Polícia Civil afirma que vereador Ronilson é foragido da justiça pelos crimes de organização criminosa e extorsão
CARATINGA – Como foi adiantado no dia de ontem pelo DIÁRIO DE CARATINGA em suas mídias sociais, foi expedido na última sexta-feira (2), pelo juiz de plantão Anderson Fábio Nogueira Alves, a prisão preventiva do vereador Ronilson Marcílio Alves (PTB). Ronilson é acusado pelos crimes de organização criminosa e extorsão, junto de Bruno dos Anjos Freitas, Alessandro Augusto Teixeira Pinheiro e Giorge Carvalho Lima, que já estão presos. Atualmente Ronilson é considerado foragido da justiça.
Ronilson, Bruno, Alessandro e Giorge são acusados de extorquir o padre José Antônio Nogueira. Eles exigiam certa quantia em dinheiro para não divulgarem um vídeo.
Na manhã de ontem, em entrevista coletiva, a delegada regional Luzinete Maria de Sá e o delegado responsável pelo caso, Luiz Eduardo Gomes Moura, falaram sobre essa situação. A reportagem frisa aos leitores do DIÁRIO que em nenhum momento a Polícia Civil disse o nome da vítima e o conteúdo desse vídeo.
A delegada regional explicou que a vítima procurou a polícia e as investigações começaram no dia 11 do mês passado com a apuração de uma associação criminosa que estava se organizando para a prática do crime de extorsão, dando prosseguimento, no dia 29 de novembro, através de mandados de busca e apreensão, com prisão em flagrante deflagrou a operação “Bolso Cheio”, com a prisão de três pessoas e posteriormente a decretação da prisão de outra.
As investigações ficaram a cargo do delegado Luiz Eduardo Moura Gomes, que explicou que ainda não havia falado do caso, pois o inquérito não estava concluído, e assim as investigações não fossem prejudicadas.
COMO TUDO ACONTECEU
Segundo o delegado Luiz Eduardo, no dia 11 de novembro a polícia iniciou o caso e a própria vítima informou que as pessoas que a procuravam eram o vereador Ronilson e seu chefe de campanha Giorge e que estariam exigindo R$ 200 mil para não divulgarem imagens e documentos que poderiam comprometer sua honra. As duas pessoas que exigiam a quantia (Ronilson e Giorge) sempre diziam
que estariam em nome de uma terceira pessoa e que estavam apenas ajudando a vítima. Logo no início das investigações ficou apurado que tanto Giorge, quanto Ronilson estavam ali porque receberiam parte da extorsão. A terceira pessoa dividiria o dinheiro conseguido da vítima. “Tentaram fazer prisão em flagrante na semana seguinte em que o fato foi informado, só que a PC deparou com uma organização criminosa tão bem articulada, que no momento que começamos tentar efetuar a prisão, perceberam movimentação da polícia e não foram à casa da vítima”, explicou o delegado.
Mesmo assim a organização não deixou de cometer o crime de extorsão, e no dia 29 de novembro Giorge foi preso dentro da casa da vítima exigindo o dinheiro. “Nas proximidades estava Bruno, um dos mentores do crime, que levou Giorge até a casa da vítima e ficou aguardando o recebimento do dinheiro”.
Segundo o delegado, Bruno era responsável por ficar em outro bairro da cidade com binóculo de longo alcance e uma máquina filmadora para ver a movimentação na casa da vítima. “Como a polícia já esperava que teria alguém nas proximidades, acabou conseguindo prender Bruno”.
O delegado fez questão de esclarecer que não foi pago nenhuma quantia em dinheiro em momento algum. “O tempo todo a polícia acompanhou o caso e não deixou que a vítima pagasse nem um centavo. Teve comentário que a vítima teria pago R$ 50 mil, mas isso não existiu”, observou o delegado.
Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, nas duas residências de Ronilson, na casa de Bruno e na de Giorge. Durante os cumprimentos foram encontrados documentos que comprovavam a prática do crime e ficou apurado que havia participação de uma quarta pessoa, que era o Alessandro, que ficou responsável por fazer ligações para a vítima. “Ele ligava de um número confidencial, as conversas era agressivas. Ele ameaçava a vítima a todo momento. Na hora da prisão, ele estava em outra cidade (Piedade de Caratinga) com cópia de tudo que tinham da vítima, como forma de precaver uma possível apreensão, pois assim poderia continuar o crime, caso os outros fossem presos, mas acabou também sendo preso em flagrante”.
Os quatro foram conduzidos à delegacia, onde as prisões de Bruno, Giorge e Alessandro foram ratificadas. Luiz Eduardo explicou que a PC só pode prender alguém em flagrante delito ou por uma ordem escrita e fundamentada de uma autoridade judicial. Não tinha a ordem, e em flagrante estavam os três, menos Ronilson, por isso não ficou preso naquele momento. “Ronilson teve participação de suma importância nesse crime, era o elo entre a organização criminosa e a vítima. Ele que sempre ia na casa da vítima junto de Giorge para exigir o dinheiro. No dia das prisões, só não foi porque teve um problema no pé e ficou acamado, só que isso não o livrou do crime que já havia praticado. O crime de extorsão se consuma com exigência e ameaça e isso ele fez por diversas vezes, era um membro da organização que tinha a função primordial. Tudo só aconteceu porque ele usava de sua influência para isso”, afirmou o delegado. Na mesma decisão que não ratificou a prisão de Ronilson, o delegado pediu ao judiciário a preventiva, entendendo que realmente ele praticou os crimes de extorsão e organização criminosa.
“Na sexta-feira (2) o juiz plantonista da comarca de Caratinga, Anderson Fábio Nogueira Alves, deferiu o mandado de prisão preventiva que tentamos cumprir, mas não encontramos Ronilson na cidade. Hoje ele é um foragido da justiça”, disse o delegado. O carro de Ronilson foi encontrado na porta de sua casa, mas ele teria usado outro para fugir.
Conforme as investigações, entre 11 e 29 de novembro, a organização ligava o tempo todo para a vítima, começaram exigindo R$ 200 mil, chegaram em R$ 90 mil e no dia da prisão estavam em R$ 85 mil. O inquérito policial já foi concluído e entregue ao judiciário.
OUTROS CRIMES
No curso das investigações, segundo o delegado Luiz Eduardo, outros crimes foram apontados, praticados pelos membros da organização criminosa, os inquéritos serão instaurados e assim que concluídos a imprensa terá acesso. “Inclusive existiriam outras vítimas do mesmo crime de extorsão”.
A CÂMARA MUNICIPAL
A reportagem procurou o advogado da Câmara, Márcio Xavier Coelho, sobre que medidas serão adotadas quanto ao vereador. Segundo advogado, a Câmara representada pela presidência se mantém do lado da legalidade e diante do fato divulgado pela imprensa não se furtaria em receber os pedidos de eventuais denúncias contra o vereador. As denúncias podem ser feitas por um vereador, partido ou qualquer cidadão, mas não pelo presidente que deve ser imparcial. Caso acontecesse a denúncia, não daria prazo para uma cassação deste mandato, já que a Casa entra em recesso no próximo dia 15.
Caso Ronilson não seja diplomado, o que acontece no próximo dia 13, mesmo tendo alguns dias depois para isso, não poderá tomar posse. Se não conseguir tomar posse no dia primeiro, tem até dez dias depois. Se o vereador for cassado, entra em seus lugar o Ronaldo da Milla, que é da mesma coligação de Ronilson, “Juntos somos mais fortes”.
POSSÍVEL APRESENTAÇÃO DE RONILSON
Ontem foi cogitado que Ronilson se apresentaria à Polícia Civil, fato que não aconteceu até o final dessa edição. No entanto, seu advogado Dário Júnior, entende que sua prisão não seja necessária, já que ele esteve na delegacia prestando esclarecimentos. Mesmo assim o advogado já entrará com pedido de habeas corpus.