Estádio Municipal do Bairro Santa Cruz ganhará o nome do jornalista
CARATINGA- Desde a morte do jornalista Leonardo Gualberto Alcides Baião, o Léo Baião, ocorrida em 28 de janeiro de 2024, a vida de Antônio Alcides Baião, o Bizuca, 76 anos, não é mais a mesma. Sofrimento e saudade ainda são bastante marcantes, mas, as manifestações de carinhos têm acalentado o coração do pai de Léo.
Recentemente, ele foi informado de que o Estádio Municipal do Bairro Santa Cruz ganhará o nome do seu filho Léo Baião, por meio de um projeto de lei, de autoria do vereador Noé de Sousa Batista e sancionado pelo prefeito Welington Moreira.
Bizuca fez questão de atender a reportagem nesta última quinta-feira (27), para agradecer a esta homenagem e outros gestos de amizade que tem recebido ao longo destes cinco meses. Por vezes se emocionou, mas, reforça o orgulho do legado deixado pelo filho.
O que representa esta homenagem com o nome do “Estádio Municipal Jornalista Leonardo Gualberto Alcides Baião (Léo Baião)”?
Foi um orgulho muito grande para mim, nossa família, os familiares, nossos amigos aqui do bairro, porque uma homenagem dessa tem um peso, tem uma importância muito grande para a pessoa. Então, hoje vejo que o carinho, a dedicação e o respeito que as pessoas têm e tiveram com o Léo é muito além daquilo que eu imaginava. Porque não é qualquer pessoa que vai receber uma homenagem desse tamanho. Ele merece, acredito que sim. Existem algumas pessoas que estão insatisfeitas com essa homenagem, chegou até meu conhecimento, mas é o direito que as pessoas têm. Ninguém tem que concordar com tudo, mas, acredito que respeitar é muito bom. Para essas pessoas que estão insatisfeitas e fazendo alguns tipos de comentários, talvez até um pouco desagradáveis, que procurem fazer o melhor para a comunidade do seu bairro, da sua cidade, para que no dia de amanhã elas também possam ser lembradas e homenageadas. Mas isso é uma minoria, não vai ter importância nenhuma na homenagem que ele está recebendo. Quero aproveitar e agradecer ao DIÁRIO, pela segunda vez que vocês estão fazendo uma homenagem ao Leo e agora eu poder falar em nome da família sobre as homenagens que ele vem recebendo. Agradecer ao Noé, que é o vereador que teve a ideia, e mais uma série de pessoas que estão envolvidas nesse processo aí. Quero mandar um abraço, um beijo no coração de cada um.
E o esporte fala muito sobre o Léo, né?
É, o Leo viveu esporte praticamente a vida toda, né? Porque ele começou a trabalhar no Sistema Caratinga de Comunicação, na Rádio Caratinga, propriamente dito, com o Jota Baranda, que não está mais aí com a gente, que deu oportunidade pra ele. E, falando de futebol, ele tinha uma certa experiência já. E teve uma vantagem porque ele foi muito bem assessorado lá na Rádio Caratinga pelo Baranda, pela equipe; o Élio do Carmo, grande amigo da gente também, amigo dele. Várias pessoas que por ali passaram. E, depois, a mudança de rumo lá do Sistema, ele acabou saindo, mas continuou ainda trabalhando na área, conseguiu formar profissionalmente em Comunicação Social, fez pós-graduação. Ele cobria todos os setores, com muita dedicação, muito afinco e carinho. Com aquela vontade de dar aquele suporte às pessoas, dar oportunidade às pessoas de falar sobre vários assuntos, conhecimentos gerais. De maneira que hoje estou mais conformado, mais calmo, mais tranquilo. A falta que ele nos faz é muito grande, bem maior do que o tamanho dele, que ele era um cara exageradamente grande, mas, acredito com toda a paciência hoje, com toda a calma, que nós da família estamos mais felizes, porque acreditamos que ele está num plano melhor. Ele está junto da mãe, dos avós dos amigos também, da área jornalística, da área do rádio. Tem muita gente lá em cima também e acredito que nós tenhamos uma outra vida. Muita gente pode discordar, tem todo o direito, mas eu acho que um dia a gente vai encontrar lá em cima com ele também.
Como era a convivência com o Léo?
Olha, a convivência minha de pai e filho com ele era muito boa. Embora que pai e filho tenha um diálogo um pouco mais elevado, né? Mãe é outro departamento. A mãe é mais carinhosa, a mãe é mais aconchegante, ela agrega mais os filhos e tal. Mas, no todo, meu saldo com o Léo foi altamente positivo. A gente às vezes discutia sobre alguma coisa, discordava também. Mas, sempre ele me respeitava e muito. Eu tinha um carinho muito grande com ele, com relação ao respeito, porque o respeito nunca faltou. Ele tinha o ponto de vista dele, as opiniões formadas. Discordava de muita coisa também, mas, o respeito estava sempre na frente da parte dele para comigo como pai. Aí, da minha parte, também, como pai, eu para com ele. Às vezes, ele tinha algumas situações para decidir, tinha dúvidas de alguma coisa e ele me procurava, pai, estou precisando conversar com o senhor, estou precisando tomar uma decisão nesse sentido. A gente conversava, eu falava, “meu filho, o que você achar que for melhor para você”. Desde que você vá ocupar o seu espaço, sem invadir o espaço das outras pessoas. Isso é muito importante, que ninguém invada o nosso espaço, assim como nós também não vamos invadir o espaço de ninguém. E ele falava, não há suposições no jornalismo. Muita gente trabalha supondo alguma coisa, eu não trabalho dessa forma. Ele falou isso comigo. Não só eu, como os meus colegas de trabalho, outros jornalistas também, a gente não trabalha fazendo suposições. Nós trabalhamos com dados em mãos para poder passar uma informação correta e precisa aos ouvintes e para os telespectadores também.
O senhor lembra a última conversa que teve com ele?
Lembro. Ele falou, pai, não estou sentindo bem. Eu falei, o que foi? Ele respondeu, ah, não estou bem não, vamos para o médico. Levei ele para UPA, onde foi prontamente muito bem atendido. Bem consultado, uma consulta muito boa, bem examinado. Aí depois ele ligou pra mim avisando que já estava no quarto. Porque até então ele estava esperando um espaço lá de um quarto pra poder ficar pra ser medicado. Mas, a primeira medicação já tinha sido feita, já estava assistido, a gente estava conversando com tranquilidade. Ele me pediu umas frutas, levei pra ele as frutas, umas maçãs, umas bananas, umas coisas assim. Depois um suco de laranja sem açúcar, que ele estava fazendo uma dieta, em função de um pouco de peso acima do normal. A partir daí foi liberado, aí a gente foi para o Casu. E lá no Casu, daí a pouco me comunicaram que precisava de levar pra UTI, preventiva, para poder fazer uma medicação com mais eficiência, mais equilíbrio e controle. A partir daí, já fiquei um pouco abalado, um pouco preocupado com relação à UTI, que sempre nos preocupa, porque a gente não tem conhecimento exato, né? Mas, teve que entubar, depois induzir o coma e o resto, todo mundo já sabe o que aconteceu. Ele não conseguiu voltar do coma. Um dos profissionais médicos falou para o meu filho, e isso eu fiquei sabendo agora, depois do funeral, que dentro de poucas horas, ele estava no coma induzido, mas ainda estava vivo, mas, ia ter que fazer hemodiálise. Eu pedi a Deus, fui para o Santuário no domingo de manhã, uma missa das nove da. Fiz as minhas orações, assisti à missa, fiz uma comunhão e pedi para que Nossa Senhora de Lourdes fizesse o melhor para ele. O melhor para ele estaria na mão dela. Quando foi naquele mesmo domingo, às 13h30 da tarde, ele faleceu. Acredito que ela atendeu o meu pedido. E hoje ele deve estar lá feliz. Porque não chegou a sofrer, a pessoa que está em coma não sofre.
Como está o seu sentimento como pai, neste momento?
A falta é muito grande. Não só para mim como pai, para a nossa família, para os nossos familiares, mas, para os amigos, para o pessoal da televisão, da Unec TV; o pessoal do Grupo Sistec que são amigos dele. Vocês, lá do DIÁRIO também. São pessoas que tinham um bom relacionamento com ele. Ele relacionava bem com todo mundo. Fiquei muito feliz. Depois de tudo isso, estou feliz até hoje, por saber que ele era muito bem relacionado. As pessoas tinham carinho muito grande com ele, deixando de lado, às vezes, os exageros políticos dele, os exageros esportivos com relação ao Flamengo, porque futebol é fácil, vários times, você poder conversar com uma ou com outra pessoa, espalha mais aquela situação ali de extrapolar. Agora, política é polarizado. Você tem um lado A e um lado B, e aí a coisa costuma haver muito choque, muito atrito, mas, mesmo isso aí, o pessoal lidou bem com isso. Ele também lidou muito bem. A pessoa só morre quando a gente não pensar mais. Enquanto a gente vai lembrando, a pessoa vai estar viva com a gente. E, nesse momento, acredito que ele está aqui conosco, participando dessa entrevista. Participando desse bate-papo, com aquele sorriso bonito dele, aquela cara bonita, aquela cara gorda dele. Eu acredito que ele está aqui entre nós. Estou sentindo a presença dele aqui.
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