente Anderson Melo de Oliveira, que veio do 12° Batalhão de Infantaria de Belo Horizonte, assumiu como chefe de instrução paro período 2018-2019. Por outro lado, subtenente Marcos César da Silva Souza deixa Caratinga para atuar no setor operacional do 2° Batalhão de Fronteira, sediado em Cáceres, município do estado de Mato Grosso.
Também houve mudança na função de instrutor. Sai o subtenente Alexandre Costa Nunes, que vai para Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, onde será chefe da Seção de Fiscalização de Produtos Controlados do 56° Batalhão de Infantaria. Assume em Caratinga o sargento Carlos Heleno Souza, que deixou o 20° Batalhão de Infantaria Blindado, com sede em Curitiba/Paraná.

Subtenente César, a esposa Úrsula Cristia e a filha Maria Laura durante descerramento da foto oficial da galeria dos ex-chefes de instrução do TG
Durante a solenidade aconteceu o descerramento da foto oficial da galeria dos ex-chefes do TG de Caratinga, momento que subtenente César dividiu com sua esposa Úrsula Cristia e a filha Maria Laura. Ainda foi feita a leitura de referência elogiosa consignada ao militar que foi chefe de instrução no período de 8 de dezembro de 2015 a 19 de janeiro de 2018. Por fim, ocorreu a transmissão do cargo de chefe de instrução, que contou com a participação do juiz Consuelo Silveira Neto; comandante do 62° Batalhão de Polícia Militar de Caratinga, tenente-coronel Luciano Reis; prefeito de Piedade de Caratinga, Edinilson Dornelas Lopes e tenente Vantuil Ferreira Botelho.
DESAFIO

Subtenente César atuará em área de fronteira com a Bolívia e encara a nova etapa da carreira como um desafio
Subtenente César atuará em área de fronteira com a Bolívia. Ele encara a nova etapa da carreira como um desafio e relata suas expectativas. “É uma missão de combate ao narcotráfico, a proteger a nossa fronteira do ilícito, totalmente diferente do que foi feito aqui. É mais atuante, num batalhão operacional do exército do brasileiro. Estamos preparados para isso, apesar de ficar mais distante ainda agora da família, mas é uma satisfação. Já servi na área de fronteira, sei como é, estamos preparados para isso, a família também tem que estar preparada, é uma nova adaptação, cultura, amizades que tem que ser feitas. Faz parte da profissão que a gente ama, escolheu servir, executar e estamos para proteger a pátria. Seguir com muita fé e que Deus nos abençoe que seja tão boa quanto foi em Caratinga”.
Sobre sua passagem por Caratinga, afirma que o recado é de agradecimento, pois foi muito bem recebido pela população que aceitou o trabalho proposto. “Até brinco que era do portão para fora, para a sociedade mesmo, ajudando o Lar dos Idosos, as crianças, nas escolas, para que as crianças com um pensamento diferente do que tem hoje, o que futuramente vai melhorar a sociedade. O momento que você recebe a notícia que vai ter que sair o coração aperta, a própria família já sente falta da cidade pelas boas amizades, convívio, a tranquilidade. Estar aqui foi tão bom que já é pretensão da família de quando eu for pra reserva voltar até a residir em Caratinga. É a sensação de dever cumprido da melhor maneira possível, às você quer fazer mais, mas o tempo não permite. Satisfeito, honrado e muitas saudades”

Subtenente Costa vai para Campos dos Goytacazes, onde será chefe da Seção de Fiscalização de Produtos Controlados
Para subtenente Costa, a sensação é de um misto de tristeza e alegria. “Chegamos e tínhamos a missão de projetar o Tiro de Guerra na comunidade e isso é uma missão muito difícil. Conseguimos, nos envolvendo com a comunidade que é a real missão do Tiro de Guerra e por conta disso fizemos muitas amizades. Esse é o lado ruim da história. Estamos indo agora para Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, uma cidade que já conheço, minha família já está estabilizada lá e essa é a parte alegre. Estamos indo, partindo, deixando muitos amigos, mas um novo ciclo que se inicia”.
Ele prefere não encarar a partida como adeus e fala sobre suas projeções a partir deste novo desafio. “É uma função que eu já domino, fiscalização de armamento e munição. Também vai demandar um comprometimento muito grande, mas já é da nossa natureza. E não me despeço de Caratinga, a gente se despede quando não voltamos mais. Por isso não me despeço, faço questão disso”.
A CHEGADA
São 22 anos de carreira no exército. Subtenente Anderson Melo relata que a chegada a Caratinga traz nova visão de projetos e atividades. “Queria agradecer ao povo de Caratinga que muito bem me recebeu. Estou muito bem instalado com minha esposa e meu filho. A expectativa é grande. Venho de um quartel da ativa, que tem muita atividade militar, com características de montanha e a instrução aqui no Tiro de Guerra é dada conforme nossos conhecimentos militares que adquirimos ao longo da carreira aliados aos conhecimentos específicos da cidade. Temos a oferecer cidadania, civismo, hierarquia, disciplina, convivência salutar com o povo, além de várias instruções militares, que por um pouco de restrição de material não são dadas, mas são apresentadas e nós dentro do possível colocamos em prática”.
O militar ainda acumula experiência adquirida durante missão realizada no Haiti nos anos de 2007 a 2008. Ele acredita que a convivência com a pobreza e necessidades básicas daquela população trouxeram ensinamentos que podem ser repassados aos atiradores. “Foi uma missão de estabilização do Haiti, que na época estava tomado pela violência e a missão de paz da ONU foi para organizar as instituições e colocar a população de uma forma segura, que não tivesse tão acuada como estava na época. É um país muito pobre, com muita violência, hoje acredito que já esteja pacificado e a experiência que tive foi muito benéfica na minha vida pessoal e profissional, trago para o Tiro de Guerra aquilo que eu vivi e podemos aqui trabalhar essa parte sentimental, profissional; é um povo que sofreu demais e se você não tiver o apoio das instituições não vai ter um país que seja totalmente digno e consciente daquilo que ele representa. É um país que esqueceu as instituições e acabou por ficar onde ficou.
Os jovens que completam 18 anos em 2018 já podem realizar o alistamento militar. Até 30 de junho, é possível cumprir com a obrigação pelo site ou diretamente nas Juntas de Serviço Militar mais próximas. Por isso, o novo chefe de instrução aproveita para fazer um chamado a estes garotos. “Venham e alistem-se. O alistamento é obrigatório, vem cumprindo com a lei que determina que todo jovem ao completar 18 anos tem que se alistar. O Tiro de Guerra vem como uma alternativa para que o jovem que mora numa cidade como Caratinga não tenha que se deslocar para uma cidade que tenha um quartel militar da ativa, para Belo Horizonte. É uma instituição com grande qualidade profissional, como cidadã, é uma formação de caráter, o jovem para a sociedade. Aqui ele vai ter o segundo pai, o irmão mais velho, amigo, mas também vai ter disciplina, vontade de aprender, atividade física e muita capacidade de se desenvolver como cidadão”.
Para sargento Heleno, a intenção é prosseguir com os projetos desenvolvidos até o momento. “Vamos dar continuidade ao trabalho desenvolvido pelos companheiros que estão saindo daqui. Sou mineiro e quero continuar aqui esse trabalho fenomenal iniciado por eles”.
Especializado em montanhismo e com trabalho realizado em um Batalhão de Infantaria Blindado, o instrutor do TG espera realizar um serviço dinâmico na cidade. “Era um batalhão diferenciado, totalmente diferente a doutrina do blindado para a doutrina da infantaria, vai ser uma expectativa muito boa aqui para nós. Vamos aproveitar os anos que temos dentro da caserna por diversos lugares que nós passamos, para justamente podermos trazer para o atirador experiências novas e marcantes”.
O TG
O Tiro de Guerra de Caratinga recebe em média anualmente 100 jovens para a turma de atiradores. Segundo os dados disponíveis no local, no passado, 53 trabalhavam. Quanto à escolaridade, a maioria, ou seja, 44 alunos, tinham Ensino Médio Completo.