Walber Gonçalves de Souza
“Não podemos desistir do Brasil”, esta foi uma das frases mais repetidas no contexto político nos últimos anos e acabou marcando um período borbulhante da nossa recente história em que em meio às manifestações dos mais variados setores da sociedade vislumbra-se um quadro de mudanças. Não simplesmente mudanças das personalidades políticas, mas da forma de se fazer política, das regras eleitoras, das leis que enraízam a impunidade.
A história política do Brasil é marcada por uma série de escândalos sem precedentes, sendo que a maioria acabou na famosa pizza, colaborando ainda mais com a ideia de que o crime compensa. Gerando assim uma camada política descomprometida com os rumos do país.
Nossos políticos, com raríssimas exceções, ainda não perceberam que são funcionários do povo, agentes da nação. Não perceberam ainda que na prática deveriam administrar a riqueza da nação em prol da própria nação.
Nossos políticos, com raríssimas exceções, ainda não conseguem separar o público do privado, misturam as coisas, e agem em um dos lados da mesma forma como se estivesse no outro. E com certa constância usa do público para favorecer o privado.
Nossos políticos, com raríssimas exceções, pensam primeiro em resolver os seus problemas particulares e se habituaram a usar a máquina pública para tal fim. Caso venha sobrar tempo e dinheiro o que é público ganha o seu espaço.
Nossos políticos, com raríssimas exceções, são tão mesquinhos e pequenos que aproveitaram um momento de comoção nacional, e porque não dizer uma comoção mundial, haja visto as centenas de manifestações em diversos lugares do mundo, com a queda do avião que transportava a delegação do time da Chapecoense, para na famosa calada da noite aprovarem o pacote pró manutenção da corrupção. Chega a ser ridícula tal atitude. Só poderia ter vindo mesmo de uma classe desacreditada e pelo que parece não se importa em ser vista de forma diferente.
Nossos políticos, com raríssimas exceções, procuram se rodear de pessoas que comungam e partilham o mesmo sentimento sorrateiro de surrupiar o patrimônio público. Não só os bens materiais, através da famigerada corrupção, mas de extirpar da nação os mais variados sentimentos de crença no ser humano, de possibilidades de transformação, de acreditar em dias melhores. Pelo visto eles não se importam com cada um de nós brasileiros, com a nossa autoestima e dignidade.
Nossos políticos, com raríssimas exceções, não passam de lobos em pele de cordeiro. De quatro em quatro anos aproveitam da miséria das pessoas para atingirem seus objetivos. Perpetuam sem nenhum pudor este ciclo vicioso da miséria humana que está instalado no Brasil.
Nossos políticos, com raríssimas exceções, aproveitam do poder para praticarem os mais terríveis atos. Envolvimento em crime organizado, tráfico de drogas, tráfico de influência, pedofilia, assassinato, extorsão, chantagem; são alguns dos exemplos corriqueiros que observamos constantemente na vida política do nosso país. E não são poucos os envolvidos!
Nossos políticos, com raríssimas exceções, estão acabando com o Brasil. São mal administradores, gastam mal, não sabem o que estão fazendo e pelo visto não querem saber. Vivem inventando modinhas que nunca dão certo. Criam leis que não funcionam, protegem os bandidos… na verdade estão fazendo um grande mal ao país.
Nossos políticos, com raríssimas exceções, não acreditam no Brasil. Fazem de tudo para manterem esta estrutura oligárquica, apadrinhada, corrupta, lacaia, do toma lá dá cá, do jeitinho, da roubalheira.
Nossos políticos, com raríssimas exceções, desistiram do Brasil, pensam somente em si mesmos, e nas benesses do poder. Estão pouco se lixando com o desemprego, com o analfabetismo, com os problemas na área da saúde, com a falta de lazer da população, com a falta de dignidade do povo.
Nossos políticos, com raríssimas exceções, estão preocupados consigo mesmos, estão sempre criando artimanhas para que o crime continue compensando. Das nossas câmaras municipais, passando pelas assembleias estaduais até o Congresso Nacional, quantos será que se salvam? Se for passado um pente fino de verdade, quantos serão dignos de ocuparem os postos para os quais foram eleitos? Alguém ousa responder tais questionamentos?
Uma coisa é fato, nossos políticos desistiram do Brasil, se é que um dia eles acreditaram. E isto está conduzindo a nação para um abismo, para um genocídio social sem precedentes, infelizmente.
Walber Gonçalves de Souza é professor.