Aparentemente, o Marcos Archer, aos olhos dos humanos foi injustiçado, morto impiedosamente. O senhor João Abreu em seu artigo publicado na edição do DIÁIRO desta terça-feira (20) achou uma aberração sem propósitos.
Sugiro ao mesmo entrar no site Uol Notícias, que hoje (terça-feira (20)) trouxe uma importante matéria a respeito. Uma escritora, se não me engano da Austrália ou de outro país (N.E.: escritora e jornalista australiana Kathryn Bonella), escreveu um livro sob o título “Nevando em Bali”, considerado um dos lugares mais lindos do mundo. Local de famosos, endinheirados, artistas, intelectuais, atores de Hollywood, enfim, gente da “alta” sociedade mundial.
Quando escrevia seu livro, conheceu o Marcos na cadeia, assim como conheceu o Rodrigo Gularte, que deverá ser morto em fevereiro.
Pesquisou muito. No livro, e na reportagem que li, o Marcos traficava há muito tempo em Bali. Era super popular, tinha inúmeros amigos. Dada a sua fama, chegou a criar uma marca própria de maconha (rótulo), mas não me recordo agora o nome dado ao produto (N.E.: O brasileiro registrou um tipo de erva sob o nome de ‘Lemon Juice’). Ou seja, a maconha que vendia tinha até rótulo.
Ainda segundo a narrativa da reportagem, Marcos não era uma “mula” do tráfico. Esse nome é dado aos pobrezinhos que se sujeitam a carregar a droga em troca de uns poucos mil reais. Na sua maioria são presos facilmente.
Marcos era instrutor de voo livre e para manter uma vida de alto padrão, ter amigos ricos, belas mulheres sem “ralar” para se sustentar, vivia do tráfico. Não era com certeza a primeira vez que fazia isso. Com certeza, os 13,5 kg de cocaína lhe dariam um alto ganho. Assim poderia viver num paraíso onde somente Brad Pitt e outros afortunados teriam condições financeiras de ali viver ou passear.
Nesse mesmo livro da referida autora (sugiro ao João Abreu) que o compre, ela conheceu outro brasileiro que também não me recordo o nome, que vivia em Bali numa mansão onde a janela de seu quarto ao ser aberta, tinha um trampolim onde ele pulava direto na suntuosa piscina. Dava festas de arromba, regadas obviamente a êxtase, cocaína e outros. Tinha uma vida de milionário à custa do tráfico internacional de drogas.
Marcos nada mais era do que isso. Um traficante internacional de drogas que sabia perfeitamente que ali naquele paraíso, um país islâmico, a pena capital era o destino de quem fosse pego.
O programa Fantástico, de domingo (18), mostrou a equipe da Globo, que ao se aproximar o avião de Bali, todo passageiro como de praxe em outros países tem que preencher um formulário a bordo da aeronave indicando valores que traz consigo, etc. E neste formulário consta em vermelho bem destacado ao passageiro que “Tráfico de drogas naquele país é sinônimo de pena de morte”.
Portanto o senhor João Abreu a quem respeito, deveria refletir melhor antes de escrever. Só faltou beatificar ou canonizar o traficante. Ele, Marcos, nunca foi um coitadinho. Apenas um bon vivant que sem trabalhar honestamente, gozava de regalias e mordomias dos famosos e endinheirados.
Como disse a escritora, “a demanda em Bali é imensa” devido ao alto poder aquisitivo dos frequentadores do lugar.
Ademais, o ilustre senhor que assina o artigo, empresário de marketing, se esquece da triste realidade do nosso Brasil. Vejamos: O crescente número de assassinatos de jovens em nosso país vem de “acertos do tráfico”. Muitas mães perdem e choram seus filhos que se vão tão jovens, devido a famigerada droga.
A violência, assaltos, roubos, são decorrentes na sua maioria para sustento do vício.
Convém o senhor João Abreu ir até São Paulo e conhecer a cracolândia. Ver de perto a aflição, a dor, a loucura que é aquilo. Uma fábrica de zumbis, mortos-vivos, agonizando pelo maldito crack.
Como brasileiro, confesso que lamentei a morte dele, Marcos. Mas lendo o que li sobre o livro “Nevando em Bali” tenho a certeza de que ele, Marcos, achou aquilo que procurou. Deveríamos chorar, sim, um viciado, doente, maltrapilho, prisioneiro do vício entregue a própria sorte.
O Marcos e o Rodrigo Gularte, que está na fila para ser executado, são senhores de suas ações. Antes de serem pegos, debochavam da lei, ignoraram que aquilo que traficavam com certeza ceifaria vidas humanas.
Com todo respeito, seu artigo, demagógico, desproporcional, conclamando as redes sociais a gritarem em prol de se conseguir livrar a cara do outro brasileiro que está na fila de execução para que possa ser repatriado e pelas leis arcaicas do Brasil, fique preso apenas uns meses e possa estar livre para novas aventuras.
“A morte é o salário do pecado”.
Álvaro Celso Mendes