DA REDAÇÃO – Na última quarta-feira (3), o papa Francisco fez seu tradicional pronunciamento na Praça São Pedro, onde tratou de sua viagem ao Egito. Ao fi
nal, ele agradeceu as pessoas de língua portuguesa que estavam na praça e citou Caratinga: “Queridos peregrinos de língua portuguesa, sede bem-vindos! A todos saúdo com grande afeto e alegria, de modo especial os grupos vindos do Brasil: os membros da Federação brasileira de Academias de Medicina, bem como os fiéis de Ribeirão Preto, Londrina e Caratinga. Desça sobre vós e vossas famílias a bênção de Deus”.
O pronunciamento na íntegra feito pelo papa Francisco:
“Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje desejo falar-vos sobre a Viagem apostólica que, com a ajuda de Deus, realizei recentemente ao Egito. Fui àquele país na sequência de um quádruplo convite: do Presidente da República, de Sua Santidade o Patriarca Copto-ortodoxo, do Grande Imã de Al-Azhar e do Patriarca Copto-Católico. Agradeço a cada um deles o acolhimento que me reservaram, verdadeiramente caloroso. E agradeço a todo o povo egípcio a participação e o afeto com que viveu esta visita do Sucessor de Pedro.
O Presidente e as Autoridades civis empenharam-se de forma extraordinária para que este evento pudesse desenrolar-se da melhor maneira possível; para que fosse um sinal de paz, um sinal de paz para o Egito e para toda aquela região, que infelizmente sofre pelos conflitos e pelo terrorismo. Com efeito, o lema da Viagem foi «O Papa da paz num Egito de paz».
A minha visita à Universidade Al-Azhar, a mais antiga universidade islâmica e máxima instituição académica do Islão sunita, teve um duplo horizonte: o diálogo entre os cristãos e os muçulmanos e, ao mesmo tempo, a promoção da paz no mundo. Em Al-Azhar teve lugar o encontro com o Grande Imã, encontro que depois abrangeu a Conferência Internacional pela Paz. Neste contexto apresentei uma reflexão que valorizou a história do Egito como terra de civilização e terra de aliança. Para toda a humanidade o Egito é sinónimo de civilização antiga, de tesouros de arte e de conhecimento; e isto recorda-nos que a paz se constrói mediante a educação, a formação da sabedoria, de um humanismo que engloba como parte integrante a dimensão religiosa, a relação com Deus, como recordou o Grande Imã no seu discurso. A paz constrói-se também partindo novamente da aliança entre Deus e o homem, fundamento da aliança entre todos os homens, baseada no Decálogo escrito nas tábuas de pedra do Sinai, mas muito mais profundamente no coração de cada homem de todos os tempos e lugares, lei que se resume nos dois mandamentos do amor de Deus e do próximo.
Este mesmo fundamento está na base da construção da ordem social e civil, em que são chamados a colaborar todos os cidadãos, de todas as origens, culturas e religiões. Esta visão de laicidade sadia emergiu durante o intercâmbio de discursos com o Presidente da República do Egito, na presença das autoridades do país e do Corpo diplomático. O grande património histórico e religioso do Egito e o seu papel na região do Médio Oriente conferem-lhe uma tarefa peculiar no caminho rumo a uma paz estável e duradoura, que não se apoie no direito da força, mas na força do direito.
Os cristãos, no Egito assim como em cada nação da terra, estão chamados a ser fermento de fraternidade. E isto só é possível se viverem em si mesmos a comunhão em Cristo. Um forte sinal de comunhão, graças a Deus, foi possível oferecê-lo juntamente com o meu querido irmão Papa Tawadros II, Patriarca dos Coptas ortodoxos. Renovamos o compromisso, assinando inclusive uma Declaração Conjunta, de caminhar juntos e de nos comprometermos a fim de que não se repita o Batismo administrado nas respetivas Igrejas. Rezamos juntos pelos mártires dos recentes atentados que atingiram tragicamente aquela Igreja venerável; e o seu sangue fecundou aquele encontro ecuménico, no qual participou também o Patriarca de Constantinopla Bartolomeu: o Patriarca ecuménico, meu querido irmão.
O segundo dia da viagem foi dedicado aos fiéis católicos. A Santa Missa celebrada no Estádio disponibilizado pelas autoridades egípcias foi uma festa de fé e de fraternidade, em que sentimos a presença viva do Senhor Ressuscitado. Ao comentar o Evangelho, exortei a pequena comunidade católica no Egito a reviver a experiência dos discípulos de Emaús: a encontrar sempre em Cristo, Palavra e Pão de vida, a alegria da fé, o fervor da esperança e a força de testemunhar no amor que «encontramos o Senhor!».
Vivi o último momento juntamente com os sacerdotes, os religiosos, as religiosas e os seminaristas, no Seminário Maior. Há muitos seminaristas: esta é uma consolação! Foi uma liturgia da Palavra, na qual foram renovadas as promessas de vida consagrada. Nesta comunidade de homens e mulheres que escolheram oferecer a vida a Cristo pelo Reino de Deus, vi a beleza da Igreja no Egito, e rezei por todos os cristãos no Médio Oriente, para que, guiados pelos seus pastores e acompanhados pelos consagrados, sejam sal e luz naquelas terras, no meio daqueles povos. O Egito, para nós, foi sinal de esperança, de refúgio, de ajuda. Quando aquela parte do mundo estava faminta, Jacob, com os seus filhos, foi lá ter; depois, quando Jesus foi perseguido, foi para lá. Por isso, narrar-vos esta viagem significa percorrer o caminho da esperança: para nós o Egito é aquele sinal de esperança tanto para o passado como para o presente, desta fraternidade que eu quis contar-vos.
Agradeço novamente a quantos tornaram possível esta Viagem e aqueles que de diversas maneiras deram a própria contribuição, especialmente as muitas pessoas que ofereceram as suas orações e os seus sofrimentos. A Sagrada Família de Nazaré, que emigrou para as margens do Nilo fugindo da violência de Herodes, abençoe e proteja sempre o povo egípcio e o guie pelas sendas da prosperidade, da fraternidade e da paz.
Obrigado!
Saudações
Queridos peregrinos de língua portuguesa, sede bem-vindos! A todos saúdo com grande afeto e alegria, de modo especial os grupos vindos do Brasil: os membros da Federação brasileira de Academias de Medicina, bem como os fiéis de Ribeirão Preto, Londrina e Caratinga. Desça sobre vós e vossas famílias a bênção de Deus.
No dia da Festa dos Santos Filipe e Tiago desejo a cada um de vós que a recordação dos Apóstolos, anunciadores jubilosos do Ressuscitado, aumente a fé e encoraje o testemunho do Evangelho.
Enfim, saúdo os jovens, os doentes e os recém-casados. No início do mês mariano invoquemos a intercessão celeste de Maria, Mãe de Jesus. Queridos jovens, aprendei a rezar por ela com a oração simples e eficaz do Rosário; queridos doentes, Nossa Senhora seja o vosso apoio nas provações da dor; queridos recém-casados, imitai o seu amor por Deus e pelos irmãos!”