Em resposta a notícia veiculada no Diário de Caratinga, edição no 6.268, do dia 10 de novembro de 2016, venho esclarecer que o fato que envolve a Paróquia Divino Espírito Santo na cidade de Divino, em relação ao piso da igreja matriz, ocorreu enquanto ainda não havia tomado posse na Diocese de Caratinga. Entretanto, quero esclarecer que a Mitra Diocesana de Caratinga, está tomando todas as providencias judiciais cabíveis para a melhor solução do litígio, e caso ocorra o trânsito em julgado da decisão, tornando-a definitiva, iremos acatar e dar cumprimento à mesma.
Os aficionados da saga “Stars Wars” com certeza pensarão que o presente artigo fará alguma alusão ao segundo episódio da série original, onde as forças imperiais, derrotadas no primeiro episódio, se reorganizam, agora sob o comando do nefasto Darth Vader, e armam um contra-ataque aos rebeldes republicanos, protegidos pelos cavaleiros Jedi, na tentativa de recuperar o Poder.
Não. Não estamos no fantasioso mundo da ficção científica. O contra-ataque a que nos referimos, trata-se de uma tentativa daqueles que ora estão sendo derrotados pela ação conjunta da Justiça, do Ministério Público e da Polícia Federal, atores principais da chamada Operação Lava-jato, em organizar uma rede de proteção que impeça a prisão e a derrubada definitiva de políticos corruptos, e cerceie, definitivamente, a nefasta prática política que acompanha o Brasil, desde sua Independência.
Vemos aqui uma reprodução tupiniquim do que aconteceu na Itália, na Operação Mãos-limpas- Mani Pulite, uma operação inicialmente denominada de “Caso Tangentopoli”, que significa “Cidade do Suborno”, numa clara referência à cidade de Milão, na qual a investigação teve início. A operação, iniciada em Milão, desenvolveu-se no período de 1992 a 1996 e seu principal objetivo foi o de esclarecer casos de corrupção. Como personagens principais desta operação estavam o Procurador da República Antonio Di Pietro e o juiz Giovanni Falcone, cujo assassinato, em 1992, determinou o fim da Primeira República Italiana e, com ela, de vários partidos. A proposta era a de que fosse feita uma verdadeira “limpeza” na política italiana e em grandes organizações envolvidas com o crime.
Não demorou muito para que o que restou da classe política italiana iniciasse uma grande ofensiva, buscando a proteção de seu patrimônio e de seu mandato, elegendo Silvio Berlusconi com o firme propósito de contra-atacar a Operação “Mãos Limpas”, desmoralizando-a. Sob o comando de Berlusconi foi aprovado um decreto – conhecido como “Salva Ladrões”- impedindo prisões cautelares e libertando a maioria dos presos. Uma vergonhosa ofensiva contra a ética e a moral, em benefício do bando de corruptos que controlavam a política italiana. Em função da revolta popular, das grandes manifestações de apoio à Operação, o decreto acabou sendo revogado, mas já havia feito o seu estrago, dificultando o andamento das investigações.
O que aconteceu na Itália está muito próximo do que os políticos brasileiros tentam implantar no Brasil, ou seja, uma reação dos investigados em busca da garantia da impunidade. Por aqui, a reação de políticos e empresários influentes às investigações da Operação Lava-jato há muito teve início, em várias tentativas de desqualificar o trabalho do Juiz Sérgio Moro e, recentemente, assistimos a uma reprimenda da magistrada Carmem Lúcia – atual presidente do Superior Tribunal Federal – a Renan Calheiros – presidente do Senado Federal , por ter qualificado um magistrado de “juizeco”.
Porém, as maiores ofensivas dos políticos e empresários brasileiros, ainda estão começando. Começa a ganhar corpo no parlamento brasileiro a ideia de aprovar uma grande anistia a todos os praticantes do chamado “Caixa dois”, tenta-se votar uma nova lei de abuso de autoridade, que obviamente cerceará a atuação de juízes, promotores e delegados. Dentro dessa ofensiva dos políticos brasileiros está, também, o medo da “Delação Premiada” de funcionários influentes da Odebrecht, que promete não deixar pedra sobre pedra em relação ao maior processo de corrupção da história recente do país. Há quem duvide se sairá, ao final, algum político ileso nesta história. Já há propostas de leis em trâmite para modificar os acordos de leniência, a denominada delação premiada, isentando as empresas de punição, e os delatores de qualquer punição penal. Um absurdo, uma vergonha, que, se aprovado, acabará com a Operação Lava-jato.
Em contraponto ao contra-ataque do “Império” por estas bandas, a esperança é que, assim como aconteceu no início da Operação Lava-jato, os cidadãos brasileiros não permitam que tudo “acabe em pizza”, e chamem para si a responsabilidade de corrigir os rumos da política brasileira e atuação dos seus políticos. Quem sabe promovendo outras grandes manifestações, como as ocorridas em 2013. Sim, os políticos têm medo de grandes manifestações, tem medo que as forças de segurança não consigam controlar a fúria popular. Muitos já anunciaram que há um certo paralelo entre o que está acontecendo nas ruas de nossas cidades, e os momentos que antecederam à queda da Bastilha…
Mas, os momentos das grandes revoluções sanguinárias passou e, hoje, temos um instrumento poderoso e eficaz, além de mais civilizado, para impedirmos a perpetuação de corruptos no poder: o voto! O Partido dos Trabalhadores, outrora baluarte da Ética e da Moral na Política, pagou um preço altíssimo pelos desvios promovidos por diversos de seus membros nas últimas eleições municipais. O eleitor soube puni-lo!
O que não podemos fazer é delegar nossa responsabilidade de moldarmos nosso destino e corrigir nossas mazelas, transferir nossa atribuição de mudar esse país para algum “Cavaleiro Jedi”, como acontece no filme “Guerra nas Estrelas”!
Não haverá cavaleiro algum a nos defender. Somos nós os verdadeiros e únicos titulares do Poder, os únicos e verdadeiros cavaleiros aptos a defender nossos interesses. E se permanecermos na nossa tradicional passividade, se permanecermos no nosso histórico comodismo, o preço a pagar será a condenação do nosso futuro, a um eterno Mar de Lama!
E parafraseando a tradicional saudação “Jedi”, tantas vezes falada no filme:
“Que a Força esteja com os brasileiros!”
Eugênio Maria Gomes é diretor da UNEC TV, professor e pró-reitor de Administração do Unec – Centro Universitário de Caratinga. Membro da Assembleia da Funec – Fundação Educacional de Caratinga, do Lions Itaúna, do MAC- Movimento Amigos de Caratinga, da Loja Maçônica Obreiros de Caratinga e das Academias de Letras de Caratinga e Teófilo Otoni. É o Secretário de Educação e Cultura do GOB-MG.