
Combate a incêndios florestais tem exigido esforços de bombeiros e brigadistas voluntários (Foto: Rede Social)
Bombeiro militar alerta para perigo destas ocorrências e afirma que a maioria dos atos tem sido, aparentemente, criminosos
CARATINGA- ‘Incêndio deixa rastro de destruição no Bairro Santa Cruz’, ‘Fogo destrói ônibus escolar no Bairro das Graças’, ‘Mais um incêndio atinge APA da Pedra Itaúna’. Todos esses títulos de matérias publicadas nos últimos dias no DIÁRIO DE CARATINGA têm algo em comum: tratam de incêndios registrados na cidade.
Esses são só alguns exemplos, pois nos últimos dias inúmeras ocorrências deste tipo têm sido registradas e desafiam os militares, que trabalham a prevenção na sociedade, mas também precisam estar prontos sempre que receberem o chamado da população. De acordo com dados do Banco de Dados de Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de 1° de janeiro de 2017 até o último sábado (5), 12 focos por satélite foram registrados no município. Apesar de no mesmo período do ano passado terem sido registrados o dobro de focos, o momento é de alerta.
O COMBATE
De acordo com sargento Oliveira, a maioria dos incêndios registrados nos últimos dias em Caratinga tem sido aparentemente criminosos, pessoas que colocam fogo na mata, em capim ou na beira das estradas. Além dos danos ambientais, isso dificulta o trabalho dos bombeiros. “Lembrando que isso é crime. Muitas vezes estamos combatendo fogo em áreas de difícil acesso. Ontem (quinta-feira) mesmo a guarnição aqui atendeu a um incêndio na área central, próximo a Catarina Cimini, onde o fogo veio a atingir o fundo dos apartamentos, a fumaça causou bastante incômodo, sufocamento e o combate às chamas não foi fácil”.
Constantemente, a Pedra Itaúna tem sido alvo de incêndios supostamente provocados. O último registrado no local não teve consequências desastrosas como no ano de 2015, onde pelo menos 155 hectares foram completamente destruídos; espécies e vegetação foram atingidos e os prejuízos foram inúmeros. A rápida ação dos bombeiros militares com o auxílio de brigadistas voluntários contribuiu para que o fogo não atingisse grandes proporções. “Todo ano tem, porque não tem aceiro, não tem um método de preservação, apesar de ter poucas pessoas aqui na cidade que ajudam para contribuir no controle ambiental do local”.
Oliveira ressalta os danos provocados pelos incêndios, tanto para a natureza, quanto para moradores das proximidades e os próprios bombeiros, que enfrentam o desafio de combater as chamas. “O incêndio traz um prejuízo para a fauna e a flora, corre risco de queimar a rede elétrica, atingir casa de pessoas, até para o combatente é uma atividade bastante perigosa, pode envolver morte. A gente teve um caso lá na Europa há pouco tempo agora, que morreram vários bombeiros, na França agora está tendo uma época de queimada bastante grande. Esse combate tem até animais peçonhentos, que o combatente da florestal vai enfrentar”.
CUIDADOS
O bombeiro militar dá algumas orientações à população, sobre os cuidados necessários em ocorrências que envolvam o fogo.
A queimada controlada para renovo de pastagem ou para limpeza de alguma área, requer monitoramento e fiscalização. “Normalmente, essa queimada controlada, a Polícia Ambiental acompanha também, faz uma requisição, tem o pessoal do IEF (Instituto Estadual de Florestas) e do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) também que acompanham e se não tiver o preparo, pessoas para acompanhar o combate, vai fugir do controle. Tem que fazer o aceiro, que é um método preventivo para o fogo não saltar de uma área queimada para uma área não queimada”.
Na última semana foram registrados dois incêndios em residências do Bairro Santa Cruz, no período de 24 horas. No primeiro, no dia 28 de julho, um imóvel da rua Santinho de Souza foi incendiado, mas na ocasião houve danos materiais. Já no dia 29, na Rua Coronel Chiquinho, ao vistoriar o imóvel, os bombeiros encontraram o cadáver de Rogério Pereira carbonizado em cima de um colchão. No banheiro, foi encontrada Geni Gomes, que estava com 90% do corpo queimado. As queimaduras eram de 2º e 3º graus. A mulher foi levada ao hospital Nossa Senhora Auxiliadora, mas morreu em virtude dos graves ferimentos.
Sobre este tipo de ocorrência envolvendo residências, o bombeiro afirma que algumas falhas do cotidiano, podem resultar em incêndio. “Sobrecarga elétrica em casa mesmo, que a pessoa costuma colocar aquele equipamento chamado benjamim, o ‘T’, três a quatro tomadas; vai acabar que a fiação vai superaquecer e entrar em curto. A pessoa sai de casa, deixa algum forno ou fogão; o botijão de gás também mal instalado, a pessoa não coloca a vedação correta, pode chegar em casa, ter um vazamento de gás e na hora que ele vai acender a luz, o interruptor pode causar uma explosão. O princípio de incêndio se você não tiver o conhecimento de combatê-lo, deve rapidamente evacuar do local e acionar o Corpo de Bombeiros.
Já na segunda-feira (31), um ônibus escolar que estava estacionado próximo ao Posto Itaúna, no Bairro das Graças, pegou fogo e ficou completamente destruído. O motorista do veículo disse que acreditava em um possível curto-circuito no motor de arranque, mas, segundo a Prefeitura de Caratinga, as causas seriam apuradas.
Para evitar esse tipo de acidente, a orientação é realizar manutenções periódicas no veículo e, em caso de incêndio, tirar todos os passageiros. “Deve afastar-se rapidamente do veículo e tentar apagar com extintor de incêndio. Mas, para isso a pessoa tem que saber utilizá-lo”, finaliza.