Eleições
As campanhas eleitorais começaram com músicas, comícios, reuniões, caminhadas, acordos e tudo mais que uma campanha demanda. O lado positivo é que a poluição visual diminuiu; já a sonora, um pouco. O tempo de campanha foi encurtado por demais, deixando ansioso o pessoal que participa do processo eleitoral.
Eleições II
Com todas as reformas que foram elaboradas no início do ano passado pelo Congresso Nacional, é nítida a falta de conteúdo nas campanhas eleitorais. Ao encurtar por demais o tempo, que por um lado pode ser saudável, por outro fez sumir de vez o conteúdo das campanhas que, em tese, já era pouco. Não se sabe ao certo se o legislador percebeu que com conteúdo ou não, após as eleições a vida se segue e as promessas ficam no esquecimento do dia a dia, daí a não necessidade de desperdiçar recursos para o nada.
Campanha
Apesar da reforma eleitoral, das regras do jogo político, na sexta-feira (2) num momento interessante. Em plena inauguração de birô no Bairro Dr. Eduardo dos candidatos Odiel e Dayvid, no discurso do líder comunitário local, João Cabeção, ao final, ele chorou emocionado pelas críticas que vinha recebendo em sua comunidade. Não era choro falso, mas um choro por estar decepcionado com ele mesmo. Em seguida, João fez um pedido de desculpa à comunidade.
João Cabeção
Após se emocionar, João Cabeção explicou os motivos. Era a reforma da quadra poliesportiva do bairro. Ele enumerou as dezenas de vezes que foi reivindicar a reforma da quadra poliesportiva e assim tirar as crianças de seu bairro da criminalidade e dá-las oportunidades. Então se passaram dias, meses, anos e a reforma não foi feita.
João Cabeção II
Acrescentando, João falou aos presentes que diziam na comunidade a respeito da desconfiança que ele teria recebido verba de uma emenda parlamentar destinada para reforma da quadra. “Que verba é essa que nem eu sei e não vi”, disse João Cabeção, que pediu mais um voto de confiança de sua comunidade e que o candidato que for eleito finalmente faça essa tão sonhada reforma.
Bairro Dr. Eduardo
O que se ouviu no discurso simples e autêntico, dá para perceber que os conteúdos não são aqueles vinculados aos programas de televisão ou escritos nas páginas dos jornais. Eles são mais profundos e nascem nas comunidades. A percepção do político e de quem acompanha a política é que elas parecem, com raríssimas exceções, iguais em todas as comunidades, mas, pouco ouvidas, às vezes ignoradas nos gabinetes das autoridades de nossa cidade.
Custo
Quanto vale a reforma da quadra poliesportiva no Bairro Dr. Eduardo? Quanto vale para o líder comunitário essa obra? Quanto vale essa obra para as lideranças e autoridades municipais? Quanto vale essa obra para as famílias? Quanto vale essa obra para uma mãe? E quanto vale essa reforma para a criança? Por isso o debate é mais profundo.
Prefeito
O prefeito Marco Antônio, em conversa descontraída com jornalistas, falou sobre o alto custo que o Estado impõe aos municípios e comentou que o Estado de Minas Gerais recebe do município de Caratinga bem mais verbas do que encaminha. Marco Antônio comentou com tanta eloquência e deixou em seus gestos que a cifra seria muito maior, só que ele para receber do Estado de Minas Gerais teria que passar por um crivo político, às vezes, desgastante, ou seja, ir ao deputado, depois ao secretário da pasta, depois ao secretário do governo, depois ao governador para conseguir a verba, ao passo que na verdade seria parte de um reembolso do que o munícipio já teria repassado ao Estado.
Prefeito II
O debate político pode e deve ser ainda maior e com mais conteúdo. Eis um exemplo muito fácil de mensurar. A reforma da quadra para as crianças no Bairro Dr. Eduardo poderia ter sido feita se o município não tivesse de arcar com algumas despesas que são do Estado, caso da segurança pública. Mas isso acontece não só em Caratinga, mas em tantos municípios brasileiros.
Recursos
Os recursos, que faltam para as quadras poliesportivas e programas de esporte para as crianças, saem dos cofres municipais para atender convênios e mais convênios de competência do governo do Estado. Não se vê publicação de um convênio sobre segurança pública entre o município e o Estado? Não interessa? Princípio da publicidade? Gasto com imprensa? O que mais teremos de argumentos para que o real conteúdo a ser discutido na política valha a pena?
Segurança
É obrigação do governo do Estado gastar com segurança pública. Mas convenhamos que falta efetivo. Tomamos como exemplo o município de Caratinga, que tem extensa zona rural e como consequência, o policiamento não tem como atender tamanha demanda. Por isso, as residências rurais tem se tornado alvos preferenciais de alguns marginais.
Segurança II
Em Santa Luzia, a comunidade reuniu-se depois de três décadas de apelos sobre policiamento e fez o projeto “Olhos da Comunidade”, que colocou câmeras nos estabelecimentos comerciais para diminuir a violência e coibir crimes. A ferramenta das câmaras, mesmo com possível atraso no atendimento, grava as imagens e ajuda a identificar os autores dos crimes.
Hospital Fechado
Esse é o recado do bispo diocesano: Hospital pode ser Fechado. Que autoridades somos nós. O Bispo cuida da saúde? O professor cuida da saúde? E o médico cuida do que? O produtor rural deixa a roça? Qual é o conteúdo do nosso debate?