PC prende suspeitos de estelionato e receptação
INHAPIM – A Polícia Civil desencadeou a Operação Lustig na tarde desta segunda-feira (18). A ação resultou nas prisões de Fabrício Moreira Oliveira, 20 anos, e Wanderson Silva Salgado, 27, ambos suspeitos de estelionato e receptação, além de apreender produtos e dinheiro encontrados nas casas dos investigados.
Na manhã
de ontem, o delegado Afrânio Márcio concedeu entrevista e detalhou a operação feita pela PC. Segundo ele, a Polícia Civil de Inhapim, preocupada com os crimes que acontecem no final de ano, onde falsários aplicam golpes nos comerciantes locais, achou por bem criar a operação para combater este tipo de crime de fraude contra o comércio e a operação Lustig faz referência a um famoso estelionatário da década de 20 que vendeu a torre Eiffel duas vezes, “dada ousadia deste criminosos, decidimos intitular a operação com este título”.
Conforme o delegado, os investigadores já estavam monitorando há mais de um mês um grupo de um famoso aplicativo de comunicação (WhatsApp). “Esse grupo com ramificações em vários estados do Brasil estava aplicando vítimas no estado de São Paulo e também em nossa região. De posse destas informações, os investigadores prenderam na tarde de ontem (segunda-feira, 18) dois dos envolvidos e recuperaram boa parte de bens obtidos por meio fraudulento”, ressaltou Afrânio Márcio.
MODO DE AGIR
As investigações apontaram que parte dessa associação criminosa utilizava dados de clientes de lojas que faziam compra de boa-fé, e em seguida utilizavam o cartão de crédito delas para obter produtos com preço inferior ao do mercado. “Em seguida os produtos eram revendidos para outros integrantes da quadrilha. Um dos envolvidos (Fabrício) trabalhava numa loja e utilizava desse pressuposto para cometer os golpes e fornecer informações para os demais integrantes do bando. Os investigados são vários e responderão também por estelionato, receptação e associação ou organização criminosa dado o tamanho da rede de comunicação entre esses estelionatários e demais criminosos”, explicou o delegado.
Afrânio Márcio comentou que vítimas desse golpe devem procurar a polícia. “A operação continua para reprimir e prevenir fraudes contra o comércio, que acontecem geralmente nos finais de ano, que acabam por vitimar pessoas trabalhadoras e também os comércios”.
A dupla não possuía antecedentes criminais. Pelas investigações da PC, Fabrício, que já trabalhou numa rádio da região, fornecia a informações sigilosas para o restante do bando, já Wanderson, que reside no distrito de Santo Antônio do Alegre, comprava e revendia com preço inferior de mercado.
Durante a operação foram apreendidos dois celulares, 2.350 reais, um TV 43 polegadas e uma furadeira.
Fabrício e Wanderson encontram-se detidos no presídio de Inhapim.
Quem foi Victor Lustig
Nascido em 1890 numa família abastada e respeitada da região da Boêmia, então parte do Império Austro-Húngaro, Victor Lustig falava cinco idiomas fluentemente e tinha um raro traquejo social. Com tais talentos, ele poderia ter uma brilhante carreira, mas optou por ser o rei da farsa. Saído da Áustria-Hungria em 1909, começou por baixo, no submundo de Paris, lidando com prostitutas e cafetões. Daí sua cicatriz no rosto, de uma briga com faca. Mas ele não permaneceria na lama muito tempo. Com seu charme, logo se graduaria a depenar ricaços em jogos de pôquer durante viagens transatlânticas.
Em 1925 ele aplicou seu grande golpe. Cinco empresários franceses receberam uma carta do diretor geral da Assessoria do Ministério dos Correios e Telégrafos solicitando uma reunião em um hotel da cidade, onde seria discutido um contrato com o governo. Ao chegarem, eles foram recebidos por um homem impecavelmente vestido que anunciou a intenção do governo de desmontar e vender a Torre Eiffel, e se dizia autorizado a oferecer a eles a prioridade de compra das 6.350 toneladas de ferro.
Esse “oficial do governo” era o vigarista Lustig, que levou os cinco homens até a torre e enquanto conversava com eles, observava aquele que poderia cair mais facilmente no golpe. E esse era André Poisson, um empresário recém-chegado em Paris. Victor garantiu a André que se ele lhe pagasse um suborno teria prioridade no contrato. André pagou US$ 70 mil dólares a Victor. Poucas horas depois de receber o cheque, Victor já estava em sua casa na Áustria.
Envergonhado, André Poisson não denunciou o golpe, o que fez com que tempos depois Victor “vendesse” novamente a Torre Eiffel a outro empresário.
Em 1926, morando nos Estados Unidos, o vigarista inventou um novo golpe: A Máquina de Fazer Dinheiro. E mais pessoas foram enganadas por ele.
Durante sua vida, Lustig chegou a fazer negócios até com Al Capone.
Durante anos Victor conseguiu escapar do Serviço Secreto americano utilizando dezenas de nomes falsos. E após uma caçada que durou sete meses, em 1934, o FBI conseguiu prender o falsificador em Nova York. Com ele a polícia federal americana encontrou US$ 51 mil dólares em notas falsas. Em dezembro de 1935, o vigarista foi condenado a 20 anos de prisão na famosa cadeia de Alcatraz, onde veio a falecer em 1947, aos 57 anos, de pneumonia.
Uma frase dita por Lustig resumia o seu caráter: “Não consigo entender homens honestos. Eles levam uma vida desesperada e cheia de tédio”.
Fonte: Superinteressante (Editora Abril)